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Voto latino é fundamental nos EUA, mas ainda negligenciado pelos partidos

Eleitores latinos são o maior grupo em crescimento desde 2020 e podem ser decisivos nas eleições dos EUA

Voto latino: participação crescente pode decidir o futuro das eleições presidenciais nos EUA (OSCE/Divulgação)

Voto latino: participação crescente pode decidir o futuro das eleições presidenciais nos EUA (OSCE/Divulgação)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 29 de outubro de 2024 às 17h57.

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Angel Ozuna teve de passar 27 anos nos Estados Unidos para poder votar em uma eleição presidencial, mas ainda não sabe se exercerá esse direito em 5 de novembro. No estado da Geórgia, no sudeste do país, decisões como a desse eleitor latino podem definir as eleições.

O cidadão mexicano de 50 anos, naturalizado americano, prefere Donald Trump, embora a atitude do candidato republicano em relação à sua rival democrata, Kamala Harris, o faça duvidar sobre apoiá-la ou não. “Não acho que seja justo um homem atacar uma mulher da maneira como ele a ataca”, comenta.

Ozuna é um dos quase 36,2 milhões de latinos que poderão votar este ano nos Estados Unidos. Esse eleitorado, que foi o que mais cresceu desde 2020, “pode ser o que inclina a balança” para um ou outro partido, disse Rodrigo Dominguez-Villegas, diretor do Latino Data Hub da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

Eleitorado latino nos estados-pêndulo

Seu papel será importante nos sete estados-pêndulo - aqueles em que nenhum partido tem uma vantagem clara - que decidirão a eleição presidencial. Não apenas no Arizona ou em Nevada, onde os latinos representam 24,6% e 20,9% do eleitorado, mas também na Geórgia e na Pensilvânia.

Falta de experiência nas campanhas

Em uma disputa presidencial muito acirrada, de acordo com as pesquisas, pode-se pensar que os partidos estão fazendo o possível para convencer os latinos. Mas a realidade é diferente, segundo Dominguez-Villegas. “Há pouca experiência nas campanhas, poucos estrategistas políticos de origem latina”, observa o especialista, que lamenta o fato de os partidos ainda considerarem os latinos como um bloco monolítico.

“Além da diversidade de países de origem e descendência, há uma diversidade de ideologias, idades e até mesmo raças”, lembra ele. A falta de atenção ao eleitor latino foi agravada por episódios como o de domingo (27), quando o comediante Tony Hinchcliffe chamou Porto Rico de “ilha flutuante de lixo” durante um comício de Trump.

“O dano está feito”, disse Javier Torres Martínez, porto-riquenho de 45 anos que mora perto de Miami. “Antes de domingo, eu estava 100% convencido a votar em Trump e agora estou 100% motivado a sair e votar em Kamala Harris”, acrescenta o presidente de uma empresa de seguros de saúde.

Vantagem democrática

Nos arredores de Atlanta, o escritório do Galeo Impact Fund exibe uma placa de Harris com as palavras em espanhol: “La Presidenta”. Membros da organização tentam chegar onde as campanhas não chegam, para convencer os latinos a apoiar os democratas.

“O que eu sempre digo à nossa comunidade é que nós temos poder”, afirma Kyle Gomez-Leineweber, diretor de políticas e defesa. “E se conseguirmos mobilizar nossa comunidade, ela decidirá quem estará na Casa Branca.”

De acordo com uma pesquisa do New York Times publicada este mês, 56% dos latinos apoiam Harris, contra 37% que apoiam Trump. Essa vantagem de 19 pontos percentuais é a menor para um candidato democrata desde 2016, observa o jornal.

De sua loja de perfumes em Atlanta, Ozuna explica que confia em Trump para melhorar a economia e reduzir a imigração ilegal, questão importante para ele. Nos próximos dias, decidirá se vai ou não às urnas depois de uma campanha tensa. “Sinto que, em vez de política, isso é como uma guerra pessoal” entre os candidatos, lamenta ele.

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