7 gurus inusitados que nunca dirigiram uma empresa (e são respeitados por isso)
Um mafioso, um rapper e até uma freira são alguns dos personagens inusitados que atraem os executivos com suas lições de gestão
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2012 às 09h34.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h24.
São Paulo - Ladrão aos 12 anos de idade, Louis Ferrante cuidou de um desmanche de carros na adolescência, liderou assaltos à mão armada e foi considerado suspeito de grandes roubos nos Estados Unidos antes mesmo de completar 21 anos. Condenado pelos crimes em nome da família Gambino em 1994, o mafioso leu seu primeiro livro atrás das grades. O mergulho nas páginas foi o que bastou para que decidisse mudar de vida. Depois de cumprir pena por oito anos e meio, Ferrante escreveu sua aclamada biografia. Com o sucesso do livro, decidiu colocar os engravatados na linha de fogo. Recém-lançando em português, “O poderoso chefão corporativo” lista 88 estratégias da máfia que podem ser aplicadas no mundo dos negócios. O autor ensina, por exemplo, quando “levar bala do chefão”: antes de sacrificar a pele em nome da reputação do seu superior, avalie se ele já defendeu funcionários em outras ocasiões. A justificativa é que o mundo corporativo, assim como o crime organizado, não seria um empreendimento ideológico. Não bastaria, portanto, fazer as coisas por paixão - é preciso pesar os benefícios individuais em todas as ocasiões. Em outro de seus mandamentos, Ferrante defende por que "faz bem ir a um funeral (desde que não seja o seu)": assim como as parcerias garantem o sucesso da máfia, nos corredores corporativos as alianças também seriam imprescindíveis.
Indianápolis, 1987. Na quadra de basquete, Brasil e Estados Unidos disputavam a final dos jogos Pan-Americanos. O favoritismo estava com os americanos. E o placar parecia corroborar o oba-oba: no final do primeiro tempo, os brasileiros perdiam por uma diferença de 14 pontos. Segundo o então jogador Oscar Schmidt, o desânimo prevalecia na equipe. Mas depois de um banho de incentivo no intervalo, todos voltaram dispostos a dar o sangue pela medalha de ouro. O resultado? Uma virada de 120 a 115 - a primeira derrota da seleção americana na terra do Tio Sam. Quase vinte e cinco anos depois, o episódio continua rendendo frutos ao "Mão Santa". Longe das quadras, a história é contada por Oscar em palestras motivacionais que o ex-jogador realiza em empresas como Coca-Cola, Sky e Nestlé. A ideia é passar para frente a importância do trabalho em equipe, da obstinação pelo que se faz e de como é possível superar obstáculos que parecem intransponíveis. “Você pode ser o melhor jogador, mas você só vence se tiver um bom time", costuma afirmar Schmidt.
O que grandes executivos podem aprender com uma freira que dedicou boa parte da vida aos doentes e pobres de Calcutá? Na opinião da canadense Ruma Bose, que trabalhou como voluntária para Madre Teresa na Índia, os ensinamentos são muitos - e caberiam em um livro. Para explicar como uma mulher sem treinamento formal foi capaz de criar uma marca global com irresistível apelo público, ela lançou “Madre Teresa, CEO - princípios inesperados para uma liderança prática". O livro mostra como Madre Teresa transformou a Missionárias da Caridade, ordem fundada por ela em 1948, em uma organização com presença em 100 países, um exército de 4.000 colaboradores e milhões de dólares arrecadados regularmente. Manter uma visão simples e condizente com sua área de atuação é uma dos fundamentos dos chamados "princípios de Teresa". "Você imaginaria o jovem Bill Gates estruturando uma organização como a de Madre Teresa? Isso teria sido terrivelmente difícil, pois Gates não tinha um entendimento direto da pobreza", sustenta uma passagem. Justamente por isso, a autora insiste que os executivos se perguntem "de que atividade seriam uma Madre Teresa". O poder da disciplina (a ganhadora do Nobel da Paz acordava todos os dias às 04h40 para rezar) e o cuidado com os funcionários são lembrados como exemplos da missionária que morreu em 1997 e foi beatificada em 2003.
