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Consulta médica na WeWork? Rede de escritórios compartilhados aposta no setor para crescer no Brasil

Apesar do pedido de recuperação judicial nos EUA, a operação segue projetando novos investimentos na América Latina por meio da joint venture com o SoftBank – um deles é a parceria com a Clina.Care

Bruna Neves, da WeWork: Sabemos que a flexibilidade é o benefício da vez e o Wework veio tangibilizar esse benefício (Renato Pizzutto/Exame)

Bruna Neves, da WeWork: Sabemos que a flexibilidade é o benefício da vez e o Wework veio tangibilizar esse benefício (Renato Pizzutto/Exame)

Publicado em 7 de dezembro de 2023 às 07h00.

A operação brasileira da WeWork, rede global de escritórios compartilhados, aposta no aluguel de espaços para profissionais de saúde como médicos, psicólogos, nutricionistas e esteticistas.

A partir desta quinta, a companhia colocará em prática uma parceria com a Clina.Care, uma healthtech dedicada ao aluguel de infraestrutura para negócios de saúde.

Como funcionará o acesso ao espaço de saúde?

Por meio da plataforma da WeWork será possível reservar uma hora de trabalho num consultório médico ou em outros espaços de cuidado com a saúde.

Fundada em São Paulo, em 2020, para ser um marketplace de consultórios médicos no modelo pay-per-use, a Clina.Care tem uma infraestrutura própria de espaços de coworking para atender profissionais do setor.

Além disso, aluga espaços ociosos em consultórios médicos de terceiros. Um exemplo são as janelas entre o horário marcado de dois ou mais pacientes.

Em três anos, a healthtech chegou a 12 estados. Hoje em dia, os 700 espaços cadastrados na plataforma comportam 12.000 horas de reservas por mês. Na ferramenta da Clina.Care, é possível alugar uma sala a partir de 30 reais por hora. O tíquete médio é de 80 reais.

"Nosso objetivo é contribuir ainda mais para a capilaridade da saúde, rentabilizando ativos ociosos. Estamos fomentando a economia da saúde", diz João Lopes Alves, sócio-fundador da Clina.Care.

"Começamos focados no negócio direto com o consumidor e, neste semestre, expandimos para atender o B2B."

A flexibilidade é o benefício da vez

A guinada para o setor de saúde é a sequência de um investimento da franquia brasileira da WeWork em contratos de aluguel de curtíssima duração, numa tentativa de ganhar clientes e girar com mais rapidez os ativos sob sua gestão.

O olhar para o setor que vai além do corporativo vem num momento de interesse afiado de investidores por empresas dispostas a melhorar a eficiência dos consultórios médicos.

Em novembro, a startup paulistana Livance, também uma plataforma dedicada ao aluguel de espaço por curta duração a profissionais de saúde, recebeu um aporte de 65 milhões de reais numa rodada liderada pelo fundo Monashees.

Nesta mesma linha, a WeWork, que está presente no Brasil desde 2017, criou no ano passado a marca Station by WeWork, na qual o cliente pode alugar um espaço por apenas um dia ou um par de horas.

"Essa inovação nasceu aqui no Brasil e comprova a nossa independência (em relação à operação da empresa em outros países), diz Bruna Neves, diretora geral da WeWork no Brasil.

Em um ano de operação, a Station by WeWork chegou a 20.000 usuários ativos mensais. O ritmo de crescimento mensal beira os 40%.

Como é operado por parceiros, o serviço da Station também ampliou a capilaridade da WeWork, que conta com os clientes tradicionais que alugam espaços corporativos de forma fixa. Hoje a empresa tem 32 unidades próprias em oito cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

A crise da WeWork americana pode afetar a WeWork Latam?

Em 2021, quatro anos após a chegada da empresa de escritórios compartilhados ao Brasil, a operação da WeWork em países da América Latina desligou-se da matriz nos Estados Unidos.

No Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e México, a rede é operada num formato de joint-venture de sócios locais com o fundo global Softbank, dono de 70% da companhia na América Latina.

Apesar de levar o mesmo nome, Neves afirma que os negócios da empresa na América Latina não foram impactados pela crise da matriz, que em novembro, pediu recuperação judicial nos Estados Unidos em função de uma dívida superior a 18 bilhões de dólares.

“Não somos um pedaço da WeWork global, somos uma franquia que compartilha a marca, mas sobretudo somos uma operação independente,” afirma Neves.

Foi uma reversão de expectativas para uma empresa de tecnologia queridinha do Vale do Silício por muitos anos. Pouco antes dos problemas operacionais, em 2019 a companhia chegou a ser avaliada em 47 bilhões de dólares.

O ritmo impressionante de queima de caixa descoberto à época forçou um adiamento do IPO previsto pela companhia para 2019.

A pandemia atrapalhou ainda mais os planos. O IPO veio em 2021 a um valor bem menor: 8 bilhões de dólares.

As expectativas da companhia no Brasil

A pandemia também foi sentida pela operação brasileira, que não abriu valores sobre o faturamento.

De acordo com a companhia, a operação brasileira da WeWork cresceu 26% em receitas no segundo trimestre de 2023 na comparação com o mesmo período do ano passado.

A expectativa é de fechar 2023 com crescimento de receita total de 24% para clientes tradicionais. Em produtos flexíveis, como os da linha Station, a expectativa de crescimento de receita é de 91% para este ano.

Para 2024, Neves afirma que a aposta é crescer ainda mais no modelo de aluguel de estruturas físicas operadas por parceiros como a Clini.Care.

"O nosso objetivo para 2024 é ter um cliente que, além de alugar o escritório de segunda a sexta, possa usar espaços em outros estados, aumentando a capilaridade da empresa, assim como o faturamento no próximo ano.”

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