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Compra e contratação ficam mais lentas na Petrobras

Por conta das investigações da Operação Lava Jato, as compras de produtos e contratações de serviços estão mais lentas que o normal, segundo fonte

Petrobras: "até mesmo contrato de compra de canetas está mais lento", diz fonte (Sergio Moraes/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2014 às 22h14.

Rio - A Operação Lava Jato , da Polícia Federal, atinge o dia-a-dia da Petrobras e, de tabela, o de empresas parceiras na área de exploração e produção.

Por conta das investigações de um suposto esquema de corrupção na petroleira pela Polícia Federal, os processos de compra de produtos e de contratação de serviços estão mais lentos do que o normal.

Técnico de uma grande petroleira que não quis se identificar afirmou que "até mesmo contrato de compra de canetas está mais lento" e que o andamento de projetos conjuntos podem ser afetados.

Outro executivo de uma petroleira estrangeira demonstrou preocupação, especialmente, com o desdobramento da Lava Jato no cumprimento das regras de conteúdo local, que prevê que a maior parte das aquisições devem ser de fornecedores brasileiros.

"Se todas as grandes empreiteiras e fornecedoras do setor petróleo forem incriminadas pela Polícia Federal, quais empresas contrataremos?", questionou o executivo, que, assim como todos os parceiros da Petrobras procurados pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, pediu para não ser identificado.

Segundo ele, não será possível treinar novos fornecedores para atender às demandas do setor sem que os cronogramas das obras sejam afetados.

A preocupação com o cumprimento das regras de conteúdo local chegou a ser levada pelas petroleiras ao Planalto, mas o relato é de inflexibilidade. Ele chega a classificar a posição do governo como sendo "infantil".

"O governo acha que se não for do jeito dele é melhor que não tenha investimento. Por outro lado, o México oferece tudo o que o Brasil restringe. Minha grande dificuldade hoje, no contato com a empresa matriz, é convencer que, diante de todas as denúncias e dificuldades, o País continua sendo atrativo", contou.

No pré-sal , os investimentos em projetos em andamento estão resguardados, principalmente, por regras de parceria e convivência, intermediadas pela Pré-sal Petróleo S.A. (PPSA), que responde pelos interesses da União nos projetos. As condições das parcerias no pré-sal foram detalhadamente desenhadas antes mesmo do fechamento das sociedades, segundo um executivo de uma das petroleiras que atua em conjunto com a Petrobrás.

E, após as denúncias de corrupção, um regulamento de boas práticas de negócios ganhou ainda mais peso do que antes. Ele relata que a elaboração desse manual que rege a convivência entre os sócios já estava prevista. No entanto, com a Lava Jato e, sobretudo, diante dos escândalos recorrentes, as sócias da estatal correram para aprovar o regulamento de boas práticas no desenvolvimento do pré-sal para não atrasar os projetos.

A PPSA também tem sido bastante rigorosa com a Petrobras. Na verdade, essa é uma prática comum e esperada da empresa, já que cabe a ela extrair o maior lucro possível do pré-sal em benefício da União.

De qualquer forma, dizem executivos, o seu papel é importante para inibir desvios de recursos como os revelados pelo ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, de superfaturamentos e pagamentos de propina a funcionários da estatal para que fornecedores fossem favorecidos em licitações.

Como quanto maior o custo do projeto, menor o lucro, a PPSA tem o interesse de restringir os gastos da Petrobras, operadora no pré-sal, com equipamentos e serviços.

Cada contrato é previamente examinado e, com frequência, a PPSA vem negando orçamentos apresentados pela estatal. Isso já ocorria independentemente da Operação Lava Jato. Mas, na prática, a atuação da PPSA tem tranquilizado as empresas parceiras da Petrobras de que os orçamentos são enxutos.

