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Acionistas da Oi podem exigir mais por seus papéis, dizem analistas

Forte alta das ações, nesta terça-feira, pode ser um sinal de que os investidores vão forçar a operadora a elevar a oferta pelos seus papéis

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

A forte alta dos papéis da Oi (ex-Telemar), nos últimos dois dias, pode ser um sinal de que os investidores vão pedir mais por seus papéis do que aquilo que a Oi pretende pagar. A empresa planeja oferecer 35,09 reais por ação preferencial de sua controlada Tele Norte Leste Participações (TNLP), e 52,39 reais pelas preferenciais da Tele Norte Leste SA (TMAR). Para custear a operação, o mercado estima que a Oi vá desembolsar cerca de 11 bilhões de reais. A oferta ainda precisa ser aprovada pelo conselho de administração da Oi em reunião marcada para 20 de abril.

Impulsionados pela notícia, os papéis da companhia registraram fortes altas ontem e hoje. Nesta terça-feira (10/4), as ações preferenciais da TNLP chegaram a subir 8,89%, mas encerraram o dia com valorização de 4,78%. Hoje, os papéis fecharam com alta de 11,06% (TNLP4) e de 7,23% (TMAR5).

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Para os analistas, a expressiva valorização dos papéis nos dois últimos dias não é, necessariamente, sinal de que os investidores gostaram da proposta. Embora ela seja vista pelo mercado como mais atraente que a lançada no ano passado, ainda é cedo para a Oi comemorar. Se a oferta for aprovada pelos conselheiros, terá início a fase mais complicada da operação: convencer os acionistas de que vale a pena vender seus papéis. A Oi condicionou a conclusão da compra à adesão de dois terços dos acionistas.

A questão é: por que os investidores vão aderir à oferta, se já rejeitaram uma no final do ano passado? Pesam a favor da oferta dois pontos. O primeiro é que, desta vez, a Oi quer comprar as ações. O segundo é que pretende pagá-las com dinheiro. Na reestruturação tentada em 2006, a empresa pretendia trocar os papéis em circulação por novas ações - e a proporção de troca desagradou os preferencialistas. "É uma oferta bem diferente da anterior", afirma Luciana Leocádio, analista da Ativa Corretora.

Mas isso pode não ser suficiente para convencer os investidores, sobretudo porque não se sabe se vão aceitar os valores oferecidos. Com o fechamento do pregão de hoje, os papéis já se aproximam bastante do preço ofertado pela Oi. As ações TNLP4 encerraram cotadas a 35,05 reais e as TMAR5, a 50,40 reais. Para os analistas, isso pode ser um sinal de que os investidores estão buscando um novo piso para os papéis, próximo o suficiente do valor proposta pela Oi, a ponto de forçar a empresa a elevar sua oferta. "Nesse caso, se a empresa não conseguir a adesão dos dois terços de acionistas, pode tentar aumentar um pouco mais o valor", diz Luciana.

Adesão difícil

Mas a adesão não está condicionada apenas ao valor oferecido. Para Carlos Constantini, analista do Unibanco Corretora, a oferta dificilmente atrairá a adesão maciça dos minoritários. Segundo Constantini, esta ainda não é a melhor oferta. "O preço está longe de justo", diz. Um parâmetro seria o preço-alvo dos papéis. De acordo com dados divulgados pelo site da Oi, na média, os analistas projetam uma cotação de 19,05 dólares por ação da TNLP, ou cerca de 38,8 reais.

Constantini afirma que mesmo o fato de o pagamento ser em dinheiro pode pesar contra, já que os investidores que vendessem os papéis não seriam beneficiados, posteriormente, pela eventual valorização da empresa.

Outro ponto, segundo Felipe Cunha, analista de telecomunicações do Banco Brascan, é que o preço ofertado está longe da máxima alcançada pelos papéis nos últimos 12 meses. Quando a reestruturação foi proposta, as ações TNLP4 chegaram a valer 39 reais. "Para o investidor, isso pode significar que alguém esteja disposto a pagar mais pelos papéis", diz Cunha. "A adesão à oferta continua difícil", resume.

"Oferta legítima"

Pelos menos por ora, os investidores parecem estar mais satisfeitos com a nova proposta, pelo menos sob um aspecto: o de permitir a adesão voluntária. "As operações devem ser sempre as mais democráticas possíveis e, neste aspecto, a adesão é voluntária, o que é absolutamente legítimo", afirma Marcos Duarte, sócio da carioca Polo Capital Management.

No ano passado, a Polo foi um dos investidores que se opuseram aos termos da reestruturação da companhia. A exemplo de acionistas estrangeiros, a Polo chegou a pedir à Comissão de Valores Mobiliários que cancelasse a assembléia de acionistas convocada para votar a proposta, e embargasse toda a operação.

Quanto à satisfação com o valor proposto desta vez, Duarte desconversa. "Ainda é prematuro qualquer conclusão. Vai depender de como o mercado estiver no momento da adesão", diz.

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