10 empresas que lucram enquanto mudam o mundo
Com a ajuda de especialistas, a Fortune selecionou empresas que têm um bom desempenho e, ao mesmo tempo, ajudam a resolver problemas ambientais e sociais
Luísa Melo
Publicado em 30 de agosto de 2015 às 09h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 14h34.
São Paulo - A partir da análise de empresários, acadêmicos e especialistas, a Fortune reuniu 51 empresas que "estão ajudando a melhorar o mundo". São companhias que incluem em suas estratégias competitivas projetos para solucionar problemas sociais e ambientais , por exemplo. A revista alerta que sua intenção não é construir um ranking global da "bondade" nem da responsabilidade social das organizações. "Grandes empresas têm operações complexas que afetam o mundo de inúmeras formas. O objetivo aqui é simplesmente lançar luz em instâncias em que elas estão fazendo o bem, dentro de suas metas de gerar lucro", disse a revista. Nas fotos, veja 10 corporações da lista .
Por que estão na lista: juntas, as operadoras britânica Vodafone e queniana Safaricom criaram, em 2007, o M-Pesa, uma espécie de banco operado por celular. Por meio dele, clientes podem transferir dinheiro, receber pagamentos e pagar contas, por exemplo. O sistema, segundo especialistas ouvidos Fortune, transformou a economia do Quênia pois movimentou quantias que "seriam literalmente guardadas debaixo do colchão" caso ele não existisse. Cerca de 42% do PIB do país é movimentado por meio do M-Pesa, de acordo com a revista.
Na definição da Fortune, o Google é "uma grande força contra a ignorância" que já mudou o mundo de tal forma que é "difícil se lembrar de como era antes de ele existir". Por mês, segundo a revista, a empresa processa mais de 100 bilhões de buscas. Mas não é só por isso que ela está na lista. O Google Translate, por exemplo, traduz 1 bilhão de questões linguísticas por dia e "diminui lacunas de comunicação". O Google Books, com mais de 25 milhões de livros escaneados, está se tornado "o mais abrangente arquivo de linguagem escrita". Já o Google Earth, com seu mapeamento por satélite, ajuda cientistas a estudarem os efeitos do aquecimento global.
A montadora japonesa foi a primeira a produzir um carro híbrido em série, em 1997, dando partida ao combate ao problema das emissões de gases estufa da indústria automobilística. O sistema do modelo Prius era alimentado metade por gasolina e metade por bateria. Hoje, os veículos híbridos correspondem a cerca de 3% de todos os vendidos nos Estados Unidos. No Japão, a fatia é de 30%. De todos os carros desse tipo comprados no mundo, 40% são da Toyota . Neste ano, a empresa lança o Mirai, primeiro automóvel fabricado em massa que é movido a célula-combustível (ou fuel cell), tecnologia que usa uma combinação de hidrogênio e oxigênio para gerar energia.
O Walmart tem buscado criar produtos ecologicamente corretos e agir de forma mais sustentável. Neste ano, a empresa anunciou um novo sabão líquido que gasta 30% menos água em sua fabricação e é 50% mais eficiente do que os encontrados no mercado. O produto, batizado de Purex PowerShot, foi desenvolvido em parceria com a química Henkel. Há dez anos, a companhia estabeleceu a meta de usar energia renovável em 100% da sua cadeia de suprimentos, eliminar o desperdício e criar um sistema mais sustentável. Hoje, segundo a Fortune, 26% da eletricidade consumida pela varejista vem de fontes renováveis e ela gasta 9% menos energia do que em 2010. Também neste ano, a empresa surpreendeu concorrentes ao aumentar o salário mínimo de seus funcionários, uma reivindicação antiga da equipe.
Com receitas de 101 bilhões de dólares, a distribuidora de energia italiana Enel gerou 38% da sua produção a partir de fontes renováveis no ano passado. Foram usadas energia solar, eólica e geotérmica. Francesco Starace, presidente da empresa, promete que a fatia de energia limpa da empresa subirá para 48% em quatro anos e que ela será livre de carbono até 2050.
A farmacêutica britânica GSK ( GlaxoSmithKline ) é a criadora da vacina contra a malária Mosquirix. Desenvolvido durante três décadas, o medicamento é capaz de reduzir os casos da doença em crianças em 40%. A malária mata 600.000 pessoas por ano, segundo a Fortune, a maioria ainda na infância. A vacina é vendida por um preço 5% acima dos custos para fabricá-la e toda a renda obtida será revertida em pesquisas contra doenças tropicais. As potencialidades descobertas no seu desenvolvimento serão aplicadas em outros projetos, como remédios que buscam a imunização contra herpes zóster, hepatite C e HIV.
A Jain começou a fornecer sistemas de micro irrigação para pequenos agricultores na Índia em 1986, quando se deu conta de que a tecnologia usada em grandes lavouras poderia ser adaptada. Em sua maioria, os produtores locais dependiam da chuva para aguar suas plantações, segundo a Fortune. Com a ajuda do produto, a produção pode crescer de 50% a 300%, dependendo da planta. A empresa também se lançou no ramo de bombas solares, financiamentos e processamento, criando um mercado pronto para esses pequenos produtores. Hoje ela é a segunda maior companhia em irrigação por gotejamento do mundo e está presente em 116 países.
A Cisco foi pioneira em instituir colaboração entre escritórios de Israel e da Palestina, atitude agora seguida por outras grandes empresas, como Google e Microsoft. Os esforços, segundo a Fortune, ajudaram a área de TI a crescer 64% de 2010 a 2014. Essa atividade é hoje responsável por 10% do PIB da Cisjordânia, segundo a revista. A empresa também já investiu 15 milhões de dólares em incubadoras do Oriente Médio e em programas de formação de jovens locais.
A Novartis criou um plano, em 2006, para entregar medicamentos básicos, como contra diarreia, parasitas, deficiências nutricionais e doenças respiratórias à zona rural da Índia. Mas o objetivo do projeto não era apenas a filantropia, ele deveria ser sustentável. Como o nível educacional era baixo, o atendimento médico escasso e os canais de distribuição de remédio praticamente não existiam, a farmacêutica decidiu levar profissionais de saúde para o país. Eles trataram cerca de um milhão de pacientes desde 2010, segundo a Fortune, e criaram na população uma consciência sobre a necessidade da higiene para a prevenção de enfermidades. De acordo com a revista, apenas 31 meses após o lançamento, o programa Arogya Parivar (saúde familiar, em hindu) já se bancava sozinho. Hoje ele também é aplicado no Quênia, Vietnã e Indonésia.
Na definição da Fortune, por meio do poder da conectividade, o Facebook passou de um "mero descobridor de amigos a uma vitrine global, preservando laços culturais perdidos na diáspora moderna e facilitando a comunhão ao redor do mundo". A revista destaca que, embora a rede possa eventualmente ser usada para o mal (como no caso de recrutamento de jovens pelo Estado Islâmico), normalmente ela é usada para o bem (como no caso do "desafio do balde de gelo", que ajudou a arrecadar 115 milhões de dólares para o estudo da doença esclerose lateral amiotrófica).
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