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Conselho da Nissan aprova demissão de Carlos Ghosn

Demissão ocorre após o escândalo gerado pela prisão do executivo após acusações de fraude financeira

Nissan aprovou nesta quinta-feira a demissão de Carlos Ghosn da presidência do colegiado da montadora japonesa, diz emissora (Kazuhiro Nogi/AFP)
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Reuters

Publicado em 22 de novembro de 2018 às 10h13.

Última atualização em 22 de novembro de 2018 às 12h43.

Japão/Paris - O conselho da Nissan Motor votou de forma unânime a favor da demissão de seu presidente, o brasileiro Carlos Ghosn, nesta quinta-feira, após a surpreendente prisão do peso pesado da indústria automobilística, projetando um período de incertezas na aliança de 19 anos com a Renault.

A empresa japonesa disse que seu conselho também votou pela remoção de Greg Kelly - que assim como Ghosn também foi preso após acusações de improbidade financeira - de seu cargo de diretor representativo.

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As medidas, que deixam o posto da presidência vago, acontecem apesar de a Renault ter pedido que o conselho da Nissan adiasse a destituição de Ghosn, segundo afirmaram fontes próximas ao assunto à Reuters.

A aliança franco-japonesa, ampliada em 2016 para incluir a também japonesa Mitsubishi Motors, foi totalmente estremecida com a prisão do brasileiro de 64 anos no Japão na última segunda-feira.

Ghosn era responsável pela elaboração da aliança e buscava laços ainda mais próximos, incluindo uma fusão completa entre Renault e Nissan a pedido do governo francês, apesar de fortes ressalvas da companhia japonesa.

Promotores japoneses disseram que Ghosn e Kelly conspiraram para minimizar a remuneração de Ghosn na Nissan por cinco anos a partir de 2010, dizendo que o valor girava em torno de 10 bilhões de yen (88 milhões de dólares).

Shin Kukimoto, vice-promotor público da Procuradoria Pública do Distrito de Tóquio, disse na quinta-feira que a autorização da corte para a prisão de Ghosn foi recebida um dia antes da detenção por dez dias do brasileiro, mas que não podia comentar se ele havia admitido as acusações.

Executivos da Nissan compõem cinco das nove vagas do conselho, dois assentos pertencem a membros fiéis aos interesses da Renault e outros dois são de diretores não afiliados, um ex-burocrata e um piloto de corridas.

Com Ghosn e Kelly ainda detidos, nenhum dos dois pôde votar ou se defender na reunião do conselho.

A Renault se absteve de demitir Ghosn como seu presidente e CEO.

Mas a Mitsubishi Motors planeja remover Ghosn de seu cargo como presidente em uma reunião do conselho na semana que vem.

Em meio às incertezas crescentes sobre o futuro da aliança, o ministro da Indústria do Japão e o ministro das Finanças francês devem se encontrar em Paris na quinta-feira para buscar maneiras de estabilizá-la.

"Para mim, o futuro da aliança é o grande negócio", disse um executivo da Nissan a jornalistas na quarta-feira, quando perguntado sobre a prisão de Ghosn. "É óbvio que nesta era, precisamos fazer as coisas em conjunto. Uma separação seria impossível".

A Nissan disse na segunda-feira que uma investigação interna iniciada após uma pista de um informante havia revelado que Ghosn havia cometido irregularidades, incluindo uso de verbas da empresa para uso pessoal e subinformando seus rendimentos por anos.

Representantes de Ghosn e Kelly não comentaram as acusações.

Procuradores dizem que Ghosn está detido no centro de detenção de Tóquio, que é conhecido por seu regime austero, algo que contrasta muito com seu estilo luxuoso de vida anterior à prisão. As restrições incluem proibição para dormir durante o dia e o uso de uma máscara ao se encontrar com visitantes para prevenir a disseminação de doenças.

A casa de detenção "é bem fria nessa época do ano", disse o empreendedor de Internet e condenado por fraude Takufumi Horie aos seus seguidores no Twitter.

O jornal Asahi Shimbun disse nesta quinta-feira, citando fontes anônimas, que Ghosn havia dado ordens a Kelly por email para que ele fizesse declarações falsas sobre sua remuneração. Promotores de Tóquio provavelmente apreenderam os emails relacionados e podem utilizá-los como evidências, dizia a reportagem.

O Yomiuri, o diário de maior circulação do Japão, citou fontes anônimas que diziam que a investigação interna da Nissan descobriu que desde 2002 Ghosn havia instruído que 100 dólares por ano fossem pagos à sua irmã mais velha como remuneração para um cargo não existente de consultoria.

O jornal e a Nissan descobriram com a investigação que a irmã de Ghosn de fato administrava e vivia em um apartamento no Rio de Janeiro que a empresa havia comprado através de um subsidiário internacional, mas que ela não havia prestado serviços de consultoria para a montadora. A Nissan compartilhou as informações com os promotores, segundo o Yomiuri.

As ações da Nissan fecharam em alta de 0,8 por cento, alinhadas com o viés do mercado antes da reunião do conselho.

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