Carlyle avalia Madero em até 3 bi — mas Durski quer mais
Rede de restaurantes especializada em hambúrguer alia grandiosos planos de crescimento a uma gestão financeira sempre no limite
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2018 às 14h05.
Última atualização em 19 de dezembro de 2018 às 14h56.
Depois de anos de tratativas para vender parte de sua rede de restaurantes Madero , o empresário Luiz Renato Durski Junior está em conversas avançadas com o fundo de investimento americano Carlyle. A expectativa era fechar a venda de uma participação minoritária até o Natal, o que dificilmente vai acontecer, segundo apurou EXAME.
As partes ainda não se entenderam sobre o valor da empresa. A primeira proposta do Carlyle oferecia 700 milhões de reais por 23% da empresa, o que a avaliaria em até 3 bilhões de reais, de acordo com uma série de exigências previstas em contrato. Contudo, após a diligência fiscal, trabalhista e contábil feita pela auditoria contratada pelo fundo, Durski espera uma revisão da proposta para cima. “Nossa diligência foi muito boa e espero que eleve o valuation da companhia. Do contrário, vou avaliar se vale mesmo a pena continuar com o negócio”, diz Durski à revista EXAME nesta quarta-feira. Sua expectativa é que o fundo ofereça pagar 700 milhões por uma fatia menor. O duro é o Carlyle topar.
Uma das questões em aberto está nos passivos trabalhistas, fiscais e contábeis, situação comum em negócios deste tipo. Segundo Durski, a auditoria apontou para 120 milhões de reais em possíveis passivos. Executivos próximos ao negócio dizem que o valor pode ser algumas vezes maior, e que o Carlyle não está disposto a assumir o risco. “O fundo não nos pediu para não assumir nada e nem acreditamos que este será um problema”, diz o empresário.
Na avaliação de Durski, o grupo vale em torno de 4 bilhões de reais, valor que segundo ele leva em conta apenas a operação dos restaurantes Madero. Além do Madero, que tem 141 lojas no Brasil, este ano foi inaugurado o restaurante Jerônimo, atualmente com 11 unidades, e a Sanduicheria do Junior Durski, com quatro até agora. Recém-lançadas, as novas marcas ainda precisam se provar.
“Temos outras opções de financiamento também. A primeira é o Carlyle, mas podemos também pegar dívida bancária a 13% de juros anuais ou esperar para abrir capital ano que vem”, diz Durski.
Durski tem opções, mas também tem pressa. Um acordo é importante para pagar a dívida que o grupo tem com a gestora Hemisfério Sul Investimentos (HSI), de 510 milhões de reais que vencerão em setembro do ano que vem. A rolagem da dívida poderia ser uma quarta opção, mas, na opinião do empresário, não é interessante porque os juros são bem maiores do que a empresa consegue no mercado, de 21% ao ano.
Esta não é a primeira vez que o empresário curitibano negocia venda de uma fatia do grupo Durski, dono das redes Madero, Jerônimo e A Sanduicheria do Junior Durski. No começo do ano, as negociações com o fundo L Catterton, o maior do setor de consumo do mundo, não deram certo e o grupo acabou optando por reestruturar suas dívidas com a HSI. Segundo EXAME apurou, o Catterton avaliou a empresa em cerca de 2 bilhões de reais, o que Junior Durski achou pouco.
Nos anos anteriores, Durski já havia tido tratativas com outros fundos, como Gávea, Actis e até o próprio Carlyle. Apesar de ter outros sócios – o apresentador Luciano Huck tem 5% de participação e alguns diretores, 8% — Durski é quem tem o controle, com 87% do grupo.
Para manter esse percentual do negócio, ele assumiu as dívidas pesadas que agora impactam seu fluxo de caixa. “O Durski é um empreendedor que veio do nada e construir uma ótima empresa, mas que tem uma gestão financeira sempre no limite”, diz um executivo que conhece o negócio.
Neste contexto, 2019 poderia ser o ano de organizar a casa e pisar no freio. Mas não para Durski. Ele já planeja lançar novas bandeiras ano que vem. Para 2017, a previsão é de faturar 770 milhões de reais.