George Wachsmann (Jojo) e Patrick O'Grady, sócio-fundadores da Vitreo: em apenas um ano e dois meses de existência, a casa tem 3,3 bilhões de reais sob gestão e 50 mil clientes (Rafael Yago, Vitreo/Divulgação)
Natália Flach
Publicado em 19 de dezembro de 2019 às 18h45.
São Paulo - Após obter autorização do Banco Central para atuar como plataforma de investimentos nesta semana, a gestora Vitreo agora está em busca de um investidor estratégico para impulsionar seu crescimento. Um dos possíveis candidatos é a casa de análise Empiricus, com quem a Vitreo já tem uma parceria.
"Foi um ganha-ganha até o momento: os nossos produtos deram vida — e uma dupla validação — às recomendações dos analistas e nós ganhamos parte dos assinantes deles. O que o futuro nos reserva? Bom, por enquanto só temos um contrato de publicidade, mas, se pudermos ampliar a parceria, melhor", responde Patrick O'Grady, sócio-fundador e presidente da Vitreo, sobre uma possível compra de participação por parte da Empiricus.
É inegável que até o momento a relação foi benéfica para as duas companhias. A Empiricus tinha 150 mil assinantes até o lançamento do primeiro fundo da Vitreo, em 2018. Hoje, já são 360 mil. Já a Vitreo alcançou, em apenas um ano e dois meses de existência, 3,3 bilhões de reais sob gestão e 50 mil clientes. "A nossa expectativa é alcançar 15 bilhões de reais sob gestão em 2020", afirma O'Grady.
Quintuplicar de tamanho não é uma tarefa fácil, daí a necessidade de capital de terceiros para investir tanto em tecnologia quanto no quadro de funcionários, que hoje conta com 40 pessoas. "Mas não queremos apenas dinheiro, porque isso é commodity. Queremos um sócio que nos ajude em aspectos qualitativos, como no recrutamento e treinamento de profissionais, por exemplo."
A ajuda será bem-vinda também na hora de formular novas soluções de investimento. Repare que a expressão usada não foi ofertar novos produtos. "Não queremos ser um supermercado com prateleiras infinitas. Somos um chefe de cozinha que foi contratado para montar o melhor cardápio para cada cliente", explica George Wachsmann, sócio-fundador da Vitreo, mais conhecido como Jojo. "A ideia é oferecer o serviço de uma gestora de patrimônio (que faz planejamento financeiro completo) para o investidor de varejo."
Outra diferença em relação às demais corretoras está nas taxas cobradas em cada solução. A ideia é que todas tenham a mesma remuneração para a corretora, o que mitigaria o interesse da casa em recomendar A, B ou C para o cliente. "A XP não resolveu o conflito de interesses em definitivo: o agente autônomo vive esse conflito de recomendar — mesmo não podendo — produtos que vão originar mais retorno para ele", diz O'Grady, que já foi sócio da XP. "A nossa plataforma tem objetivo rentabilizar os acionistas, mas o trabalho não pode ser conflitado. Nós não negociamos transparência."