Negócios

Apple e Foxconn prometem remodelar condições de trabalho

A Foxconn promete contratar dezenas de milhares de novos trabalhadores, melhorar condições de segurança e outros benefícios.

As condições de trabalho em muitas fabricantes na China que abastecem o Ocidente são consideravelmente piores do que aquelas da Foxconn (Voishmel/AFP Photo)

As condições de trabalho em muitas fabricantes na China que abastecem o Ocidente são consideravelmente piores do que aquelas da Foxconn (Voishmel/AFP Photo)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de março de 2012 às 19h20.

San Francisco - Em um marco para o modo como as companhias do Ocidente fazem negócios na China, a Apple informou nesta quinta-feira que concordou com seu parceiro Foxconn em melhorar substancialmente as condições de trabalho nas fábricas que produzem seus aparelhos mais populares.

A Foxconn -que faz dispositivos como o iPhone e o iPad- irá contratar dezenas de milhares de novos trabalhadores, melhorar condições de segurança e outros benefícios.

Trata-se de uma resposta a uma das maiores investigações já conduzidas sobre as operações de uma companhia norte-americana no exterior. A Apple concordou com a investigação independente da Fair Labor Association (FLA) diante de críticas de que sua produção era baseada no trabalho de chineses em condições questionáveis.

A associação, após ouvir mais de 35 mil empregados da Foxconn em três fábricas, disse que havia múltiplas violações às leis do trabalho, incluindo excesso de horas trabalhadas e plantões não remunerados.

A Apple, empresa mais valiosa do mundo, e a Foxconn, maior empregadora do setor privado chinês e principal contratada para manufaturar produtos Apple, são tão dominantes na indústria global da tecnologia que o acordo firmado entre ambas provavelmente terá um impacto substancial em todo o setor.


As condições de trabalho em muitas fabricantes na China que abastecem o Ocidente são consideravelmente piores do que aquelas da Foxconn.

"A Apple e a Foxconn são obviamente as duas maiores no setor e a união delas para uma mudança realmente deve definir um novo padrão (de relações de trabalho) para o restante do setor", disse o presidente da FLA, Auret van Heerden, à Reuters.

Mais imediatamente, o acordo Apple-Foxconn irá elevar os custos para outras fabricantes do Ocidente com contratos com chinesas, incluindo nomes como Dell, HP, Amazon.com, Motorola Mobility, Nokia e Sony.

E provavelmente resultará em preços maiores dos produtos aos consumidores, embora o impacto possa ser limitado considerando que os custos trabalhistas são uma fração pequena de todo o dinheiro necessário para fabricação de produtos de alta tecnologia.

A Foxconn disse que vai reduzir a carga horária para 49 horas por semana, incluindo horas-extra, ao mesmo tempo em que manterá a remuneração atual. A auditoria da FLA descobriu que durante os picos de produção a carga chegava a superar 60 horas semanais, em média.

Para manter a produção no mesmo ritmo, a Foxconn irá contratar dezenas de milhares de novos empregados, além de construir mais casas e refeitórios para os trabalhadores.

O presidente-executivo da Apple, Tim Cook, que críticos da companhia esperavam que fosse mais aberto e mais transparente do que a era na empresa liderada pelo falecido Steve Jobs, tem mostrado boa vontade em lidar com as críticas globais.

O relatório da FLA marca a primeira fase da investigação de fornecedores da Apple na China. Com 1,2 milhão de funcionários, a Foxconn -afiliada da Hon Hai Precision Industry, de Taiwan- é de longe a maior e mais influente parceira da Apple.

Acompanhe tudo sobre:AppleEmpresasEmpresas americanasEmpresas chinesasempresas-de-tecnologiaFoxconnIndústriasetor-eletroeletronicoTecnologia da informação

Mais de Negócios

Ele trabalhava 90 horas semanais para economizar e abrir um negócio – hoje tem fortuna de US$ 9,5 bi

Bezos economizou US$ 1 bilhão em impostos ao se mudar para a Flórida, diz revista

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados