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Brasil deve ter ambições modestas com <EM>clusters</EM>, diz Werneck

Acesso a financiamento e burocracia são identificados como graves obstáculos à internacionalização de pequenas empresas brasileiras, na avaliação de especialistas

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Para dar certo no Brasil, os arranjos produtivos locais (APLs) precisam ser implantados em bases modestas. Para Dorothéa Werneck, sócia da D & J Consultoria Empresarial, a mentalidade do empresário brasileiro para o trabalho conjunto com concorrentes "ainda precisa ser trabalhada", e enquanto isso não acontece, é melhor articular os APLs em torno de demandas mínimas, em que as vantagens da união são incontestáveis, especialmente na aceleração das exportações. "São comuns os casos de iniciativas mais ambiciosas em que há rachas entre associados depois de apenas um ano", diz Dorothéa.

A ex-ministra da Indústria, Comércio e Turismo do governo Fernando Henrique Cardoso menciona como exemplo de demandas mínimas a manutenção de áreas comuns em feiras internacionais de negócios, a compra cooperativada de insumos e a consolidação de cargas na hora de remeter os produtos do cluster (termo em inglês para APL) ao exterior. "Faz todo sentido que as ações de abertura de mercados internacionais sejam empreendidas em conjunto", afirma Dorothéa Werneck (veja exemplo de APL exportador bem-sucedido em reportagem de EXAME).

Outra dificuldade apontada pela consultora é o acesso a recursos para as micro e pequenas empresas exportadoras viabilizarem a produção e comercialização. "Os empresários não conhecem as linhas disponíveis e os bancos não sabem explicar direito tantas siglas e termos em inglês. Há empresas que financiam exportação com cheque especial, a 3,5% ao mês, quando poderiam fazê-lo a 8% ao ano."

Segundo Mario Mugnaini Jr., secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento, as exportadoras de micro e pequeno porte somaram 9 137 empresas no ano passado. Embora representem 47% do número de companhias da base exportadora, elas captam apenas 2,4% da receita total com exportações. Entre as prioridades da Camex está a agregação de valor aos produtos exportados pelos pequenos, o aperfeiçoamento das condições de acesso ao financiamento e a redução dos entraves burocráticos, um dos obstáculos mais renitentes, segundo Mugnaini. "Você desburocratiza aqui e cinco minutos depois vem um colega seu no governo burocratizando ali."

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