BM&FBovespa: se aquisição for concretizada, resultará em uma empresa de valor de mercado de cerca de R$ 30 bilhões (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de fevereiro de 2016 às 12h05.
São Paulo - A BM&FBovespa confirmou ontem uma nova oferta pela Cetip, na qual avalia a empresa em R$ 10,782 bilhões, quase R$ 600 milhões acima do valor proposto em novembro passado, conforme antecipou o Broadcast, serviço em tempo real de notícias da Agência Estado.
A Cetip é uma empresa que oferece serviço de registro, central depositária, negociação e liquidação de ativos e títulos. Se a aquisição for concretizada, a união dos dois negócios vai resultar em uma empresa de valor de mercado de cerca de R$ 30 bilhões.
A oferta vinculante estipula um preço de R$ 41 por ação da Cetip, segundo fato relevante divulgado pela bolsa brasileira.
A proposta prevê pagamento aos acionistas de 75% em dinheiro (o equivalente a R$ 30,75 por ação) e o restante em ações, na razão de 0,8991 papel ordinário da BM&FBovespa para cada ação ordinária da Cetip. No total, a proposta equivale ao pagamento de R$ 41 por ação.
A BM&FBovespa usou como base o valor de sua ação em 30 de outubro de 2015, dia que antecedeu a primeira proposta pela Cetip e quando o papel fechou a R$ 11,40. Se os acionistas da Cetip aceitarem a oferta, passarão a deter, com base nessa relação de troca, 11,8% do capital da BM&FBovespa.
A operação, que se desenrola no momento em que o Brasil enfrenta uma crise política e econômica que leva o mercado de capitais a se arrastar em meio à falta de confiança de empresas e investidores, tende a construir uma empresa mais robusta para quando houver uma retomada das ofertas de ações.
A oferta vinculante, na qual a Bolsa estabeleceu "um prazo de validade" de 20 dias a partir de ontem para que as empresas cheguem a um desfecho sobre a transação, acontece cerca de três meses depois de a proposta não vinculante, que ofertou R$ 39 por ação da Cetip e estabeleceu o pagamento de, no mínimo, 50% em dinheiro e de, no máximo, 50% em ações.
As negociações entre Bolsa e Cetip foram antecipadas pelo Broadcast em 02 de novembro e confirmadas pelas companhias no dia seguinte.
A proposta foi aprovada em sessão do Conselho de Administração da BM&FBovespa, iniciada na última quinta-feira e encerrada ontem. Ainda segundo o fato relevante, o conselho da BM&F "se compromete desde logo a se manifestar favoravelmente à operação e a convocar uma assembleia geral de acionistas da BM&FBovespa para deliberar" sobre a questão.
Chicago
Para dar conta de um pagamento maior em dinheiro, a expectativa, ainda conforme fontes de mercado, é de que a BM&FBovespa venda uma nova fatia do CME Group, empresa que controla a Bolsa de Chicago.
No ano passado, a Bolsa brasileira já alienou 20% de seu investimento na companhia americana e possui, hoje, 4% do capital social da empresa. O dinheiro levantado com esse desinvestimento segue no caixa da Bolsa brasileira e deverá ser utilizado para financiar a aquisição.
A BM&FBovespa informou que, para fazer frente à operação, utilizará, em adição aos recursos de sua geração futura de caixa e àqueles já disponíveis em caixa, uma combinação de recursos resultantes da alienação de itens integrantes de seu ativo; uma ou mais operações de endividamento; e ações de sua emissão.
Analistas de mercado esperavam inicialmente uma oferta maior a ser realizada pela Bolsa. No entanto, as perspectivas, diante do atual contexto político econômico que afetou a atividade do mercado de capitais no Brasil, estão bastante deterioradas em relação à oferta prévia.
A Cetip também divulgou ontem um fato relevante ao mercado no qual informa que seu conselho de administração "avaliará a proposta, em conjunto com seus assessores financeiros e jurídicos, e manterá o mercado informado nos termos da legislação vigente".
Os bancos Itaú BBA e Morgan Stanley foram contratados pela Cetip após o recebimento da primeira proposta da Bolsa e devem participar desse processo.
Se a oferta for aprovada pelo conselho, haverá a recomendação da aceitação a seus acionistas, que votarão sobre a fusão em assembleia geral. A operação precisará ser aprovada pelo Conselho de Administração de Desenvolvimento Econômico (Cade) e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).