3G foca em alimentos e deixa megacervejaria fermentando
Talvez a 3G só tenha espaço para um mega-acordo de cada vez
Da Redação
Publicado em 27 de março de 2015 às 14h19.
A possível combinação da Anheuser-Busch InBev NV e de sua rival de US$ 86 bilhões, a SABMiller Plc, vem sendo tema de negociação há pelo menos um ano. Os investidores brasileiros por trás da 3G Capital estão entre os principais proprietários da AB InBev .
Alguns analistas especularam que a 3G poderia ajudar a orquestrar uma transação, assim como o fez quando a InBev NV comprou a Anheuser-Busch, fabricante da Budweiser, em 2008 para criar a cervejaria número um.
O problema é que trata-se da mesma 3G Capital que acabou de facilitar o acordo de fusão anunciado na quarta-feira entre os colossos do setor de alimentos Kraft Foods Group Inc. e H.J. Heinz. Talvez a 3G só tenha espaço para um mega-acordo de cada vez.
“Uma das possibilidades teria sido que a 3G e a AB InBev tivessem ido atrás da SABMiller em uma espécie de forma conjunta”, disse Richard Withagen, analista em Amsterdam da Kepler Cheuvreux, em entrevista por telefone.
“Elas poderiam fazê-lo por conta própria, mas é claro que o envolvimento da 3G seria de ajuda”.
Combinar a SABMiller com a AB InBev provavelmente pudesse render cerca de US$ 1 bilhão em economias, menos que o US$ 1,5 bilhão que a Kraft e a Heinz estão visando, disse Philip Gorham, da Morningstar Inc.
Esse poderia ser um dos motivos pelos quais o segundo acordo foi mais atraente para a 3G neste momento.
Ir atrás da Kraft também poderia ser um indício de que a 3G está se concentrando em uma expansão fora do setor cervejeiro e que usará a AB InBev como uma máquina de dinheiro para bancar isso, disse Ian Shackleton, da Nomura Holdings Inc.
Outros cenários
A AB InBev poderia começar a analisar outros cenários de negócios. A marca Guinness, da Diageo Plc, a fabricante de bebidas energéticas Monster Beverage Corp., a Keurig Green Mountain Inc. e até a vendedora de lanches e refrigerantes PepsiCo Inc., avaliada em US$ 142 bilhões, são alvos que poderiam ser estudados.
A megacervejaria continua sendo uma possibilidade, embora é provável que tenha sido afastada neste momento. Como as grandes empresas de alimentos embalados, a AB InBev está enfrentando um crescimento mais lento e precisa de aquisições para manter o fluxo de ganhos de receita.
Comprar a SABMiller ajudaria a cervejaria de US$ 195 bilhões a expandir em regiões como a África. Os obstáculos para um acordo são a cotação e o escrutínio antitruste.
A AB InBev “ainda pode fazer coisas por conta própria, aquisições suplementares na Ásia seriam um bom ponto para ampliar a participação de mercado, por exemplo, mas acho que a SAB é o negócio transformador”, disse Gorham, da Morningstar, em entrevista por telefone.
“É uma questão de momento. As estrelas precisam se alinhar. Você precisa ter a 3G com a flexibilidade estratégica e financeira para fazer um grande negócio”.
Conexão com Buffett
Um curinga talvez seja Warren Buffett. A Berkshire Hathaway Inc., que pertence ao bilionário, está estabelecendo uma parceria com a 3G na transação da Kraft após a dupla ter comprado a Heinz em 2013.
Buffett continuará tendo muito dinheiro depois e poderia canalizá-lo para financiar uma fusão no setor cervejeiro se quisesse.
Há anos Buffett vem dizendo que está disposto a lidar com grandes transações. No mês passado, na carta anual aos acionistas da Berkshire, ele disse que espera participar de mais negócios com a 3G e com Jorge Paulo Lemann, o bilionário que é um dos fundadores da empresa.
