C&A deve divulgar queda de 76,5% nas vendas com lojas fechadas na pandemia
Varejistas de roupas estão entre as que tiveram maior prejuízo com o surto do novo coronavírus
Denyse Godoy
Publicado em 19 de agosto de 2020 às 06h00.
Última atualização em 19 de agosto de 2020 às 07h43.
Alguns segmentos do varejo brasileiro, como o de móveis e eletroeletrônicos, conseguiram ter um bom desempenho durante a crise – vide o caso do Magazine Luiza , que, na terça-feira, 18, divulgou um aumento de quase 50% nas vendas no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2019. Mas, para as redes de vestuário, só resta mesmo contabilizar as perdas. Hoje, é a vez da cadeia holandesa C&A .
Por causa do fechamento de lojas em obediência à quarentena para tentar desacelerar a pandemia do novo coronavírus no país, a C&A deve ter registrado uma queda de 76,5% nas receitas no período de abril a junho de 2020 ante igual intervalo de 2019, para 299 milhões de reais, segundo o banco de investimentos BTG Pactual. O lucro de 26 milhões de reais do segundo trimestre do ano passado deve ter se transformado em prejuízo de 224 milhões de reais. A necessidade de fazer promoções para desovar o estoque e a apreciação do dólar, que encareceu as peças importadas, provavelmente também pesaram nos resultados.
Se o vermelho vai tingir de alto a baixo os balanços de todas as varejistas de moda, é na operação online que as empresas se diferenciarão. Quem já tinha um site de comércio eletrônico bem montado e conhecido pelos clientes antes da crise conseguiu se adaptar melhor à súbita ordem para que baixassem as portas das lojas físicas. A C&A, segundo cálculos dos analistas do BTG, deve ter registrado uma alta de 300% nas vendas pela internet. Além de amenizar o rombo no curto prazo, o desenvolvimento desse canal pode ajudar a rede a se recuperar mais rápido.
Nos próximos meses, o cenário continua turvo para o setor. Apesar de o comércio ter voltado a receber o público em grande parte do Brasil, os consumidores continuam com medo de sair de casa. Fases de reabertura e fechamento vão se alternar até que uma vacina para a covid-19 esteja amplamente disponível. Depois que a tormenta passar, no entanto, gigantes como a C&A encontrarão um mercado mais fácil, já que muitas lojas pequenas e de bairro não estão tendo fôlego para se manter na carestia.