Aos 40 anos, Playcenter quer voltar a ser criança – vai conseguir?
Foco nos adolescentes já não satisfaz os donos do parque, que planejam um retorno às origens
Daniela Barbosa
Publicado em 26 de março de 2012 às 07h14.
São Paulo - Na última semana, o Playcenter anunciou que vai fechar os portões por um ano para dar uma repaginada no visual, após quase 40 anos de operação. O parque, que já foi sinônimo de diversão e alegria até meados da década de 90 no país, há pelo menos uma década tentar resgatar suas origens e voltar a ser um meio de entretenimento voltado para toda a família, com foco em pais com filhos pequenos.
De acordo com especialistas desse setor consultados por EXAME.com, o Playcenter foi criado com esse conceito, inspirado, inclusive em parques da Disney , mas durante a gestão do GP Investimentos, fundo que administrou o parque durante os anos de 1996 a 2002, houve uma cultura empresarial mais pragmática e o parque foi adaptado para atender muito bem o público adolescente, esquecendo-se de outros públicos que também gostam de diversão.
“Essa mesma época coincide com a inauguração do Hopi Hari, parque que também pertencia ao GP, localizado no interior de São Paulo, na ocasião. É possível que a estratégia fosse manter dois negócios voltados para públicos diferentes, um para atender à família e outro, mais urbano, para atender o público jovem”, afirmou Alain Baldacci, presidente do Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas (Sindepat).
Benjamin Button dos negócios
A reestruturação para retomar a essência do parque já é ensaiada há algum tempo. Declarações feitas à imprensa, em 2004, por Marcelo Gutglas, fundador do Playcenter e atual dono (o empresário recomprou a operação do parque em 2002 do GP), apontavam que a ideia era tornar o parque novamente familiar, diminuir o tamanho e aumentar, dessa forma a rentabilidade. Procurado por EXAME.com, o Playcenter não respondeu ao pedido de entrevista até o fechamento desta matéria.
O GP Investimentos, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que discorda totalmente da tese que o fundo tenha induzido o Playcenter a uma estratégia errada, e alega que a massificação do videogame no Brasil coincide com a época em que administrou o parque e foi neste período que o hábito das crianças e adolescentes começou a mudar no país.
O Playcenter não divulga dados financeiros, o que dificulta a análise de sua saúde financeira e alimenta especulações. No mercado, correm rumores de que sua situação não seja das melhores. A empresa, no entanto, limita-se a afirmar que vai bem e que faturou 100 milhões de reais em 2010. Continua, também, sendo um dos parques mais visitados do país, com uma média de 1,5 milhão de usuários por ano.
Reforma
A decisão de encerrar as atividades em junho para reforma e reabrir as portas daqui a um ano sinalizaria que o modelo atual do Playcenter está se esgotando, já que o parque vai investir em um novo conceito de diversão, inédito no país.
“É totalmente acertada essa decisão de reforma do Playcenter; os parques de diversões também precisam passar por adaptações, precisam se modernizar e o Playcenter está há quase 40 anos no mercado sem nenhum reparo neste sentindo”, disse Francisco Donatiello, presidente da Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil (Adibra).
Previsto para voltar a operar em julho de 2013, o parque vai receber investimentos na ordem de 40 milhões de reais. O montante será destinado a pesquisas, projetos, instalações, atrações, start-up operacional e marketing. O novo Playcenter vai seguir os moldes de parques como o Legoland e o Nickelodeon Universe.