CVC volta a fretar aviões e já se prepara para as viagens de fim do ano
Os voos fazem parte de pacotes exclusivos que a rede prevê oferecer, estratégia para atrair o consumidor e diferenciá-la dos concorrentes
Karin Salomão
Publicado em 5 de setembro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 7 de setembro de 2020 às 10h19.
A CVC irá fretar aviões para alguns roteiros de viagem de final de ano. A rede de agências já fechou 25 aviões que devem sair de 10 hubs pelo Brasil com destino a cidades como Jericoacoara, Maceió, Natal e outros pontos turísticos importantes para o verão.
Os voos acontecerão dos dias 20 de dezembro a 31 de janeiro e fazem parte de pacotes exclusivos que a rede prevê oferecer para os clientes - estratégia para atrair o consumidor e diferenciá-la dos concorrentes. O frete de aviões já foi um diferencial histórico para a companhia, que nasceu em 1972. Com esse modelo, a CVC compra todos os assentos de um avião e fica responsável pela sua comercialização. "É um contrato de muita parceria com as companhias aéreas", diz Leonel Andrade, presidente da CVC, em entrevista a EXAME.
A rede de agências de viagens não é a única a apostar no turismo regional como forma de recuperar parte das receitas. A Azul também foca nas viagens domésticas e lançou sua nova subsidiária para o mercado regional, a Azul Conecta, para ter ainda mais presença nesse setor.
Hoje a CVC atua com cerca de 30% do volume de compras que era realizado há um ano e com 45% dos passageiros. Isso porque as viagens nacionais costumam ter um tíquete médio menor. De acordo com o executivo, os turistas estão gastando 40% a menos em viagens em comparação há um ano atrás. Muitas vezes se deslocam ao destino de carro, no lugar de tomar um avião, e passam apenas três dias no destino, ao contrário de uma semana ou 10 dias.
Parte importante dessas receitas não deve voltar tão rapidamente. O turismo internacional deve continuar parado por alguns meses, tanto pelo receio de contaminação quanto pelo fechamento de fronteiras para conter o avanço da contaminação. O dólar valorizado também deve continuar inibindo viagens por um tempo. "O ano novo na Disney não vai acontecer", diz Andrade.
O segmento de viagens corporativas também deve se manter reduzido. Segundo o executivo, um dos grandes motores desse setor são as feiras e eventos corporativos, que envolvem uma grande aglomeração de pessoas. Esses eventos não devem voltar a acontecer no curto prazo, mesmo com o desenvolvimento e a distribuição de vacinas, já que os eventos levam meses ou até um ano para serem programados.
Por isso, a rede aposta no turismo nacional para voltar a vender. A CVC espera fechar o ano com 70% do volume de vendas atingido no ano passado.
A pandemia não é o único desafio para a rede de agências de viagens. A CVC concluiu há um mês uma investigação contábil em seus balanços, com indícios de fraude e distorções de 362 milhões de reais. Leonel Andrade chegou à presidência da CVC em abril, o pior mês da pandemia, depois de ter saído da liderança da Smiles no ano passado. Desde então, trouxe 33 novos executivos para a empresa, entre gerentes e diretores, e fez um aumento de capital de cerca de 700 milhões de reais. “Tive a sorte de entrar na empresa no auge da pandemia. Sorte porque só podia melhorar, seria difícil piorar”, diz Andrade.