Negócios

BR Foods só deve ser aprovada no Cade em 2011, avalia UBS

Segundo pesquisa do banco suíço, autarquia demora quase 300 dias para julgar fusões no setor de consumo

Nildemar, ex-Perdigão, e Furlan, ex-Sadia: aval do Cade à união ainda deve demorar (.)

Nildemar, ex-Perdigão, e Furlan, ex-Sadia: aval do Cade à união ainda deve demorar (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

São Paulo - Nesta segunda-feira (19/7), o anúncio da criação da Brasil Foods completará 14 meses. Uma das maiores empresas de alimentos processados do país nasceu da fusão de duas rivais históricas - a Sadia e a Perdigão. Mas a bênção dos controladores das antigas empresas ao negócio ainda não é suficiente para consolidá-lo. Falta a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). E ela deve vir apenas em 2011. A estimativa é do banco suíço UBS, que estudou o comportamento do Cade em casos recentes.

O banco avaliou a demora da autarquia em 82 episódios de fusões e aquisições realizadas entre janeiro de 2008 e junho de 2010. Assinado pelo analista Gustavo Piras Oliveira, o levantamento do UBS concluiu que o tempo médio do Cade, nestes casos, foi de 180 dias.

O prazo é ainda maior, quando se consideram apenas as operações no setor de bens de consumo - categoria em que a BR Foods foi enquadrada pelo banco. Esses atos de concentração demoraram, em média, 272 dias para serem julgados. "Nenhum deles, porém, é tão complexo quanto do da BR Foods", afirma o relatório do UBS. Por isso, a instituição não descarta a possibilidade de o Cade só se pronunciar sobre o negócio em 2011.

Influência dos parceiros

A instituição também analisou o peso, sobre o Cade, do parecer dos órgãos coligados do Sistema Brasileiro de Concorrência - a Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), vinculada ao Ministério da Fazenda, e a Secretaria de Direito Econômico (SDE), ligada ao Ministério da Justiça. Segundo o UBS, em 60% dos 82 casos avaliados, a autarquia seguiu as recomendações da SEAE e da SDE. Em 14%, as restrições adotadas foram menos severas que as recomendadas.

Esta não é, propriamente, uma boa notícia para a BR Foods. Na última semana de junho, a SEAE causou polêmica ao divulgar seu parecer sobre o caso. A secretaria deu recomendou duas opções para evitar a concentração de mercado. A primeira é que a empresa licencie, por pelo menos cinco anos, uma de suas principais marcas - Sadia ou Perdigão. O licenciamento envolveria também todas as fábricas pertinentes à marca. Para os analistas, essa seria a pior opção para a empresa, dada a importância que estas marcas têm para o negócio.

A outra opção dada pela SEAE é que a BR Foods venda marcas secundárias, como algumas de margarina ou lácteos. Embora vista como menos severa que a anterior, a alternativa também preocupa os analistas. Na mesma semana, a SDE optou por não divulgar um parecer próprio, e endossou as recomendações da SEAE.

As recomendações despertaram protestos da BR Foods, que afirmou que vai contestá-las no Cade. Diante da reação de analistas de mercado e da empresa, a SEAE informou que as recomendações são apenas consultivas, e que a companhia também poderia buscar outros meios de evitar uma concentração excessiva nos setores em que atua.

 

Acompanhe tudo sobre:BRFCadeFusões e Aquisições

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia