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Controle da Brasiliana deve continuar com a AES

Brasiliana possui ativos atraentes, como a Eletropaulo, mas grupo que deseje comprar a fatia da BNDESPar na Brasiliana terá de desembolsar soma cerca de 6 bilhões de reais

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

A decisão da BNDESPar, empresa de participações do BNDES, de vender as ações que detém da Brasiliana não deverá alterar o controle da companhia, hoje nas mãos do grupo americano AES. A Brasiliana possui ativos atraentes, como a Eletropaulo e a AES Tietê, e despertou o interesse de companhias do setor. Mas o preço que o potencial comprador terá de desembolsar para desalojar, de uma só vez, a BNDESPar e a AES da Brasiliana é bastante elevado - cerca de 6 bilhões de reais, segundo estimativas preliminares do mercado. Por essa quantia, é difícil que apenas uma empresa dispute com a AES o bloco ofertado pela BNDESPar. Mesmo um consórcio de empresas terá de fazer várias contas para entrar no jogo.

"A princípio, a AES tende a ficar com a fatia da BNDESPar. A alavancagem necessária para um outro grupo cobrir a operação é muito pesada", diz Carlos Nunes, analista de investimentos da corretora Coinvalores.

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O ponto principal é o chamado "drag along", dispositivo que consta do acordo de acionistas que criou a Brasiliana - uma parceria da qual a AES detém 50% e a BNDESPar, 49%. Por essa cláusula, se a empresa de participações do BNDES decidir vender seus papéis, a AES tem a preferência de comprá-los. Caso o grupo americano decida não exercer seu direito, então a BNDESPar pode evocar o "drag along" e obrigar a AES a vender também seu bloco de ações a uma terceira companhia. Além disso, o comprador deverá estender a oferta aos minoritários da Brasiliana - recurso conhecido como "tag along".

Somente a participação da BNDESPar na Brasiliana é avaliada preliminarmente em, no mínimo, 2,5 bilhões de reais. A conta considera apenas a fatia que a Brasiliana possui em seus dois principais ativos: a Eletropaulo, maior distribuidora de energia da América Latina, e a AES Tietê, geradora que possui dez usinas hidrelétricas no Estado de São Paulo, com capacidade total de 2.650 megawatts. O cálculo baseia-se na cotação de fechamento dos papéis das duas empresa nesta segunda-feira (28/5). Este seria um parâmetro para a quantia que a AES deveria desembolsar, caso quisesse exercer seu direito de preferência. Mas a conta pode crescer, pois não foram incluídos ativos como a térmica AES Uruguaiana ou a comercializadora de energia Infoenergy.

Tudo ou nada

Para que um terceiro grupo entre no negócio, terá de oferecer uma quantia maior pelos papéis da BNDESPar. Caso a AES não cubra a oferta, então passará de potencial comprador para vendedor de seu bloco de ações, por causa do "drag along". Assim, um grupo interessado em entrar na Brasiliana teria de fazer um jogo de "tudo ou nada" - ao disputar a fatia do BNDES, teria também de comprar a parcela da AES e ainda ofertar as mesmas condições para os minoritários da Brasiliana. Tudo somado, o interessado deveria ter cerca de 6 bilhões de reais para ser bem-sucedido. Além disso, se oferecer um prêmio muito alto pelos papéis, correrá o risco de não ter o retorno esperado sobre o investimento.

Até o momento, os analistas não arriscam nenhuma companhia brasileira que pudesse entrar no jogo, apesar de o presidente da Cemig, Djalma Bastos de Morais, ter declarado à imprensa, em meados de maio, de que há interesse pelos papéis da BNDESPar.

"Acreditamos que a AES vai exercer a recompra dos papéis da BNDESPar. Para a AES, é interessante permanecer com esses ativos da Brasiliana", afirma Nunes. A Brasiliana foi criada em dezembro de 2003, como parte da reestruturação de uma dívida de 1,2 bilhão de dólares que a AES possuía junto ao BNDES.

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