Joaquim Silva e Luna: nomeado por Bolsonaro, general precisa primeiro ser nomeado no Conselho (Agência Brasil/Agência Brasil)
Victor Sena
Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 19h16.
Última atualização em 23 de fevereiro de 2021 às 20h27.
Por maioria, o Conselho de Administração da Petrobras decidiu aceitar durante a reunião desta terça-feira o pedido do governo federal para convocar uma assembleia de acionistas que poderá decidir pela retirada do atual presidente Roberto Castello Branco do conselho, e consequentemente, do cargo de presidente da companhia.
Essa é a primeira etapa para a nomeação do general Joaquim Silva e Luna para o cargo, presidente da usina Itaipu.Ele deve deve ser indicado para ocupar o lugar de Castello Branco entre os sete conselheiros que a União tem direito
Em nota, o Conselho de Administração informou que “continuará a zelar com rigor pelos padrões de governança da Petrobras, inclusive no que diz respeito às políticas de preços de produtos da companhia."
A mensagem também afirma que "os membros da Diretoria Executiva têm mandato vigente até o dia 20 de março de 2021 e contam com o apoio do Conselho.”
O mandato de Roberto Castello Branco e da diretoria-executiva da companhia vence em março e os conselheiros (que são representantes da União e outros acionistas) já se haviam programado para decidir sobre a recondução ou não da liderança. No entanto, divergências entre o atual presidente da empresa e o presidente da República Jair Bolsonaro sobre a condução da política de preços da Petrobras levaram Bolsonaro a demitir o CEO da companhia.
A decisão tem repercutido mal no mercado financeiro e entre analistas desde a última sexta-feira.
Para ser presidente da Petrobras, o nomeado deve fazer parte do grupo de 11 conselheiros. Desses 11, o governo tem direito a nomear sete.
No ofício do Ministério de Minas e Energia, o governo pediu a retirada do Roberto Castello Branco do grupo, a inclusão de Joaquim Silva e Luna e convocou, como todo acionista detentor de mais de 5% das ações tem direito, uma assembleia para a eleição do novo presidente. São os 11 que votam quem será o novo presidente nesta futura assembleia, mas como é majoritária, a União não tem como perder.
Com a decisão da noite desta terça-feira, o caminho para a nomeação de Joaquim Silva e Luna fica mais fácil. Quando a assembleia em si estiver marcada, os sete conselheiros indicados pela União precisam votar conforme ordenado pelo governo. Caso contrário, o governo pode trocar todos os sete nomes e forçar ainda mais influência na empresa, com nomes mais alinhados.
O estresse no ambiente político, econômico e empresarial foi tamanho que chegou a ser cogitada a possibilidade de o conselho tentar impedir a nomeação de Joaquim Silva e Luna.