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Com rombo de R$ 1 bi, plano de saúde do BB deve ficar mais caro

Proposta para tentar salvar as finanças do plano, no entanto, esbarra na oposição da principal entidade que representa os trabalhadores

Banco do Brasil vai tentar este mês alterar seu estatuto para aumentar a contribuição dos associados com a contratação de serviços médicos (Pilar Olivares/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de setembro de 2018 às 11h45.

Última atualização em 13 de setembro de 2018 às 12h18.

Brasília - Com um rombo que pode chegar a R$ 1 bilhão neste ano, a Cassi - plano de saúde dos funcionários do Banco do Brasil - vai tentar este mês alterar seu estatuto para aumentar a contribuição dos associados e reduzir despesas com a contratação de serviços médicos. A proposta para tentar salvar as finanças do plano, no entanto, esbarra na oposição da principal entidade que representa os trabalhadores.

A Cassi é o primeiro plano de saúde de funcionários de estatais a tentar se adequar às novas exigências definidas no início do ano pelo governo para evitar que esses planos - que consomem cerca de R$ 10 bilhões por ano - continuem comprometendo até mesmo os resultados das empresas. Em média, o benefício de assistência saúde dos empregados ativos e inativos de estatais tem consumido 8,0% da folha de pagamento. Além disso, as empresas respondem em média por 77,2% da capitalização dos planos, enquanto o porcentual de contribuição dos funcionários é de apenas 22,8%.

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A cobrança por dependente e a paridade na contribuição de funcionários e empresas (50% para cada) são medidas que todas as empresas deverão adotar nos próximos quatro anos.

Em março, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) autorizou os Correios a cobrar mensalidade dos funcionários e de dependentes para bancar o plano de saúde. O caso se arrastava na Justiça há anos. Em 2017, o plano de saúde da estatal de serviços postais teve prejuízo de R$ 1,8 bilhão, o que contribuiu para o resultado negativo de R$ 1,5 bilhão. Os Correios têm 108 mil funcionários na ativa e 32 mil aposentados, mas pagam as despesas de saúde de 400 mil pessoas.

Já o plano do BB tem 172 mil associados - ativos e aposentados - mas atende a um total de 444 mil beneficiários, se considerados os dependentes. Foi superavitário até 2011 e chegou a acumular cerca R$ 1 bilhão em reservas. Entre 2012 e 2017, no entanto, o plano começou a enfrentar um descasamento entre receitas e despesas que exauriu esse fundo, culminando com um caixa negativo em R$ 7 milhões ao fim do ano passado.

O presidente da Cassi, Luís Aniceto, culpa a chamada "inflação médica" - que supera em todos os anos a variação do IPCA - e o envelhecimento da carteira de associados como as causas para o estouro das contas do plano nesta década.

Aporte

"O aumento dos custos dos serviços de saúde nos últimos anos aliado a uma falta de previsibilidade das despesas com procedimentos nos levou a um déficit entre R$ 80 milhões e R$ 85 milhões por mês", afirma. Segundo ele, em fevereiro deste ano, o BB antecipou um aporte de R$ 324 milhões à Cassi, mas no fim de junho o plano já estava no vermelho de novo em R$ 385,9 milhões.

Aniceto afirma que a deterioração financeira do plano já coloca em risco o atendimento dos limites mínimos exigidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para liquidez, margem de solvência e reservas legais. O pagamento de fornecedores, porém, ainda não foi afetado.

"Não temos alternativa. Se o plano de reestruturação não for aprovado, a ANS está pronta para realizar uma intervenção. Em tese, a ANS pedirá um plano de ajuste, mas uma intervenção pode culminar inclusive com a liquidação da Cassi, o que levaria a um fracionamento da carteira e distribuição para outras operadoras", acrescenta.

Funcionários

A Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (Anabb) tem feito campanha contra as mudanças. A entidade já apresentou duas propostas alternativas para sanear o plano, que foram rejeitadas pela diretoria da Cassi. Ainda assim, deve apresentar uma terceira proposta nos próximos dias.

Para o presidente da Anabb, Reinaldo Fujimoto, todos os pontos da proposta da diretoria apresentam problemas que retirariam direitos dos associados e nem assim garantiriam o reequilíbrio financeiro do plano. Ele aponta que o déficit atual ocorre mesmo com uma arrecadação de 9,85% da folha de pagamento (4% dos funcionários e 5,85% do BB) enquanto as mudanças reduzirão o aporte do banco para apenas 4,5%.

"A Anabb entende que a arrecadação, na fórmula proposta, impõe maior comprometimento de renda para os funcionários que recebem os menores salários e não permite o equilíbrio financeiro da Cassi", avalia.

A associação também é contra a forma de cobrança por dependente. Fujimoto argumenta que esse pagamento já estaria embutido nas contribuições dos funcionários: "E na proposta não há um limite para a cobrança por dependente, deixando que o Conselho Deliberativo da Cassi defina um valor. Isso faz com que o céu seja o limite, pois a cada ano os valores serão diferentes e o funcionário não sabe quanto ele vai pagar." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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