"Eu não sou um homem de negócios, eu sou um negócio". Assinado por Jay Z, o verso sintetiza o modo de ganhar dinheiro do menino que superou a infância pobre no Brooklyn, se projetou como rapper renomado e casou com a cantora Beyoncé. Mas nem tudo são flores na trajetória de um dos artistas de hip hop mais bem sucedidos da história. Ex-traficante, o músico já atirou em um irmão depois de tê-lo pego usando uma de suas joias e esfaqueou um produtor que era seu desafeto. Se debruçando sobre os altos e baixos do rapper, Zack O'Malley Greenburg, autor do livro "How Jay-Z Went from Street Corner to Corner Office", descobriu que ele repetia dois mantras aos parceiros mais próximos: não deixe que outros ganhem dinheiro à custa do seu talento ou que façam publicidade gratuita com seu estilo de vida. Aparentemente, segui-los deu certo. Além dos proventos que recebe com shows e direitos autorais, Jay Z é frequentemente chamado para associar seu nome a diferentes marcas, da Hewlett-Packard a Budweiser. Adicionalmente, conta com uma linha de roupas, outra de perfumes e tênis patrocinados pela Reebok. No patrimônio do cantor, também entram uma empresa de publicidade, uma cadeia de bares e boates e uma fatia do time de basquete New Jersey Jets.
Sua história já foi contada nos cinemas, em cinco livros de autoria própria e em outros que reproduzem suas falas com foco empresarial. Mas o protagonismo em aventuras pelos mares faz com que as palestras de Amyr Klink permaneçam requisitadas no Brasil. Até hoje, já foram mais de 2.000. A travessia do Atlântico em um barco a remo e os 22 meses a bordo do barco Paratii são algumas das expedições que continuam rendendo enfoques dos mais variados nas suas exposições. Na lista de temas abordados por Amyr, estão desde "Autoliderança e protagonismo com a vida", passando por "Futuro do mercado náutico" e "Navegando de pólo a pólo - gestão de planejamento". Para muita gente, o compartilhamento de experiências tão diferentes fala mais alto que o be-a-bá voltado para o mundo corporativo. Não por menos, frases como "um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos” continuam sendo ouvidas - e replicadas por aí -, consolidando a fama do navegador nas empresas.
Em 2003, Jayson Blair estarreceu muita gente depois de admitir a publicação de plágios e invenções no The New York Times, o jornal mais respeitado dos Estados Unidos. A empresa, inclusive, descreveu aquele como o ponto baixo dos seus mais de 150 anos de história. Um time de repórteres foi escalado para rastrear os 673 textos que Blair publicara em seus quatro anos no NYT. Como resultado, foram descobertas menções a pessoas que não existiam e locais onde Jayson jamais estivera. As palavras de Blair pareciam fadadas ao ostracismo. Mas quatro anos depois o ex-jornalista transformou-se - surpresa - em um "life coach", profissional que dá dicas de vida e carreira. Por 130 dólares a hora, ele procura "ser autêntico e envolvente, usando experiências próprias e sendo tão vulnerável quanto espera que os clientes sejam". A descrição é do seu site na internet. Blair recebeu a certificação para a nova função na Ashburn Psychological Services. Segundo Michael Oberschneider, diretor da instituição, poucas pessoas conseguem recomeçar do zero depois de passarem pelo que ele passou e, por isso, o ex-jornalista poderia inspirar muitos com sua história de vida.
Mais lidas
Mais de Negócios
Mesbla, Mappin, Arapuã e Jumbo Eletro: o que aconteceu com as grandes lojas que bombaram nos anos 80O negócio que ele abriu no início da pandemia com R$ 500 fatura R$ 20 milhões em 202410 mensagens de Natal para clientes; veja frasesEle trabalhava 90 horas semanais para economizar e abrir um negócio – hoje tem fortuna de US$ 9,5 bi