As empresas brasileiras com mais de 100 anos de existência
Conheça as histórias e lições de negócios das companhias nacionais que sobreviveram ao turbulento século XX
Tatiana Vaz
Publicado em 3 de novembro de 2010 às 10h41.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h38.
Crises financeiras, gripe espanhola, guerras, instabilidade econômica... nada atrapalhou o sucesso dos negócios da São Paulo Alpargatas, que faturou dois bilhões de reais no ano passado. A companhia foi fundada em 1907, fruto da associação do escocês Robert Fraser com um grupo inglês de investidores com uma modesta fábrica de calçados no bairro da Mooca, zona leste de São Paulo. Ali eram feitos os primeiros produtos da empresa: calçados alpargatas, para colher cafés sem machucar os grãos, e encerados para serem usados nos terreiros de secagem. Com a crise do café, o foco de negócios teve de ser ampliado e a Alpargatas lança o Brim Coringa, com o qual o Brasil produz sua primeira calça jeans, a Rodeio. Seu maior – e mais cobiçado – lançamento surge na década de 60: as sandálias Havaianas. Com elas, a companhia inicia a exportação de produtos, alavanca suas vendas e ganha fôlego para adquirir marcas concorrentes e licenciar outras, como a Timberland e Mizuno, além de lançar a marca Topper e comprar a Rainha, ambas de calçados esportivos.
Em 1860, Johann Friedrich Christian Karsten, Maria Saps Karsten e seis filhos trocam a Alemanha pelo Brasil. Mas somente em 1880, depois de se dedicarem à agricultura e pecuária, é que Johann funda a Tecelagem Roeder, Karsten & Hadlich. No início a empresa conta apenas com teares adquiridos na Alemanha e uma pequena fiação. Entre os produtos da companhia estão tecidos para vestuário e roupas de cama até que, em 1916, a empresa começa a fabricar um item que representaria sua marca por mais de cem anos: toalhas de mesa. A partir da década de 80, diversas mudanças estratégicas modificam o perfil da empresa. Com a razão social de Karsten S.A., a empresa muda de comando, inicia exportações e investe na diversificação e ampliação de sua capacidade produtiva. Em 1998, a empresa passa para as mãos da quarta geração, com os herdeiros Carlos Odebrecht (também descendente da família Odebrecht) e João Karsten Neto. Os dois ficam no comando até 2006, quando finalizam um processo de profissionalização e os integrantes da família controladora passam a compor o Conselho de Administração, orientando as políticas e diretrizes gerais da empresa.
Em 1872, o cenário empresarial do país era basicamente agrário e ainda contava com com utilização do trabalho escravo. Remando contra a maré, os irmãos Bernardo, Caetano e Antônio Cândido Mascarenhas decidiram investir num ramo diferente e- supunham - promissor: o têxtil. Em agosto daquele ano, fundaram a Companhia de Fiação e Tecidos Cedro e Cachoeira, a primeira companhia com capital aberto privado do país. Mais antiga que a invenção da lâmpada elétrica, a empresa é uma das poucas do mundo com mais de 130 anos de existência. Sediada em Belo Horizonte, a empresa conta com mais de três mil empregados distribuídos em quatro fábricas localizadas nas cidades de Sete Lagoas, Caetanópolis e Pirapora. Possui ainda dois centros de distribuição no estado mineiro e produz 168 milhões de metros quadrados de tecidos por ano. No ano passado, a receita líquida da companhia ficou em torno de 423 milhões de reais.
Os brasileiros que não moram no estado do Paraná e Santa Catarina podem nunca ter ouvido falar nele. Mas nesses dois estados o centenário Cini é um dos líderes no mercado de refrigerantes, chá e sucos. A história da empresa começou, em 1904, na cidade de São José dos Pinhais, no Paraná, por iniciativa de um imigrante italiano, Ezígio Cini. Ele e o sócio, Carlos Chelli, logo passaram a fabricar o a cerveja Maltinha, seu primeiro produto. Com a morte de Ezígio e a venda da parte de Chelli, o negócio foi assumido pelo filho mais velho do imigrante, Hugo Cini. Ele passou a produzir a cerveja até estender o ramo para refrigerantes – e transferir a fábrica da pequena cidade para Curitiba. Na década de 40, Cini fabricava a “colinha”, refrigerante de 190 ml com gosto de malte, bem famoso na região. Com o passar dos anos, e o comando da companhia na terceira geração, a Cini expandiu os negócios para o estado vizinho, ampliou o portfólio e passou a exportar os produtos para os demais países do Mercosul. Hoje, com a sede novamente em São José dos Pinhais, a empresa produz cerca de 35 milhões de litros de refrigerantes por ano.
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