“Independentemente da estrutura, nós nos sentimos bem quando trabalhamos com Jorge Paulo”, escreveu Buffett.
A possível combinação da Anheuser-Busch InBev NV e de sua rival de US$ 86 bilhões, a SABMiller Plc, vem sendo tema de negociação há pelo menos um ano. Os investidores brasileiros por trás da 3G Capital estão entre os principais proprietários da AB InBev .
Alguns analistas especularam que a 3G poderia ajudar a orquestrar uma transação, assim como o fez quando a InBev NV comprou a Anheuser-Busch, fabricante da Budweiser, em 2008 para criar a cervejaria número um.
O problema é que trata-se da mesma 3G Capital que acabou de facilitar o acordo de fusão anunciado na quarta-feira entre os colossos do setor de alimentos Kraft Foods Group Inc. e H.J. Heinz. Talvez a 3G só tenha espaço para um mega-acordo de cada vez.
“Uma das possibilidades teria sido que a 3G e a AB InBev tivessem ido atrás da SABMiller em uma espécie de forma conjunta”, disse Richard Withagen, analista em Amsterdam da Kepler Cheuvreux, em entrevista por telefone.
“Elas poderiam fazê-lo por conta própria, mas é claro que o envolvimento da 3G seria de ajuda”.
Combinar a SABMiller com a AB InBev provavelmente pudesse render cerca de US$ 1 bilhão em economias, menos que o US$ 1,5 bilhão que a Kraft e a Heinz estão visando, disse Philip Gorham, da Morningstar Inc.
Esse poderia ser um dos motivos pelos quais o segundo acordo foi mais atraente para a 3G neste momento.
Ir atrás da Kraft também poderia ser um indício de que a 3G está se concentrando em uma expansão fora do setor cervejeiro e que usará a AB InBev como uma máquina de dinheiro para bancar isso, disse Ian Shackleton, da Nomura Holdings Inc.
Outros cenários
A AB InBev poderia começar a analisar outros cenários de negócios. A marca Guinness, da Diageo Plc, a fabricante de bebidas energéticas Monster Beverage Corp., a Keurig Green Mountain Inc. e até a vendedora de lanches e refrigerantes PepsiCo Inc., avaliada em US$ 142 bilhões, são alvos que poderiam ser estudados.
A megacervejaria continua sendo uma possibilidade, embora é provável que tenha sido afastada neste momento. Como as grandes empresas de alimentos embalados, a AB InBev está enfrentando um crescimento mais lento e precisa de aquisições para manter o fluxo de ganhos de receita.
Comprar a SABMiller ajudaria a cervejaria de US$ 195 bilhões a expandir em regiões como a África. Os obstáculos para um acordo são a cotação e o escrutínio antitruste.
A AB InBev “ainda pode fazer coisas por conta própria, aquisições suplementares na Ásia seriam um bom ponto para ampliar a participação de mercado, por exemplo, mas acho que a SAB é o negócio transformador”, disse Gorham, da Morningstar, em entrevista por telefone.
“É uma questão de momento. As estrelas precisam se alinhar. Você precisa ter a 3G com a flexibilidade estratégica e financeira para fazer um grande negócio”.
Conexão com Buffett
Um curinga talvez seja Warren Buffett. A Berkshire Hathaway Inc., que pertence ao bilionário, está estabelecendo uma parceria com a 3G na transação da Kraft após a dupla ter comprado a Heinz em 2013.
Buffett continuará tendo muito dinheiro depois e poderia canalizá-lo para financiar uma fusão no setor cervejeiro se quisesse.
Há anos Buffett vem dizendo que está disposto a lidar com grandes transações. No mês passado, na carta anual aos acionistas da Berkshire, ele disse que espera participar de mais negócios com a 3G e com Jorge Paulo Lemann, o bilionário que é um dos fundadores da empresa.
“Independentemente da estrutura, nós nos sentimos bem quando trabalhamos com Jorge Paulo”, escreveu Buffett.