Crise para quem? Louis Vuitton e Dior têm vendas acima do esperado
Grupo francês LVMH viu faturamento e lucro crescerem na casa dos 15%, enquanto Bernard Arnault, dono da empresa, tornou-se mais rico que Warren Buffett
Carolina Riveira
Publicado em 28 de julho de 2019 às 16h40.
São Paulo - A economia na Europa ainda se recupera lentamente e há preocupação sobre o crescimento na China, mas o mercado de luxo segue mais aquecido do que nunca. A fabricante de produtos de luxo LVMH , dona de marcas como Louis Vuitton e Christian Dior , teve vendas acima do esperado na primeira metade de 2019, segundo resultados divulgados nesta semana.
As vendas gerais do grupo francês subiram 12%, e o faturamento foi de 25,1 bilhões de euros, 15% maior que no primeiro semestre de 2018. O lucro foi de 5,3 milhões de euros, alta de 14%.
A maior alta nas vendas veio dos produtos de moda e couro, que tiveram crescimento de 18% no faturamento, com10,4 bilhões de euros,e 17% no lucro no primeiro semestre, com3,2 bilhões de euros. Na Louis Vuitton, por exemplo, a LVMH afirma que a lucratividade "continua em níveis excepcionais". Outros braços da LVMH, como bebidas e perfumes, também cresceram.
"A LVMH fez um excelente começo para o ano. Estes resultados mais uma vez ilustram a efetividade de nossa estratégia e a excepcional desejabilidade de nossas marcas, cujos produtos transcendem o tempo", disse o presidente-executivo (CEO) e do conselho da LVMH, Bernard Arnault .
A LVMH é dona de 75 marcas de luxo, presentes em quase 5.000 lojas mundo afora. Além dos produtos de moda, outra categoria que mais aumentou o lucro foi o varejo de lojas de luxo, com a rede de lojas de maquiagens Sephora ganhando participação em todos os mais de 30 mercados em que atua, incluindo o Brasil, segundo a LVMH. O lucro da categoria cresceu 17% em 2019, chegando a 714 milhões de euros, e o faturamento foi de 7 bilhões de euros, alta de 8%.
Crescimento na China
A China se consolidou neste ano como segundo maior país em vendas dos produtos da LVMH. Segunda maior economia do mundo, a China vem puxando o crescimento de produtos de luxo nos últimos anos e já tem um terço desse mercado, segundo a consultoria Bain&Co. As vendas de produtos de luxo na China cresceram 20% no ano passado.
O mercado de produtos de luxo vale 1,2 trilhão de euros no mundo, segundo a Bain&Co. Os produtos de luxo pessoais, categoria dos produtos da LVMH, bateu recorde em 2017, segundo os últimos dados disponíveis, atingindo 260 bilhões de euros.
O maior mercado dos produtos de moda da empresa fica justamente na Ásia, que responde por 40% das vendas. Em seguida vêm Europa, com 26% (9% na França, sua terra natal, que apresentou recuperação nas vendas neste ano), e Estados Unidos, com 23%. A empresa não especifica quanto das vendas vieram de outros mercados específicos, como o Brasil.
Terceiro mais rico do mundo
A boa fase do grupo LVMH em 2019 fez Bernard Arnault chegar a tornar-se o segundo homem mais rico do mundo e ultrapassar Bill Gates, fundador da empresa de tecnologia Microsoft, no último dia 19 de julho. Atualmente, Arnault é o terceiro homem mais rico do planeta, à frente do mega investidor Warren Buffett, dono do fundo Berkshire Hathaway.
Com 47,17% das ações do LVMH (e mais de 60% dos direitos de voto), o patrimônio de Arnault é de atualmente105 bilhões de dólares, ante quase 83 bilhões de dólares de Warren Buffett.
Entre as dez pessoas mais ricas do mundo, o francês foi o que mais ganhou dinheiro nos últimos 12 meses -- à frente do presidente e fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, que adicionou 25 bilhões de dólares a seu patrimônio. Sua fortuna teve adição de 36 bilhões de dólares desde julho do ano passado, segundo índice da agência Bloomberg.
Arnault também é o único entre os dez mais ricos a ter feito sua fortuna no mercado de bens de consumo. Com exceção dele e do dono da varejista Zara (enquadrada na categoria de varejo), o espanhol Amancio Ortega, dominam os empresários de indústria e tecnologia.
Arnault assumiu o LVMH na década de 1980 quando o grupo ainda se chamavaBoussac e estava à beira da falência, tendo sido comprado pelo governo francês. No processo de reestruturar o grupo, Arnault demitiu milhares de trabalhadores, reformulou a Dior, até então principal marca, para que fosse responsável por toda a produção (antes, as licenças eram concedidas a parceiros).
Formado em engenharia e de uma família rica da França, o empresário não tinha experiência com moda até então -- mas aprendeu rápido.