Como Ronaldo mudou o futebol brasileiro – fora dos gramados
Craque foi o pioneiro, no país, do modelo de parceria entre grandes jogadores, clubes e marcas
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2011 às 19h39.
São Paulo – O futebol brasileiro vai dever, por muitos anos, diversas conquistas a Ronaldo, o atacante que se despede da seleção brasileira nesta terça-feira (7/6). A atuação de Ronaldo não rendeu conquistas apenas nos gramados. O craque também mudou a forma como grandes jogadores, clubes e empresas se associam.
Seu retorno ao Brasil, em 2009, para jogar no Corinthians inaugurou um novo modelo de contrato, que chegou a ser chamado de “fusão” entre o atacante e o clube na imprensa.
Até Ronaldo, os clubes brasileiros bancavam, sozinhos, o salários de seus maiores astros. O patrocínio e os direitos de imagem que negociavam serviam para cobrir a folha de pagamento do time todo.
De um lado, essa solução limitava a capacidade de contratar grandes craques, já que os patrocínios oferecidos por empresas brasileiras não são tão generosos quanto o de companhias europeias. De outro, ajudava os times a se endividar ainda mais, o que levava, inevitavelmente, à venda de jogadores e à incapacidade para reter os melhores.
“Fusão”
Depois de quase se aposentar ao ser escanteado pela equipe italiana Milan, após uma contusão, Ronaldo precisou de duas horas de conversa com Sanchez para selar seu retorno ao país, de onde saiu com 18 anos, direto do Cruzeiro para o holandês PSV – seu primeiro clube na longa temporada em que viveu na Europa.
Acostumado a ganhos milionários, Ronaldo poderia ser muita areia para o Corinthians, se não fosse a solução encontrada. Pelo acordo, o atacante e o clube dividiriam a receita de patrocínio gerada pela sua presença na equipe.
O “salário” de Ronaldo, na época, seria de 300.000 reais mensais, bancados pelo Corinthians. O restante da renda do jogador sairia de uma participação de 80% do patrocínio da Bozzano e do banco PanAmericano – avaliado em 11 milhões de reais.
Hoje, a parceria parece óbvia, mas soou bastante original na época. Além disso, ela abriu caminho para o retorno de outros craques para os gramados brasileiros. Modelos semelhantes foram adotados para trazer Robinho para uma temporada no Santos, Ronaldinho Gaúcho para o Flamengo, e Adriano ao Corinthians.
Retorno
É claro que a temporada do Fenômeno no clube paulista não foi um mar de rosas em campo. Com uma campanha irregular, dificuldades para manter o peso e uma contusão que o afastou dos jogos a ponto de gerar protestos na torcida, Ronaldo decidiu parar no início do ano, após o Corinthians ser desclassificado da Libertadores.
Nas contas do clube e do craque, porém, o resultado foi diferente. A receita de patrocínios e publicidade, por exemplo, saltou de 24,7 milhões de reais, em 2008, para 49 milhões de reais em 2009, quando o craque já estava no clube. No ano passado, a cifra permaneceu alta – 47 milhões.
A receita líquida apenas da parte de futebol, na comparação, subiu de 96,4 milhões de reais para 143,7 milhões, em 2009, e 166 milhões em 2010.
Dono de um patrimônio avaliado em 600 milhões de reais, Ronaldo não será lembrado apenas pela conquista de duas Copas do Mundo (1994 e 2002), por ser o maior artilheiro de todas as copas, e pelas campanhas em times de ponta, como o Barcelona e o Real Madrid.
Ronaldo sai do jogo com a Romênia, nesta terça-feira (7/6), também como um craque que ajudou a mudar a estrutura dos times brasileiros – algo bem mais raro, no país, do que grandes atacantes.
São Paulo – O futebol brasileiro vai dever, por muitos anos, diversas conquistas a Ronaldo, o atacante que se despede da seleção brasileira nesta terça-feira (7/6). A atuação de Ronaldo não rendeu conquistas apenas nos gramados. O craque também mudou a forma como grandes jogadores, clubes e empresas se associam.
Seu retorno ao Brasil, em 2009, para jogar no Corinthians inaugurou um novo modelo de contrato, que chegou a ser chamado de “fusão” entre o atacante e o clube na imprensa.
Até Ronaldo, os clubes brasileiros bancavam, sozinhos, o salários de seus maiores astros. O patrocínio e os direitos de imagem que negociavam serviam para cobrir a folha de pagamento do time todo.
De um lado, essa solução limitava a capacidade de contratar grandes craques, já que os patrocínios oferecidos por empresas brasileiras não são tão generosos quanto o de companhias europeias. De outro, ajudava os times a se endividar ainda mais, o que levava, inevitavelmente, à venda de jogadores e à incapacidade para reter os melhores.
“Fusão”
Depois de quase se aposentar ao ser escanteado pela equipe italiana Milan, após uma contusão, Ronaldo precisou de duas horas de conversa com Sanchez para selar seu retorno ao país, de onde saiu com 18 anos, direto do Cruzeiro para o holandês PSV – seu primeiro clube na longa temporada em que viveu na Europa.
Acostumado a ganhos milionários, Ronaldo poderia ser muita areia para o Corinthians, se não fosse a solução encontrada. Pelo acordo, o atacante e o clube dividiriam a receita de patrocínio gerada pela sua presença na equipe.
O “salário” de Ronaldo, na época, seria de 300.000 reais mensais, bancados pelo Corinthians. O restante da renda do jogador sairia de uma participação de 80% do patrocínio da Bozzano e do banco PanAmericano – avaliado em 11 milhões de reais.
Hoje, a parceria parece óbvia, mas soou bastante original na época. Além disso, ela abriu caminho para o retorno de outros craques para os gramados brasileiros. Modelos semelhantes foram adotados para trazer Robinho para uma temporada no Santos, Ronaldinho Gaúcho para o Flamengo, e Adriano ao Corinthians.
Retorno
É claro que a temporada do Fenômeno no clube paulista não foi um mar de rosas em campo. Com uma campanha irregular, dificuldades para manter o peso e uma contusão que o afastou dos jogos a ponto de gerar protestos na torcida, Ronaldo decidiu parar no início do ano, após o Corinthians ser desclassificado da Libertadores.
Nas contas do clube e do craque, porém, o resultado foi diferente. A receita de patrocínios e publicidade, por exemplo, saltou de 24,7 milhões de reais, em 2008, para 49 milhões de reais em 2009, quando o craque já estava no clube. No ano passado, a cifra permaneceu alta – 47 milhões.
A receita líquida apenas da parte de futebol, na comparação, subiu de 96,4 milhões de reais para 143,7 milhões, em 2009, e 166 milhões em 2010.
Dono de um patrimônio avaliado em 600 milhões de reais, Ronaldo não será lembrado apenas pela conquista de duas Copas do Mundo (1994 e 2002), por ser o maior artilheiro de todas as copas, e pelas campanhas em times de ponta, como o Barcelona e o Real Madrid.
Ronaldo sai do jogo com a Romênia, nesta terça-feira (7/6), também como um craque que ajudou a mudar a estrutura dos times brasileiros – algo bem mais raro, no país, do que grandes atacantes.