As montadoras que mais fizeram recalls no Brasil
As cinco montadoras que mais fizeram recalls investigados pelo Procon-SP desde 2002, de acordo com banco de dados da entidade
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2012 às 00h57.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h34.
São Paulo - Um banco de dados divulgado pelo Procon-SP nesta sexta-feira (6) vai ajudar o consumidor a descobrir se possui algum produto que tenha sido alvo de recall. A base reúne todos os recalls realizados no Brasil desde 2002 que sejam ou tenham sido alvo de investigação pelo órgão de defesa do consumidor. Para descobrir, por exemplo, se seu carro sofreu recall, basta procurar pelo nome da montadora ou marca e modelo. Há informações também sobre empresas de outros segmentos, como alimentação e produtos infantis. De acordo com o banco de dados do Procon-SP, desde 2002 foram efetuados 433 recalls, dos quais 334 de carros e motos, o equivalente a 77% do total. No período foram convocados 5,7 milhões de veículos para reparo de defeitos graves, que poderiam pôr em risco a saúde e a segurança de seus clientes. A seguir, as cinco montadoras campeãs de recall. Não significa que elas foram as autoras dos maiores recalls em unidades de veículos recolhidos, mas simplesmente que elas convocaram mais vezes seus clientes por constatarem defeitos em seus produtos.
A americana Ford ficou em primeiro lugar, tendo realizado 32 recalls desde 2002, o correspondente a 7,29% do número total de recalls, incluindo segmentos não automotivos. A montadora aliás inaugurou os recalls de veículos no Brasil, ao realizar o primeiro chamamento da história do país, ainda nos anos 60. Na época, foram recolhidas 50.000 unidades do Ford Corcel. O maior recall da Ford no Brasil ocorreu em janeiro deste ano, quando foram reconvocadas 300.860 unidades dos modelos EcoSport e Fiesta RoCam por conta de problemas na trava de segurança para crianças. Este também foi o quarto maior recall do país em número de veículos convocados. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Ford esclareceu que o número divulgado pelo Procon-SP envolve também recalls de veículos comerciais, enquanto que esta divisão, em muitas empresas, não está sob a mesma razão social, como acontece na Ford. Além disso, a montadora declara que a realização de recalls é uma maneira de demonstrar respeito ao consumidor, e não considera o número de chamamentos tão relevante quanto a severidade dos problemas que podem acometer os veículos ou o número de unidades atingidas.
A fabricante de carros de luxo Volvo ficou em segundo lugar, com 30 recalls no Brasil desde 2002, o equivalente a 6,83% do total. Mas exatamente por vender poucos veículos no país, seus recalls também têm proporções bastante reduzidas. Por mais de uma vez, a montadora sueca já efetuou os menores recalls possíveis, de apenas um carro. Foi o que aconteceu com o C30 convocado em fevereiro de 2010, único importado que chegou ao Brasil com problema no câmbio que poderia impedir a mudança de marcha. Em nota, a Volvo esclarece que "o fato de a Volvo Cars realizar recalls com freqüência demonstra a preocupação da empresa com a qualidade de seu produto e a segurança de seu cliente", e acrescenta que investir em segurança, o que inclui recalls, faz parte da cultura da companhia.
Em terceiro lugar está outra montadora de carros de luxo, a Mercedes-Benz, com 25 recalls, ou 5,69% do total. Assim como a Volvo, a maior parte dos recalls da Mercedes tem proporções menores do que as montadoras que mais vendem no Brasil. O último recall de veículos feito no país foi convocado pela montadora alemã, no último dia 29 de abril. Foram chamados os donos de 645 carros da Série M (ML 270 CDI, ML 320, ML 430 e ML 55 AMG), por conta de falhas no piloto automático. Por meio de sua assessoria, a Mercedes esclarece a grande quantidade de recalls por dar prioridade para a segurança, por meio do monitoramento constante dos seus processos produtivos. "Em razão disso, quando identificamos alguma inconformidade que coloque em risco a segurança de nossos clientes/consumidores realizamos o recall", diz a nota divulgada à imprensa.
A quarta montadora com mais recalls desde 2002 é a Chevrolet, da General Motors, com 24 convocações, o equivalente a 5,47% do total. A Chevrolet foi também a responsável pelo maior recall da história do Brasil, realizado em 2000, e, portanto, não contabilizado na lista do Procon-SP. Na ocasião, foram convocados cerca de 1,3 milhão Corsas e Tigras fabricados entre 1994 e 1999 em razão de um problema no suporte de fixação dos cintos de segurança dos bancos dianteiros. Esse foi também um dos recalls mais polêmicos do Brasil, uma vez que, até a realização do chamamento, o cinto de segurança se soltou em 25 acidentes. Na época, a opinião pública considerou que a montadora demorou a efetuar o recall, uma vez que o primeiro acidente havia acontecido no início de 1999. Procurada pela reportagem de EXAME.com, a GM não quis se pronunciar sobre a quantidade de recalls publicada no ranking do Procon-SP.
A Citroën - sem a Peugeot, que é contabilizada separadamente - ficou com a quinta posição com 18 recalls efetuados desde 2002, o equivalente a 4,10% do total. Também sem recalls de grandes proporções no país, a Citroën realizou, só em abril, duas convocações diferentes, nos dias 18 e 19. Primeiro foram chamados os proprietários de 6.647 unidades fabricadas em 2010 do Aircross, para reparo de parafusos que poderiam ocasionar a abertura espontânea do capô e, com isso, provocar acidentes. No dia seguinte, foi a vez dos donos de 1.176 unidades fabricadas em 2009 e 2010 do C5 Sedan e do C5 Tourier. O problema, dessa vez, foi um problema no motor, que poderia ocasionar mau funcionamento do limpador de parabrisa, com consequente risco de acidente por problemas de visibilidade. Em nota, a Citroën declara que "a campanha de recall é uma prática usual na indústria automobilística mundial, tendo como objetivo assegurar a máxima qualidade do produto e a plena segurança de sua utilização. Ela também demonstra a preocupação e o respeito da empresa com seus clientes, seu maior patrimônio."
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