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Chineses buscam ativos baratos na América Latina em meio à crise

Segmento de saúde no Brasil é um dos setores mais observados pelos investidores estrangeiros

China (Jason Lee/Reuters Business)

China (Jason Lee/Reuters Business)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 14h34.

Última atualização em 3 de dezembro de 2020 às 14h45.

Empresas chinesas e fundos de pensão canadenses estão de olho na América Latina em busca de ativos baratos e com meta de acelerar a expansão nos maiores setores da região, após a pior recessão em mais de um século.

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Investidores estrangeiros têm como foco setores como o segmento de saúde no Brasil e projetos de transmissão de energia na Argentina. Empresas asiáticas, muitas apoiadas pelo governo chinês, estão no topo da lista, prontas para expandir sua presença no quintal dos Estados Unidos, disse Anna Mello, advogada que coordena fusões e aquisições na região para o escritório Baker McKenzie.

“A influência econômica chinesa na América Latina deve ganhar força na era pós-pandemia”, disse. “Os Estados Unidos provavelmente aumentarão o foco em investimentos na América Latina em 2021 e tentarão conter a influência da China no hemisfério ocidental.”

O interesse renovado coincide com os acordos perto do menor nível em 15 anos em 2020 devido à retração econômica histórica causada pelo coronavírus, o que levou governos ao endividamento e empresas da região ao default. Países e empresas provavelmente venderão ativos, em alguns casos com preços reduzidos, para melhorar a liquidez, dando às empresas estrangeiras a chance de gastar o dinheiro acumulado.

“Esses investidores de longo prazo — grupos de pensão canadenses, fundos de private equity dos Estados Unidos, investidores institucionais — têm grandes somas de capital”, disse Mauricio Saldarriaga, sócio-gerente do Inverlink, um banco de investimento colombiano. “E podem encontrar oportunidades a preços mais baratos do que há 12 meses.”

Mais acordos

A covid-19 teve grande impacto na América Latina. O PIB regional deve encolher mais de 7%, a maior queda desde que dados confiáveis começaram a ser coletados há mais de um século.

As fusões e aquisições anunciadas na América Latina e no Caribe caíram para cerca de 86 bilhões de dólares em 2020, queda de 40% em relação ao ano anterior, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

No entanto, empresas estrangeiras fizeram apostas: a chinesa State Grid recentemente fechou acordo para pagar 3 bilhões de dólares por uma empresa de energia elétrica no Chile, e a China Harbor Engineering comprou ativos na Colômbia. Fundos de pensão do Canadá, como o Conselho de Investimento do Plano de Pensões do Canadá e Caisse de depot et placement du Quebec, também aumentaram investimentos na região.

Mais acordos estão no horizonte com investidores interessados em projetos de infraestrutura, empresas de petróleo e gás e energia renovável na América Latina, bem como em minas na Colômbia e no Peru, disse Mello.

Um país onde os negócios podem demorar para se concretizar é o México, onde a incerteza política sob o presidente Andrés Manuel López Obrador tem levado empresas estrangeiras a mudar de estratégia.

Algumas buscam reinvestir em outros lugares, ou até mesmo desinvestir em busca de países mais estáveis, disse Gavin Strong, analista da Control Risks, consultoria com sede na Cidade do México.

“Tivemos dois tipos de conversa: uma foi com investidores que buscam sair do setor de energia e buscam infraestrutura”, disse. “A outra foi com empresas que pensam em deixar o México e investir na América do Sul.”

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