Aeroporto operado pela Infraero: estatal tem futuro incerto no governo Bolsonaro (Alexandre Battibugli/Exame)
Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 07h21.
Última atualização em 20 de dezembro de 2018 às 07h41.
O destino da Infraero, estatal que opera 55 aeroportos no Brasil, ilustra as imprevisibilidades do futuro governo na gestão das estatais. A equipe econômica de Jair Bolsonaro, liderada por Paulo Guedes, anunciou intenção de uma revolução na forma como o governo lida com suas empresas, com a promessa de uma onda de privatizações.
Ontem, o presidente da Infraero, Antônio Claret de Oliveira, renunciou ao cargo. O posto será assumido de forma interina pelo diretor de operações, João Márcio Jordão, informou nesta quarta-feira a estatal. O movimento acontece dias após a equipe de Bolsonaro ter confirmado a indicação do brigadeiro Hélio Paes de Barros Júnior, hoje diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), para ser o próximo presidente da Infraero.
A equipe de transição indicou também planos de leiloar todos os aeroportos da Infraero em 3 anos. Segundo o futuro ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo, a empresa, hoje com 9 mil funcionários, vai “acabar”. A dúvida na mesa, afirmou, é se a companhia será privatizada, ou liquidada.
A Infraero enfrenta problemas de caixa desde que começou o programa de concessões de aeroportos, no governo de Dilma Rousseff (2011-2016). Terminais de grande movimento, como o de Guarulhos (SP), Brasília e Galeão (RJ), deixaram de integrar a base de aeroportos administrados pela estatal. Ela entrou como sócia em diversas dessas concessões, o que serviu para aprofundar seus problemas de caixa, já que tinha que acompanhar os sócios nos investimentos.
Em entrevista publicada por EXAME em dezembro, Claret, o agora ex-presidente, afirmou que assumiu, em 2016, uma estatal sem foco nem receita, mas que deixa uma companhia “pronta para casar”. A venda de 49% da Infraero, em suas contas, renderia 15 bilhões de reais. A dúvida do futuro governo é se o valor é suficiente para compensar a manutenção da companhia.