Cervejaria Petrópolis, dona da Itaipava, pede recuperação judicial com dívida de R$ 4 bilhões
O Grupo Petrópolis destacou o vencimento de uma parcela de R$ 105 milhões de uma operação financeira
Redação Exame
Publicado em 28 de março de 2023 às 12h28.
Última atualização em 29 de março de 2023 às 09h04.
A Cervejaria Petrópolis, dona das marcas Itaipava, Crystale Petra, entrou com um pedido de recuperação judicial nesta segunda-feira, 27, na Justiça do Rio de Janeiro. A companhia tem dívidas da ordem de R$ 4,4 bilhões.
Nesta terça, a 5ª Vara Empresarial da Justiça do Rio de Janeiro concedeu ao grupo uma tutela cautelar de urgência que determinou a liberação dos recursos da companhia pelo Banco Santander, Fundo Siena, Daycoval, BMG e Sofisa. Na última sexta-feira, 24, esse montante somava algo em torno de R$ 383 milhões, sendo a R$ 215,77 milhões no banco Santander.
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O Grupo Petrópolis destacou o vencimento de uma parcela de R$ 105 milhões de uma operação financeira, que poderia acarretar o vencimento antecipado de toda a dívida,comprometendo o caixa e as operações do grupo de forma imediata.
“Este pedido de recuperação judicial está sendo ajuizado em regime de urgência, para evitar os gravosos e nefastos efeitos que o vencimento de parcela “bullet”, no valor de R$ 105 milhões, decorrente da operação em anexo. Essa parcela vence hoje, dia 27.03.2023, e seu inadimplemento provocará o vencimento antecipado das demais operações existentes com a casa bancária, resultando na pronta liquidação dos recursos travados na conta vinculada e tentativa de apropriação dos recebíveis do Grupo Petrópolis que ira o ingressar na referida conta nas próximas semanas”, escreveram os advogados da companhia na petição apresentada à Justiça do Rio.
De acordo com o Grupo Petrópolis, o aumento dos juros básicos da economia vem gerando um impacto de aproximadamente R$ 395 milhões por ano no fluxo de caixa do grupo.
Procurado pela EXAME, o Grupo Petrópolis ainda não respondeu sobre o processo.
Redução da receita em 2022
De acordo com a petição em que pediu recuperação, o grupo que gera 24 mil empregos diretos e cerca de 100 mil indiretos enfrenta uma crise de liquidez há 18 meses decorrente da redução de receita.
No ano passado, a empresa vendeu 24,1 milhões de hectolitros de bebidas, o que representa uma queda de 23% na comparação com 2020. Essa redução significou um recuo de 17% na receita bruta do período. Ao mesmo tempo, os custos do setor subiram e, ainda segundo a defesa da Petrópolis, não foram repassados ao consumidor.
Qual é a dívida do Grupo Petrópolis?
Na petição inicial, os advogados do Grupo Petrópolis dizem que a dívida financeira e de mercado de capitais é da ordem de R$ 2 bilhões, enquanto a dívida com terceiros, incluindo grandes fornecedores, soma R$ 2,2 bilhões. Os advogados atribuíram à causa valor provisório de R$ 4,4 bilhões, até que a empresa publique sua lista detalhada de credores.
Quais são as empresas do Grupo Petrópolis?
A Cervejaria Petrópolis é dona de 14 marcas, a maioria delas de cerveja. Confia a lista completa:
- Itaipava
- Crystal
- Petra
- Lokal
- Black Princess
- Brassaria Ampolis
- Weltenburger Kloster
- Cabaré
- Nordka (vodka)
- Blue Spirit Ice (vodka)
- TNT (energético)
- Magneto (energético)
- It! (refrigerante)
- Petra (água mineral)
O que é um processo de recuperação judicial?
A falência de uma empresa não traz benefício para a sociedade, pelo contrário, todas as partes envolvidas sofrem danos, tanto o empregador quanto os empregados. Por essa razão, a recuperação judicial tem como objetivo renegociar dívidas e prazos, além de fazer com que a empresa retome sua função social perante a sociedade, que em muitos dos casos, é penalizada pelo mau gerenciamento das empresas. Quando isso acontece, as empresas podem discutir judicialmente saídas para eventuais crises econômico-financeiras.