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Após sair da BRF, Abilio Diniz diz que vai "arrumar outros brinquedinhos"

O empresário afirmou que Pedro Parente, presidente da Petrobras, é a pessoa certa para substituí-lo no comando do conselho da BRF

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Abilio Diniz: "Hoje sou muito mais um pacificador do que um cara de briga" (Victor Moriyama/Bloomberg /Bloomberg)

Abilio Diniz: "Hoje sou muito mais um pacificador do que um cara de briga" (Victor Moriyama/Bloomberg /Bloomberg)

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Renata Agostini e Mônica Scaramuzzo, do Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de abril de 2018 às, 12h18.

São Paulo - Com fama de não fugir de uma briga, o empresário Abilio Diniz sai da disputa com os sócios na BRF, dona da Sadia e da Perdigão, dizendo-se satisfeito pela forma serena como se comportou. "Tenho orgulho de mim", disse ao Estado um dia após a eleição do novo conselho de administração da companhia. "Hoje sou muito mais um pacificador do que um cara de briga", resumiu o empresário, de 81 anos.

O prejuízo de R$ 1,1 bilhão registrado pela companhia em 2017 levou os maiores acionistas, os fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ) e da Petrobras (Petros), a pedir a destituição do conselho, presidido por Abilio, dando início a uma disputa societária.

O empresário afirmou que Pedro Parente, presidente da Petrobras, é a pessoa certa para substituí-lo no comando do conselho da BRF.

Terceiro maior acionista do Carrefour, Abilio deixa o cargo, mas não vai parar. "O que faremos é arrumar outros brinquedinhos para investir", disse. A Península, braço de investimento de sua família, também é sócia da Anima Educação, do e-commerce Wine e da rede de padarias Benjamin.

Em dezembro, o sr. afirmou ao Estado que as divergências entre os sócios na BRF haviam acabado. Foi um erro de leitura ou o sr. foi traído pelos fundos?

Naquela altura, acho que era mais desejo meu do que a realidade. Às vezes, traímos a nós mesmos. Desejamos tanto que algo aconteça, que temos expectativa melhor do que deveríamos. Mas tudo o que aconteceu é normal. Os fundos, liderados pela Petros, não estavam satisfeitos com a gestão. E ela foi trocada por consenso (eleição de novo presidente em dezembro de 2017).

Realmente a companhia começou a trabalhar de forma diferente no quesito gente e acreditei que iríamos subir a rampa. Mas os resultados do fim do ano foram piores do que imaginávamos e houve um ataque de acionistas. É normal. Poderia ter sido feito com menos barulho e sofrimento para companhia? Sem dúvida. Agora já foi.

Como o sr. se sentiu quando soube do pedido de destituição?

A questão não é como me senti. Eles estavam insatisfeitos. Poderiam ter negociado comigo e chegado ao mesmo resultado? Sem dúvida. Mas já aconteceu. O resultado final foi excelente. O mais importante é fazer o melhor para a companhia. Fiquei em silêncio tentando fazer o melhor para a BRF.

O sr. tem fama de brigão. Neste caso, avalia então que os fundos é que foram brigões?

Não tem brigão, não tem nada disso. Às vezes você tem fama, mas não é assim. Hoje sou muito mais pacificador do que um cara de briga. Você consegue resultados muito melhores através do diálogo. Quando vem briga, você tem de enfrentá-la. Recebi uma declaração de guerra e dei um tratado de paz. Diante de tudo isso, a escolha de Pedro Parente foi muito boa. Pedro é a pessoa certa para tocar o conselho da BRF.

Como foi a negociação para que Parente aceitasse o posto?

Surgiu comigo. Me lembrei dele por ser ligado à Petrobras, mas tinha dúvidas se ele iria aceitar. Num primeiro momento, agradeceu, mas disse que não poderia. Com insistência, foi entendendo a grandeza da BRF e sentiu o desafio.

O quadro da BRF é delicado. Há mea culpa a ser feita?

O que aconteceu de ruim na BRF aconteceria com qualquer time, com qualquer conselho. Não tenho dúvida nenhuma. Não sei se faria algo diferente. Sempre me preocupei em manter a governança da companhia. No ano passado, enfatizei o quanto era importante a gestão de gente. Talvez o grande erro da gestão passada seja a gestão de gente.

Manterá a fatia na BRF?

Não posso comentar. A Península é uma investidora. Não há nenhuma razão para sair, mas não há nenhuma razão para ficar se os resultados continuarem ruins. Mas acreditamos que a companhia vai crescer.

Quais serão os próximos passos? Vai focar no Carrefour?

O que provavelmente faremos é arrumar outros brinquedinhos. Não tão vistosos. Hoje temos empresas menores, como Wine (de vendas de vinhos pela internet) e Benjamin (rede de padarias), que dão prazer. Vamos procurar alguns brinquedinhos para que possamos investir. Não posso falar quais são, ou o preço aumentará. No Carrefour, não dá para fazer muito mais do que já fazemos. Temos dois assentos no conselho global, o que nos permite contato direto com eles. No Brasil, estamos no conselho trabalhando para que a empresa cresça. Estou me dedicando à Plenai (plataforma digital idealizada por Abilio sobre longevidade).

A BRF deu bastante dor de cabeça, apresentou prejuízo, ações caíram. Se arrepende de ter entrado nessa empreitada?

Dor de cabeça não tem pessoa que não a tenha. A questão é como você a supera. O remédio que eu tomei para a BRF passar esta fase foi muito bom e adequado. Consegui o que queria. Não dá para sair das dificuldades que se apresentaram em 2016 e em 2017 do dia para noite. Mas construímos um plano sólido, que foi feito para que eles (o novo conselho) a levem para frente. Tenho orgulho de mim. A maneira como atuei nas dificuldades com sócios, com fundos, acho que foi serena, tranquila. A assembleia, na quinta, foi bem, um clima espetacular. Demorou por problemas técnicos. O resultado final foi excelente.

O mercado já antecipa necessidade de aumento de capital na BRF. A Península acompanharia?

Não posso comentar porque estamos em período de silêncio. A empresa está preparada para crescer muito e dominar. Isso vai ser feito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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