Bicicletas da Yellow: startup brasileira começará nas próximas semanas sua operação em quatro outros países da América Latina (Yellow/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 13 de novembro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 13 de novembro de 2018 às 16h47.
São Paulo - A britânica Vodafone é conhecida globalmente por seus chips de celular e produtos de banda larga. Os serviços voltados ao consumidor final, como internet móvel, televisão e banda larga, representam 66% do faturamento de 46,6 bilhões de euros da Vodafone no mundo.
Já no Brasil, a situação é outra. No país desde 2013, a Vodafone Brasil, chamada agora de Arqia, é parceiro comercial da Vodafone Global e muito menor que a multinacional. O grupo Datora, do qual a empresa faz parte, está presente em 7 países, com 1.200 clientes. A estimativa do grupo é de encerrar 2018 com faturamento próximo de 250 milhões de reais.
Além de menor, é também mais desconhecida. A empresa tem milhares chips espalhados pelo país, mas passa despercebida pela maior parte da população. Apesar disso, a estratégia da empresa tem dado certo e ela cresceu 40% no primeiro semestre do ano.
As operações da companhia britânica chegaram ao Brasil por meio de uma parceria com a brasileira Datora Telecom, que completou 25 anos. Quando a Vodafone chegou ao Brasil, as grandes empresas de telecomunicações como Oi, Tim, Vivo e Claro já estavam estabelecidas.
Ao invés de brigar pelo mercado de consumo, banda larga e telefonia corporativa, decidiu se focar em outros segmentos, mais desconhecidos do grande público. No Brasil, não vende um único chip de celular e está escondida em produtos mais conhecidos. Um exemplo são as bicicletas da Yellow, que trabalham com tecnologia da Vodafone Brasil para se conectar à internet e para geolocalização.
Entre seus principais negócios, está o rastreamento e gestão de frota, em que atende clientes como a GolSat, especializada em gestão de frotas. Seus produtos também estão nas máquinas POS da Stone e Sum Up, além da fabricante Ingenico, e nos carros conectados da BMW. Atua ainda em sistemas de segurança, no agronegócio e até tornozeleiras eletrônicas.
Com o foco nos negócios de conectividade e internet das coisas, a empresa viu sua receita crescer 40% no primeiro semestre do ano, enquanto o número de clientes cresceu 70%.
Para reforçar o posicionamento focado em internet das coisas, a empresa resolveu mudar de nome no Brasil. Adotou o nome Arqia, uma junção das palavras arquitetura da informação e inteligência artificial. Também remete a um arco e à conexão, diz Eduardo Resende, diretor geral da Arqia, a EXAME durante evento Welcome Tomorrow Mobility.
Por isso, mais que fornecer o chip, a companhia ajuda seus clientes a desenvolver os sistemas, com a homologação das redes e integração entre os diferentes sistemas que o cliente opera. Cerca de 80 pessoas na Vodafone Brasil, agora Arqia, estão dedicadas ao desenvolvimento de tecnologia para clientes. “O foco tem dado certo e estamos fazendo investimento na ponta, mais que fornecer uma commodity”, diz.
A empresa acredita que, globalmente, o mercado de internet das coisas deve ir de 97 bilhões de euros em 2017 para 232 bilhões de euros em 2025. Consumidores terão até 2,5 bilhões de aparelhos conectados à internet, de smartphones, eletrônicos, relógios a aparelhos para casa. “O conceito de internet das coisas já está muito presente no dia a dia”, afirma o diretor.
“Estamos em um momento novo e acreditamos nesse mercado”, diz. Os objetos se conectam à internet de forma quase invisível. Mas, dada a expansão da presença das bicicletas Yellow e de maquininhas de cartão em todo Brasil, entre outros produtos, estar escondida não é um problema para a Arqia.