CloudWalk levanta R$ 2,7 bilhões em maior FIDC da história da empresa
Fintech por trás da plataforma financeira InfinitePay conquistou 16 instituições financeiras com novo fundo de investimento
Repórter
Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 09h00.
Última atualização em 3 de dezembro de 2024 às 11h11.
A fintech CloudWalk , controladora da plataforma InfinitePay, levantou R$ 2,7 bilhões no maior FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) da história da empresa.
A operação de captação, que contou com a participação de 16 instituições financeiras, teve uma demanda acima da oferta, resultando em overbook ("reservar em excesso", em português).
O Itaú BBA foi o coordenador líder e trabalhou a operação em conjunto com Bradesco BBI, BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), BB-Banco de Investimentos e Banco Safra. O novo fundo tem prazo de três anos e foi estruturado em conjunto com a BTG Asset, que também atua como gestor do FIDC.
“É um importante sinal de que o mercado reconhece a robustez financeira e operacional da CloudWalk", diz Pablo de Mello, diretor de operações da fintech.
Fintechs como a CloudWalk costumam usar FIDCs para financiar as próprias operações e aumentar a oferta de crédito, sem comprometer a operação.
Segundo a startup, os R$ 2,7 bilhões serão utilizados principalmente na antecipação de recebíveis de cartões de crédito. O valor ajudará a sustentar o rápido aumento da base de clientes da fintech, que cresceu de 1 milhão em 2023 para 3 milhões no final de 2024.
Com esse investimento, a empresa quer garantir que o pagamento caia na conta do empreendedor no dia seguinte ou, em casos específicos, em segundos através do recurso InfiniteNitro.
Além disso, a InfinitePay continuará utilizando seu caixa próprio para financiar empréstimos aos lojistas que optam por parcelar seus pagamentos.
Por trás dos FIDCs
Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios ( FIDCs ) vêm ganhando cada vez mais destaque no mercado. Basicamente, eles são fundos que compram "direitos" sobre valores devidos a empresas, como cheques, parcelas de carnês ou faturas de cartões de crédito.Em resumo, esses fundos compram a dívida que alguém tem com a empresa e ganham com isso.
Até 2023, os FIDCs eram exclusivos para investidores mais experientes, com certificações ou grandes fortunas. Mas, com a Resolução CVM 175, desde outubro de 2023, eles estão acessíveis para o público — algo quefez o número de investidores pessoa física disparar em 70%, atingindo mais de 37 mil até maio de 2024, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Em 2023, o mercado de FIDCs atingiu R$ 590 bilhões sob gestão, o que representa um aumento de 160% desde 2020. No primeiro semestre de 2024, os FIDCs captaram R$ 20,4 bilhões e o patrimônio líquido dos fundos chegou perto dos R$ 490 bilhões.
O ano da CloudWalk
Desde que a InfinitePay foi lançada, a tecnologia de crédito inteligente tem sido um dos pilares do crescimento da CloudWalk.
Com soluções como o Tap to Pay – que transforma smartphones em maquininhas – e o InfiniteNitro, ferramenta que antecipa recebíveis em segundos, a fintech atraiu um número crescente de micro, pequenos e médios empreendedores.
Utilizando inteligência artificial (IA), a plataforma avalia mais de 1.200 parâmetros, incluindo o comportamento nas redes sociais, para oferecer crédito de forma rápida e assertiva,um processo que ainda é uma dificuldade para os bancos tradicionais.
Em 2024, a plataforma já concedeu R$ 1 bilhão em crédito, um aumento de 300% em relação ao ano passado.
A introdução do Open Finance também tem sido um diferencial, permitindo à InfinitePay acessar um histórico financeiro mais completo de seus clientes. Assim, oferece crédito com maior segurança e menos risco de inadimplência.
Entrada nos EUA
Com um histórico de R$ 7,7 bilhões captados desde 2021 e US$ 500 milhões em receita recorrente anualizada (ARR), a CloudWalk está consolidada como uma das fintechs mais promissoras do Brasil.
A expansão para os Estados Unidos, com o lançamento do Jim.com, também é um passo importante. A fintech brasileira está prestes a levar seus serviços de pagamento instantâneo para o mercado norte-americano, ainda pouco explorado.