Cigarros devem acabar o quanto antes, diz CEO da fabricante do Marlboro
Presidente da Philip Morris International disse que quanto antes seu principal produto terminar, melhor
Lucas Amorim
Publicado em 26 de julho de 2021 às 12h46.
Última atualização em 27 de julho de 2021 às 10h08.
Qual a melhor solução para uma empresa cujo principal produto está em franco declínio de consumo? A questão é essencial na estratégia de cada vez mais empresas -- da mídia aos automóveis -- e foi tratada com especial abertura por Jacek Olczak, presidente da Philip Morris International, a fabricante do Marlboro fora dos Estados Unidos.
"Podemos ver o mundo sem cigarros ", afirmou em entrevista neste domingo ao jornal britânico Daily Mail. "Na verdade, quanto antes isso acontecer, melhor para todo mundo. Com a regulação certa e informação, pode acontecer em 10 anos em alguns países. E resolver o problema de uma vez por todas".
A postura de buscar alternativas à própria obsolescência é a mesma buscada por fabricantes de automóveis mundo afora. A alemã Mercedes foi a mais nova de um grande grupo de montadoras a colocar uma data para lançar apenas modelos elétricos: 2025.
Fabricantes de alimentos também buscam alternativas à carne, petroleiras correm por alternativas ao petróleo, varejistas repensam o varejo físico, fabricantes de bebidas lançam opções sem álcool. É a destruição criativa do economista austríaco Joseph Schumpeter chegando a um número recorde de indústrias. Além de fazer, dar destaque às ações é parte essencial da estratégia.
A Philip Morris International é uma das maiores fabricantes globais de cigarros, e está numa investida para matar seu principal produto. Recentemente anunciou a aquisição a farmacêutica Vectura Group, especializada em inaladores para usos como tratamento de doenças respiratórias. Também comprou empresas que fabricam chicletes de nicotina e especialistas em medicamentos para dor.
Olczak assumiu o cargo em maio e colocou a mudança estratégica como sua prioridade número um. Sua meta é que mais da metade do faturamento venha de produtos livre de fumaça já em 2025. É a evolução de um plano anunciado em 2016 pela empresa, de oferecer alternativas menos nocivas à saúde para os clientes que não quiserem parar de fumar.
O percentual de receita vinda de produtos livres de fumaça, como várias modalidaes de vaps e cigarros eletrônicos, já está em 25%. O mercado global dos vaps já bateu 20 bilhões de dólares, segundo a Euromonitor.
O número de fumantes está em queda no mundo. Segundo a organização mundial de saúde, o número de homens fumantes está instável em 1,1 bilhão, e o de mulheres caiu de 350 milhões para 200 milhões desde 2000. No Brasil, o percentual de fumantes caiu de 14,7% da população adulta em 2013 para 12,6% em 2019.
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