CBF: lucro da entidade foi de 51 milhões de reais em 2014 (Nacho Doce/Reuters)
Luísa Melo
Publicado em 30 de abril de 2015 às 17h55.
São Paulo - A Copa do Mundo de 2014 rendeu ganhos recordes para o caixa da CBF, principalmente graças a patrocínios e direitos de transmissão de jogos e comerciais. É o que mostra o balanço de resultados divulgado recentemente.
No ano passado, a entidade teve um faturamento de 519,1 milhões de reais, valor 19% maior do que o acumulado em 2013, de 436,4 milhões de reais. Em 2012, a receita havia sido de 360,1 de reais.
A maior parte desse dinheiro (88%) veio de patrocínios e dos comerciais e direitos de transmissão que, juntos, somaram 457,1 milhões de reais. Veja na tabela:
Receita bruta | 2014 | 2013 |
---|---|---|
Patrocínios | R$ 359,4 milhões | R$ 278,1 milhões |
Direito de transmissão e comerciais | R$ 97,7 milhões | R$ 113,2 milhões |
Partidas realizadas | R$ 43,8 milhões | R$ 31,9 milhões |
Taxas de inscrição | R$ 7,0 milhões | R$ 7,6 milhões |
Licenças e transferências de jogadores | R$ 1,7 milhões | R$ 1,7 milhões |
Eventuais | R$ 9,4 milhões | R$ 3,7 milhões |
Total | R$ 519,1 milhões | R$ 436,4 milhões |
Despesas
As despesas operacionais da CBF, porém, também cresceram em 2014. No total, foram gastos 367,1 milhões de reais contra 269,7 milhões de reais em 2013, um aumento de 36%. Em 2012, o valor era de 215,9 milhões de reais.
Os dispêndios com pessoal e administrativo, juntos, somaram 199,9 milhões de reais em 2014 e representam mais da metade de todas as despesas (54%). Em 2013, esses números somavam 147 milhões de reais. Veja na tabela:
Despesas operacionais | 2014 | 2013 |
---|---|---|
Com pessoal | R$ 65,2 milhões | R$ 50,2 milhões |
Administrativas | R$ 134,6 milhões | R$ 96,7 milhões |
Competições | R$ 58,6 milhões | R$ 53,3 milhões |
Serviços de terceiros | R$ 80,6 milhões | R$ 42,0 milhões |
Impostos e taxas | R$ 27,9 milhões | R$ 27,3 milhões |
Total | R$ 367,1 milhões | R$ 269,9 milhões |
Para Amir Somoggi, consultor independente em marketing e gestão esportiva, as altas despesas administrativas e com pessoal são um problema da entidade.
"A CBF gasta com ela mesma anualmente um valor astronômico que deveria ser investido no futebol. Em vez de promover competições, ações de marketing, programas sociais e capacitar árbitros e treinadores, ela prefere ter uma sede fantástica e pagar salários enormes", afirma.
Segundo ele, das despesas crescentes indicadas no balanço, a que provavelmente está mais relacionada à Copa do Mundo de 2014 é a indicada como "serviços de terceiros".
No ano passado, esses gastos praticamente dobraram em relação a 2013, saltando de 42 milhões de reais para 80,6 milhões.
Lucro
Apesar do faturamento recorde, as altas despesas provocaram queda no lucro líquido da CBF em 2014. No ano pasado, a entidade lucrou 51 milhões de reais, valor 8% abaixo dos 55,5 milhões registrados em 2013.
Somoggi, porém, não considera essa baixa um alerta. "Ela [a BBF] continua sendo a entidade que mais fatura no esporte brasileiro", diz.
A instituição fechou o ano com 124,2 milhões de reais em caixa. "Nenhum clube no país tem essa liquidez", completa.