Chapecó é arrendada pela Coinbra, do grupo Dreyfus
O negócio só não foi fechado rapidamente pela resistência do BNDES, que tem 30% das ações da Chapecó
Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2012 às 12h58.
A diretoria do BNDES decidiu nesta terça-feira (01/4), aceitar a proposta de arrendamento da Chapecó, feita pelas Indústrias Brasileiras Coinbra, do grupo francês Dreyfus.
A solução só não veio antes devido à resistência do BNDES (que tem 30% das ações) em concordar com a proposta do Dreyfus, o único entre seis candidatos disposto a assumir as quatro fábricas (Chapecó, Xanxerê, Santa Rosa e Cascavel) da empresa fundada em 1952 e controlada desde fins de 1999 pelo grupo argentino Macri.
Embora tenha dívidas com fornecedores, a Chapecó está com os salários em dia. A empresa entrou em crise porque a competição no mercado de carnes de aves e suínos tornou-se muito intensa nos últimos três anos, obrigando as companhias do setor a apertar custos, reduzir as margens operacionais, investir na agregação de valor e apostar na exportação.
Segundo se comenta em Chapecó, a empresa dirigida por Alex Fontana (da família dos fundadores da Sadia) cometeu erros no mercado interno e teve azar no mercado externo. O primeiro equívoco, em 2000, teria sido a compra do Frigorífico Prenda, de Santa Rosa. Depois vieram os tombos internacionais. No início de 2002, a Chapecó perdeu boa parte do mercado argentino e, no segundo semestre, levou um calote de R$ 20 milhões da Rússia. Ainda assim, conseguiu uma receita cambial de US$ 103 milhões no ano passado. Para o Dreyfus, o aspecto mais atraente da Chapecó é a carteira de clientes internacionais, especialmente no Oriente Médio.
"Ciente dos problemas sociais para a
região que o encerramento das atividades da Chapecó provocaria, o BNDES empenhou-se em encontrar uma solução que viabilizasse a recuperação do nível de atividade e a reversão do prejuízo operacional da empresa", diz o comunicado oficial do BNDES sobre o arrendamento. "O BNDES entende que a solução encontrada é a melhor para a empresa e para os seus milhares de fornecedores de aves e de suínos,
contribuindo, assim, para o crescimento do nível de emprego e renda da
região.
A Chapecó terá agora condições de se reestruturar e atingir seus índices de abate e apresentar novamente lucros." Já no último final de semana de março, o abastecimento de ração para os aviários integrados à Chapecó Alimentos havia sido normalizado, o que foi recebido no oeste catarinense como o sinal de que estava encaminhada uma solução para a crise do frigorífico.