ESG

Companhias que apostam na sustentabilidade são mais inovadoras

A conclusão é de Ioannis Ioannou, professor da London Business School, que encerrou o primeiro dia do evento Melhores do ESG com uma aula magna

Para estimular a inovação, uma empresa precisa de capital humano, horizonte de longo prazo, bom relacionamento com os stakeholders e ambiente tolerante a erros (foto/Getty Images)

Para estimular a inovação, uma empresa precisa de capital humano, horizonte de longo prazo, bom relacionamento com os stakeholders e ambiente tolerante a erros (foto/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2021 às 22h03.

Última atualização em 3 de maio de 2021 às 22h04.

As companhias sofrem pressão para mudar suas práticas. E essa influência vem de uma série de lados: governos, consumidores, investidores, a sociedade civil, reguladores e colaboradores. A sociedade está mais organizada, demanda mais responsabilidade. Toda essa pressão, de todos esses atores, está criando a tempestade perfeita para a transformação.

Foi assim que Ioannis Ioannou, professor de Estratégia e Empreendedorismo da London Business School, iniciou a aula que encerrou o primeiro dia do evento Melhores do ESG, realizado por Exame com mais de 40 painéis, que se estenderão por cinco semanas.

Em sua aula magna, Ioannou lembrou que nem todas as empresas precisam ser pioneiras. E nem todos os setores seguem no mesmo ritmo em direção do ESG. Mas apontou um fator que diferencia as companhias mais inovadoras do planeta: elas também estão um passo à frente na busca por governança e sustentabilidade social e ambiental.

“Se você foca apenas nas ações de sustentabilidade previstas pelos reguladores, tenha certeza de que sua empresa vai agir igual a muitas outras, não vai se diferenciar”, argumentou. “Por outro lado, quando você busca as melhores práticas, estará focando em estratégias e tecnologias inovadoras, que trazem vantagens competitivas”.

Cinco estágios

“Nem todas as empresas serão pioneiras como a Patagonia, sobre a qual vocês acabaram de ouvir”, lembrou ele, fazendo referência ao painel que abriu o evento, uma hora antes. “Mas todas podem agir para acompanhar as novas demandas”.

Cada companhia pode, e precisa, avaliar a importância estratégia e o custo-benefício de suas ações em ESG, disse Ioannou. Mas o professor fez a ressalva: Como em toda situação de disrupção, sabemos o que acontece. Basta olhar para o cemitério das corporações, ele está cheio de empresas que foram grandes, mas não entenderam as mudanças da sociedade e foram substituídas”.

O professor apresentou cinco estágios de evolução em termos de sustentabilidade: fora do compliance, aderindo ao compliance, indo além do compliance, adotando medidas estratégicas integradas e, por fim, as empresas que adotam o ESG com paixão. Ioannou listou um estudo que acompanhou dois grupos, cada um formado por 90 empresas. E que concluiu: “Não faz diferença qual o indicador você escolhe. Empresas focadas em ESG têm performance melhor.”

Isso porque a sustentabilidade está ligada à inovação. “Sem experimentar e falhar, você não inova. O pensamento sustentável abarca os mesmos elementos”. Como ele defendeu, as duas práticas têm em comum dois pontos cruciais: “sustentabilidade é uma estratégia de longo prazo, por definição. E o comprometimento com a sustentabilidade é catalisador de mudança”.

Para estimular a inovação, uma empresa precisa de capital humano, horizonte de longo prazo, bom relacionamento com os stakeholders e ambiente tolerante a erros. E essas quatro características são comuns em empresas sustentáveis.

Novo cenário

Em entrevista a Rodrigo Godoy, head da Exame Academy, ao final de sua aula, o professor da London Business School lembrou que a pandemia forçou a sociedade a repensar questões sociais importantes. “Repensamos nossos contratos sociais, nossos sistemas de saúde, os critérios para definir quem pode trabalhar ou não, quem recebe vacina primeiro, quais são as prioridades. Temos questões graves que, de forma triste e trágica, foram reveladas pela pandemia.”

Para ele, “a Covid-19 é só um vírus, e já provocou estas mudanças. Mas existem problemas mais amplos para os quais não estamos preparados. Precisamos pensar em problemas crônicos e ainda mais graves, para os quais a ciência vem nos alertando, como mudanças climáticas e espécies em extinção”.

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