São Paulo - O primeiro trimestre ainda nem acabou, mas a Petrobras já acumulou problemas neste período que podem valer para o ano inteiro. Entre processo de investigação de propina, preço das ações despencando e produção de petróleo menor, a petroleira dá indícios que não vive um bom momento. Veja, a seguir, 10 enroscos em que a Petrobras já se meteu neste ano:
  • 2. Investigação sobre propina

    2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)

  • Veja também

    Em fevereiro, ex-funcionários da holandesa SBM, que aluga navios-plataformas, fizeram denúncias que apontam que empregados da Petrobras receberam propina para fechar negócios. O processo indica que funcionários e intermediários da petroleira receberam cerca de 140 milhões de dólares. A Petrobras abriu uma auditoria interna para apurar as denúncias. Segundo Graça, os primeiros resultados da auditoria levaram 30 dias para sair. A Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados aprovou hoje requerimento para que a empresa esclareça tais irregularidades.



  • 3. Endividamento bilionário

    3 /11(REUTERS/Nacho Doce)

  • A captação de  8,5 bilhões de dólares anunciada pela Petrobras nesta semana deve impactar ainda mais o endividamento da estatal. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a dívida líquida da petroleira deverá passar de 100 bilhões de dólares até 2018. De acordo com o novo plano de negócios quinquenal da Petrobras (2014-2018), 60,5 bilhões de dólares serão levantados em dívida bruta nos próximos cinco anos.

  • 4. Queda da produção

    4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)

    Em 2013, a produção de petróleo da Petrobras caiu 2,5% no Brasil. Neste ano, em janeiro, a produção também recuou.  No primeiro mês do ano, a produção total de petróleo e gás natural ficou 2,2% abaixo do total produzido em dezembro de 2013, quando atingiu 2,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a empresa, a interrupção da produção em duas unidades instaladas na Bacia de Campos e a venda de participação no Parque das Conchas impactaram a produção do período.


  • 5. Multa bilionária

    5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)

    Entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, a Petrobras recebeu cinco autuações da Receita Federal que somam 8,7 bilhões de reais. As informações estão no prospecto preliminar publicado na Securities and Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais da América do Norte. A Petroleira informou que já apresentou recursos em todos os casos. O processo ainda está em fase de julgamento.

  • 6. Ações despencaram

    6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)

    No final do mês passado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram  para o menor nível desde 2005 após a divulgação de que a dívida líquida da empresa havia crescido 50% no último ano. Os papéis preferenciais da empresa tiveram a maior queda da bolsa de São Paulo no dia 26 de fevereiro. As ações fecharam o dia cotadas a 13,70 reais, seu menor valor desde 27 de dezembro de 2005.

  • 7. Valor de mercado menor

    7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)

    A Petrobras foi a empresa que mais encolheu em valor de mercado no mês de fevereiro deste ano.
    Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.

    No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.

  • 8. Preço do dólar divergente

    8 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Durante evento para divulgar seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, a Petrobras afirmou que vai trabalhar com um dólar de 2,23 reais neste ano.

    A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
  • 9. Preço do combustível

    9 /11(Divulgação/Petrobras)

    A interferência do governo nos negócios da Petrobras também tem preocupado investidores, principalmente quando o assunto é o polêmico  reajuste no preço do combustível.

    A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.

  • 10. Independência do governo

    10 /11(Francois Lenoir/Reuters)

    No mês passado, Silvio Sinedino, funcionário da Petrobras há 26 anos e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), ganhou o direito de ocupar uma cadeira no conselho de administração da estatal. Ao que tudo indica, Sinedino quer deixar claro que os funcionários da companhia não compactuam com a ideia de que as decisões da empresa teriam de estar totalmente alinhadas às decisões do Governo Federal. Hoje o conselho da Petrobrás é formado por dez membros, sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações minoritárias, um pelos acionistas de ações preferenciais e um pelos empregados.





  • 11. Agora, veja 20 empresas que dominam o país

    11 /11(AGÊNCIA BRASIL)

  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCorrupçãoEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEscândalosEstatais brasileirasFraudesGás e combustíveisIndústria do petróleoOperação Lava JatoPetrobrasPetróleoPolícia Federal

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