BB usará ganho na recompra de bônus para patrimônio líquido
Na última terça-feira, o BB anunciou o início de uma oferta de recompra de títulos emitidos no exterior
Da Redação
Publicado em 13 de novembro de 2015 às 12h36.
Última atualização em 10 de agosto de 2020 às 16h40.
São Paulo - O Banco do Brasil usará o ganho previsto com a operação de recompra de bônus emitidos no exterior para compor o patrimônio líquido, disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto, em meio a dúvidas despertadas no mercado com o objetivo do banco com a transação que envolve até 600 milhões de dólares.
"Vai para compor capital principal, que deve ter exigência regulatória mais forte em Basileia III", disse a fonte familiarizada com o banco.
Segundo a fonte, que pediu anonimato porque não está autorizada a falar publicamente sobre o assunto, o BB está aproveitando uma sobra de caixa no exterior para recomprar títulos, que estão com valor de face bem inferior ao da época da emissão.
"A diferença entre o valor original e o que deve ser usado para recompra deve ir para reforçar o capital principal", acrescentou a fonte.
Na última terça-feira, o BB anunciou o início de uma oferta de recompra de títulos emitidos no exterior, incluindo bônus perpétuos e notas seniores.
O anúncio levantou questionamentos entre investidores e analistas sobre as motivações para a operação, que deve reduzir o capital de nível 1 que compõe o índice de Basileia, métrica internacional de capitalização que os bancos devem respeitar.
Pelas regras do Banco Central brasileiro, o piso do índice de Basileia, incluindo os níveis 1 --de melhor qualidade-- e 2 para os bancos no país é de 11 por cento. Geralmente, as instituições financeiras do país mantêm seus índices em patamares bem superiores, acima de 15 por cento.
Com a gradual migração para a fase 3 do acordo de Basileia, a participação dos instrumentos de nível 1 deve aumentar até 2019, quando haverá a implementação integral das novas regras no Brasil. O capital principal, ou patrimônio líquido, é o principal componente do chamado Tier 1.
O índice de Basileia do BB estava em 16,2 por cento no fim de setembro, mantendo praticamente o mesmo nível dos últimos trimestres. Da mesma forma, o Tier 1 do BB tem sido superior a 11 por cento. Mas o capital principal caiu de 8,71 para 8,07 na passagem do segundo para o terceiro trimestre deste ano.