Após a Carne Fraca, BRF tem prejuízo R$ 286 milhões no 1º tri
O resultado reverte o lucro líquido de 39 milhões de reais apurado entre janeiro e março de 2016
Reuters
Publicado em 12 de maio de 2017 às 08h29.
São Paulo - A empresa de alimentos BRF teve prejuízo líquido de 286 milhões de reais no primeiro trimestre, conforme a receita operacional líquida encolheu em meio à queda dos preços e dos volumes produzidos, segundo balanço divulgado na noite de quinta-feira.
O resultado reverte o lucro líquido de 39 milhões de reais apurado entre janeiro e março de 2016, marcando o segundo prejuízo trimestral consecutivo da companhia.
Estimativas de analistas ouvidos pela Reuters variaram amplamente, com três casas projetando, em média, lucro de 141 milhões de reais e outras três sinalizando prejuízo de 205 milhões de reais.
A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recuou mais de 50 por cento frente aos três primeiros meses do ano passado, para 506 milhões de reais, ficando abaixo da expectativa média de 707 milhões de reais.
O primeiro trimestre foi marcado por interrupções na produção, depois que uma investigação federal em 17 de março revelou esquema de corrupção, no qual empresas e inspetores sanitários conspiravam para vender produtos fora do padrão, falsificar documentos de exportação ou deixar de fiscalizar unidades de processamento.
Como parte da investigação, a fábrica de Mineiros, em Goiás, foi fechada e dois executivos da BRF estavam entre as 60 pessoas acusadas de participar do esquema. A unidade foi reaberta em 8 de abril.
"A administração agiu rapidamente, adotando medidas para esclarecer os fatos e mostrando transparência e agilidade em comunicação com todos os interessados", informou a BRF no material de divulgação do balanço.
A empresa, que é a maior produtora de frango do mundo, disse que continua cooperando com as autoridades na investigação.
Na quarta-feira, o governo brasileiro informou que 57 importadores endureceram os controles de embarques diante do escândalo, mas que nenhuma irregularidade havia sido constatada.
As exportações brasileiras de carne bovina, suína e de frango recuaram 22,1 por cento em abril, apesar de um forte aumento dos preços parcialmente compensar volumes menores embarcados após a notícia da investigação.