Edemir Pinto: "queremos ter influência nessas bolsas locais para, depois, capturar sinergias e fazer o roteamento de ordens", disse (Endeavor/Denis Ribeiro)
Da Redação
Publicado em 12 de fevereiro de 2015 às 10h25.
São Paulo - A BM&FBovespa quer terminar 2015 como acionista minoritária em cinco bolsas de valores da América Latina: Chile, Peru, Colômbia, México e Argentina.
"Foi uma decisão institucional ocupar a América Latina. Se não fizermos isso, outra fará. Os volumes são baixos, mas queremos ter influência nessas bolsas locais para, depois, capturar sinergias e fazer o roteamento de ordens", disse o diretor presidente da Bolsa brasileira, Edemir Pinto.
Até o fim do primeiro semestre, a bolsa brasileira já deverá ter uma fatia das bolsas do Chile e do Peru, estima o executivo.
A decisão de ingressar na América Latina foi tomada em junho do ano passado, quando se aproximava o fim de um forte ciclo de investimentos da companhia, na ordem de R$ 1,5 bilhão.
Dois bancos de investimento já foram contratados para assessorar os negócios. A escolha para iniciar a internacionalização via América Latina teve um "conceito institucional", disse Edemir, lembrando que os volumes da região são muito baixos, com exceção do México.
Segundo ele, o Brasil responde hoje por 87% dos volumes de derivativos negociados na região e fatia de 85% em ações.
O momento para essa aproximação, diz o executivo, é oportuno, já que companhia está apta a oferecer às bolsas dois produtos que podem ter peso no momento das negociações: a clearing integrada com o novo sistema de risco e a plataforma de negociação eletrônica Puma.
"Até o ano passado a Bolsa falava em acordo de roteamento e não de compra. Além disso, olhava mais também para EUA e China do que América Latina", diz o analista do UBS, Frederic de Mariz.
O impacto desse programa de internacionalização da companhia, destaca o analista, não deverá ser relevante ao resultado no médio prazo.
A intenção da bolsa brasileira é adquirir uma participação até o limite permitido pela regulação local, que varia entre 5% e 15%.
Com as bolsas do Chile e Peru, as conversas estão mais avançadas. A expectativa, segundo Edemir, é que esse processo de internacionalização esteja concluído até o fim do ano.
O objetivo da bolsa brasileira é ser um centro de liquidez da região, atraindo, assim, fundos de pensão da região que operam hoje apenas em Nova York ou Londres, e também de empresas, que acabam acessando outros mercados que não o da América Latina.
"A característica é mais institucional, olhando para dez, vinte anos", explicou.
Sobre uma possível rivalidade entre as bolsas da região, o executivo diz que isso é "coisa do passado". "Isso mudou depois da crise de 2008, que trouxe muita dificuldade para a intermediação", explicou.
Governança
No mercado brasileiro, a atenção está hoje voltada à questão da governança corporativa de companhias estatais, tendo como pano de fundo a crise na Petrobrás. A BM&FBovespa vai anunciar "iniciativas e medidas" com o intuito de aprimorar a governança corporativa dessas empresas.
"Vamos aproveitar esse tema para dar continuidade ao desenvolvimento do mercado de capitais, para aperfeiçoá-lo", disse Edemir. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.