BuzzFeed Brasil é comprado pela FLAGCX e Vivi Duarte assume a presidência
Em entrevista exclusiva à EXAME, a nova presidente fala sobre os planos do BuzzFeed Brasil
Marina Filippe
Publicado em 28 de outubro de 2020 às 15h57.
Última atualização em 29 de outubro de 2020 às 13h49.
O BuzzFeed Brasil acaba de ser adquirido pelo grupo de comunicação com mais de 30 unidades de negócios FLAGCX, após a matriz americana do BuzzFeed ter anunciado a busca por um comprador em abril deste ano.
"Encontramos o parceiro para o BuzzFeed no Brasil na FLAGCX. Sua história e sua conexão com a cultura local e global [ a empresa tem base no Brasil e nos Estados Unidos ] os tornam especialmente adequados para levar o BuzzFeed para o futuro", afirma Jonah Peretti, fundador do BuzzFeed.
O valor da operação não foi revelado, mas a estratégia de negócio prevê lançamento de produtos e reforço no conteúdo já existente. "Um dos focos dessa aquisição é trazer para o Brasil mais produtos que já são vencedores lá fora, como o Content-Commerce, que fez do BuzzFeed um dos cinco maiores geradores de tráfego transacionável para a Amazon globalmente", diz Roberto Martini, fundador e presidente da FLAGCX.
Pedro Tourinho, sócio e cofundador da Soko, passa a liderar as empresas e projetos de gestão de audiências dentro do grupo FLAGCX, que além de BuzzFeed conta com a Obvious, focada no público feminino, e a Contagious, no mercado de comunicação.
O anúncio da aquisição acompanha a indicação da jornalista e empreendedora Viviane Duarte para liderar e presidir o BuzzFeed Brasil. Ela assumirá o cargo trazendo experiência no mercado, nas áreas de comunicação e mídias sociais, tendo seu trabalho reconhecido na premiação do setor Women to Watch 2020.
Viviane Duarte, também fundadora da consultoria de diversidade e equidade de gênero Plano Feminino, pretende levar propósito ao conteúdo e negócio do BuzzFeed Brasil. Leia abaixo a entrevista exclusiva para a EXAME.
EXAME: o que muda na operação do BuzzFeed Brasil?
Viviane Duarte: o BuzzFeed é uma comunidade que busca prover informação e diálogos construtivos. Vamos continuar olhando essas oportunidades ao falar de comportamento, sociedade e mais, sem perder a essencial de conteúdos como os quizz e listas. Particularmente, pretendo provocar mais a diversidade dentro da cultura da empresa e dos conteúdos, pois um negócio sem propósito não tem valor no mercado.
A operação do BuzzFeed News, encerrada em agosto, tem previsão de volta?
Começarei hoje as reuniões com os líderes de conteúdo e demais executivos de estratégias para em seguida me apresentar a todo o time. Não temos a previsão de retorno deste produto, e outros poderão ser mais detalhados em breve.
Por que você resolveu aceitar o cargo e como ficará o trabalho com a consultoria?
Estou há 20 anos no mercado e há dez empreendendo. Anos atrás havia um site do Plano Feminino com seis jornalistas que davam dicas de empoderamento feminino e criticavam chamadas sexistas publicadas na mídia. Há três anos escrevo também para a Marie Claire e acredito que essa experiência como jornalista contribuirá para o negócio.
Atualmente tenho três heads que vão tocar a operação do Plano Feminino no dia a dia e não há conflito porque são modelos de negócios desassociados, mas por outro lado há a oportunidade de realizar no BuzzFeed um trabalho forte com marcas que já são minhas parceiras. Penso que todos temos as mesmas bandeiras.
Aceitar esse convite é acreditar nesta marca e visualizar grandes oportunidades de construção de diálogos que gerem conteúdos e negócios transformadores em diferentes formatos. É importante pontuar que assumo a presidência do BuzzFeed Brasil em um momento de informações tão polarizadas, e de poucas mulheres brancas e negras em cargos de liderança, mesmo em um país com 56% da população negra. Digo isto porque acredito na força da diversidade na construção de conteúdo, produto, marca e território.