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Venezuela: Crise é feita para justificar intervenção militar, diz governo

Jorge Arreaza disse que não há uma crise humanitária no país, mas sim uma crise econômica, causada pelas sanções dos Estados Unidos e da Europa

Venezuela: há pelo menos 4 anos o governo impede a entrada de representantes de direitos humanos da ONU para monitorar a situação no país (Carlos Eduardo Ramirez/Reuters)

Venezuela: há pelo menos 4 anos o governo impede a entrada de representantes de direitos humanos da ONU para monitorar a situação no país (Carlos Eduardo Ramirez/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de setembro de 2018 às 15h58.

Genebra - O chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, denunciou nesta segunda-feira, 10, na ONU a ameaça de uma intervenção militar em seu país, e alertou que a crise econômica está sendo "manipulada" e "promovida" para justificar um "golpe militar".

No fim de semana, o jornal "The New York Times" revelou que funcionários da administração do presidente Donald Trump teriam se reunido em segredo com militares venezuelanos rebeldes sobre um golpe contra o líder Nicolás Maduro. O governo chavista considerou a situação "inaceitável e injustificável" e convocou para terça-feira uma manifestação "contra o imperialismo".

Em seu discurso, o chanceler venezuelano insistiu que há um "interesse" da comunidade internacional em usar o tema de direitos humanos com o objetivo de intervir e "disseminar uma crise para promover uma intervenção multilateral". Arreaza se reuniu nesta segunda-feira com a chefe de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, após anos de clima de tensão entre a entidade e o governo Maduro.

Há pelo menos quatro anos Caracas impede a entrada de representantes de direitos humanos da ONU para monitorar a situação no país. O último encontro entre um alto representante da entidade para direitos humanos e um ministro de Maduro aconteceu em 2014. "Denunciamos essas medidas e pedimos, em nome do povo, o fim da agressão política, econômica, ameaça militar e agressão midiática", disse o chanceler.

Citando o relatório de um aliado na ONU, Arreaza insistiu que a Venezuela não vive uma crise humanitária. "Existe uma crise econômica como resultado das sanções de EUA e Europa que agravam a situação." Em sua avaliação, é o embargo promovido pelos americanos e europeus que acarreta a falta de remédios e alimentos - e poderia ser considerado um crime contra a humanidade.

Na avaliação de Arreaza, as sanções têm como meta "forçar uma mudança de regime, inclusive com um golpe militar por parte do governo Trump". "Há um golpe militar sendo preparado para perturbar nossa democracia", denunciou. "Talvez tenhamos muito petróleo e isso nos coloque nos objetivos dos grandes interesses capitalistas."

Ao discursar, o chanceler apontou ainda como o tema de direitos humanos se tornou uma "arma" nessa estratégia e acusou os documentos do Alto Comissariado da ONU de "difamatórios". Os textos revelam sérias violações de direitos humanos.

Mesmo as ofertas de ajuda humanitária ao país são consideradas manipulações. "É um grande cinismo. Ele promovem bloqueios contra a Venezuela e depois oferecem ajuda humanitária. Nos enforcam e depois querem ser nossos salvadores", ironizou Arreaza.

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