São Paulo - O BTG Pactual fechou a venda da varejista Leader por um valor simbólico, abaixo de 1.000 reais. O banco está tentando vender diversos ativos desde a prisão do ex-presidente André Esteves, em novembro do ano passado. Esse não é o primeiro caso de uma empresa vendida por valores irrisórios. Diversas companhias em dificuldade, à beira da falência ou afundadas em dívidas passaram para a mão de outros donos por um preço muito baixo. Uma mina da Vale, a Newsweek e uma varejista inglesa estão na lista. Confira nas imagens.
Com 140 lojas e uma dívida de 900 milhões de reais, a Leader foi vendida pelo BTG Pactual por menos do que 1.000 reais. A compradora, a Legion Holdings, irá assumir 100% da varejista, além de dívidas. Ela afirmou que acredita no potencial da Leader no segmento de moda brasileiro. A Legion Holdings terá que lidar com os donos da rede Seller, adquirida pela Leader em 2013. A família Furlan já pediu uma vez a falência da varejista alegando ter 150 milhões de reais a receber. Para fazer a venda, o BTG entregou o controle do negócio à Alvarez & Marsal, especialista em gestão de empresas com graves problemas financeiros.
A divisão de aço no Reino Unido da Tata Steel passou para a firma de investimento Greybull Capital no início deste mês. A operação teve valor simbólico de apenas uma libra. A venda conseguiu salvar um terço dos 15.000 empregos que estavam em risco desde que a empresa indiana decidiu vender seus ativos no Reino Unido. O primeiro-ministro David Cameron estava sendo pressionado para manter os empregos e as fábricas abertas. O contrato garante que a compradora irá investir 400 milhões de linhas no negócio e irá negociar cortes de custo com sindicatos e fornecedores. O grupo Tata ainda tem outros ativos no Reino Unido, que continuam à venda.
A derrocada dos preços de minérios e de carvão no mundo fez com que a Vale vendesse uma mina na Austrália por um dólar. Há três anos, a mina Isaac Plains valia 631 milhões de dólares, controlada pela mineradora brasileira e pelo grupo japonês Sumitomo Corp. Agora, ela passou para o controle da Stanmore Coal Ltd. Segundo o diretor de carvão e fertilizantes da Vale, a Stanmore tem minas adjacentes e poderá alcançar sinergias que não seriam possíveis para a Vale.
O magnata do varejo inglês, sir Philip Green, comprou a BHS por 200 milhões de libras em 2000. Com o passar dos anos, no entanto, seus móveis e roupas perderam mercado para a concorrência. Ano passado, ele se viu obrigado a vender o negócio, que havia se tornado a maior rede de lojas de departamento do Reino Unido, para o grupo de investidores Retail Acquisitions por apenas uma libra. Com esse valor, as 171 lojas com mais de 11.000 funcionários passaram para as mãos do grupo, dirigido pelo ex-banqueiro Keith Smith.
Uma libra foi o suficiente para comprar a revista Reader’s Digest. Mike Luckwell, que já investiu na HIT Entertainment e na WPP, comprou a publicação inglesa em 2014. O dono anterior do veículo, a Better Capital, a comprou em 2010 por 13 milhões de libras. Desde então, havia investimo mais de 23 milhões de libras para renovar sua audiência, mas a estratégia não deu certo. Já Luckwell quer voltar às raízes e busca atingir principalmente leitores com mais de 50 anos.
A Newsweek é outra empresa de mídia dessa lista. Ela foi vendida em 2010 pelo Washington Post por um dólar a um magnata de produtos eletrônicos, Sidney Harman. Ela tinha cerca de 40 milhões de dólares em dívidas. No entanto, em 2011 Harman morreu e, dois anos depois, ela foi vendida para a International Business Times por um valor não divulgado.
A distribuidora de energia Celpa (Centrais Elétricas do Pará) foi comprada pela Equatorial Energia por apenas 1 real em 2012. Por esse valor irrisório, a Equatorial passou a ter 61,37% do capital social da distribuidora. Com dívidas de mais de 300 milhões de reais com o estado do Pará, por ICMS não repassados, a Celpa estava em recuperação judicial. Ela era a única das nove distribuidoras de energia do Grupo Rede que não estava sob intervenção do governo.
Um dos maiores parques de diversões do país vive uma montanha-russa nas suas finanças. Com pesadas dívidas de quase meio bilhão de reais, o Hopi Hari passou para a mão da Íntegra Consultoria em 2009. Os antigos donos, que tinham à frente os fundos de pensão como a Previ, Funcef, Petros e GP Investimentos, receberam R$ 0,01 o pelo lote de 100 mil ações. A Funcef (fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal), a maior acionista, recebeu apenas R$ 6,36 pela sua participação de 10,91% das ações ordinárias – ela havia pago 12,4 milhões de reais por essas ações em 2007. A empresa ainda tem dificuldades com dívidas e, em 2012, um acidente fatal a levou a enfrentar um processo na justiça.
A Milani foi comprada em 2004 pela firma de private equity Arbeit do grupo holandês Wessanen por 1 real. A fabricante de bebidas, famosa pelas groselhas, tinha uma dívida de 25 milhões de reais na época. Apesar dos esforços, no entanto, não foi possível recuperar a empresa. Mesmo após capitalizá-la, reformar a fábrica e trocar o seu comando, a Milani não conseguiu resistir à concorrência de gigantes do setor e encerrou suas atividades em 2010.
A mesma companhia de private equity que comprou a fabricante de groselha Milani também incorporou a Imbra, então maior rede de clínicas odontológicas do país. Ela pagou cerca de 1 dólar (na época, algo como 1,8 real) pela empresa ao GP Investments, gestora de fundos de private equity, em 2010. A rede, que tinha uma receita de 200 milhões de reais, possuía uma dívida de 50 milhões de reais.
Notícia sobre a volta das lojas físicas e próprias da Lee suscitou a curiosidade de leitores para outras marcas tradicionais da segunda metade do século 20