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Andrade Gutierrez e UTC vão pagar R$ 195 milhões ao Cade

Empresas admitiram participação em cartéis investigados na Lava Jato e prometeram colaborar com as autoridades

Andrade Gutierrez: empresas fecharam acordo de leniência, que livra as companhias de multa e de processos na Justiça (Bruno Kelly/Reuters)

Andrade Gutierrez: empresas fecharam acordo de leniência, que livra as companhias de multa e de processos na Justiça (Bruno Kelly/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de janeiro de 2017 às 09h00.

Brasília - A Andrade Gutierrez e a UTC assinaram, cada uma, dois Termos de Compromisso de Cessação (TCCs) com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) nos quais admitem a participação em cartéis investigados pela Operação Lava Jato em licitações da Petrobrás e da usina Angra 3.

Os acordos preveem o pagamento de um total de R$ 195,16 milhões pelas construtoras, que também se comprometeram a colaborar com as investigações.

Os acordos firmados dizem respeito à participação das empresas em um suposto cartel em licitações da Petrobrás no mercado de serviços de engenharia, construção e montagem industrial e em outro conluio para fraudar as licitações de obras de montagem da Usina de Angra 3, promovidas pela Eletronuclear. Executivos e ex-funcionários das construtoras também assinaram TCCs com o órgão antitruste.

No acordo de leniência, uma empresa admite ter participado de um cartel e se compromete a colaborar com as investigações para ficar livre de multa e de responder a processos na Justiça. Ele só pode ser fechado com a primeira empresa que aceita colaborar.

Às demais, restam acordos do tipo TCC, como os agora firmados pela UTC e Andrade Gutierrez. Entre 2014 e 2016, o Cade celebrou 116 TCCs em processos de investigações de cartel, com mais de R$ 1 bilhão em contribuições pecuniárias.

Do total em penalidades previstas nos acordos, a Andrade Gutierrez pagará R$ 56,007 milhões, enquanto a UTC terá de desembolsar R$ 139,153 milhões.

O valor para a UTC referente ao cartel de licitações da Petrobrás, de R$ 129,232 milhões, é o maior já negociado pelo Cade com uma empresa.

Origem

O processo administrativo que investiga o cartel nas licitações da Petrobrás foi iniciado a partir de um acordo de leniência firmado em dezembro de 2015 pela SOG Óleo e Gás e funcionários do grupo Setal/SOG. Esse acordo foi negociado pelo Cade e pela Força Tarefa da Operação Lava Jato dentro do Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR).

De acordo com o órgão de defesa da concorrência, no TCC de quarta-feira, 18, a UTC apresentou novas informações que ampliaram o escopo das investigações, com 30 novos documentos que evidenciam a conduta anticompetitiva, além de dez novas licitações da Petrobrás identificadas como afetadas pelo cartel. Já a Andrade Gutierrez trouxe cerca de 20 novos documentos referentes a seis licitações.

Em agosto de 2015, o Cade já havia homologado um TCC firmado com a Camargo Corrêa e seus ex-funcionários no âmbito dessa mesma investigação, com uma contribuição pecuniária de mais de R$ 104 milhões.

Já o processo que investiga a participação do cartel nas licitações da Eletronuclear para as obras de Angra 3 é subsidiado por um acordo de leniência firmado pelo Cade com a Camargo em novembro de 2015, também no âmbito da Lava Jato.

A Andrade Gutierrez apresentou, em seu termo de ajustamento, documentos que apontam que as condutas teriam se iniciado em 2010. Já a UTC apresentou informações de que o conluio existia desde 2008.

Empresas

Em nota, a Andrade Gutierrez afirmou que o acordo está em linha com sua postura, desde o fechamento do acordo de leniência com o MP, de colaborar com investigações.

A empresa afirma que "continuará realizando auditorias internas no intuito de esclarecer fatos do passado que possam ser do interesse da Justiça."

Já a UTC informou que passa por um processo de "aprimoramento e de implantação de um novo código de ética" e que seguirá colaborando com o setor público em investigações.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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