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Venda de drogas na Argentina cresceu 50% desde 2010

Estudo mostra que a venda de drogas no país cresceu 50% entre 2010 e 2014 até afetar quase metade dos lares urbanos


	Drogas: pelo menos 45% dos moradores de lares urbanos da Argentina disse que tinha percebido venda de drogas em seu bairro em 2014
 (Antonio Cruz/ABr)

Drogas: pelo menos 45% dos moradores de lares urbanos da Argentina disse que tinha percebido venda de drogas em seu bairro em 2014 (Antonio Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2015 às 16h59.

Buenos Aires - A venda de drogas na Argentina cresceu 50% entre 2010 e 2014 até afetar quase metade dos lares urbanos, especialmente aqueles dos bairros mais vulneráveis, segundo um relatório apresentado nesta segunda-feira pela Universidad Católica Argentina (UCA).

Pelo menos 45% dos moradores de lares urbanos da Argentina disse que tinha percebido venda de drogas em seu bairro no ano passado, frente a 30% que em 2010 tinha se dado conta deste tipo de atividade.

Isso representa um aumento de 50% no período de quatro anos, fenômeno que cresce "exponencialmente" nos assentamentos precários das grandes cidades, revelou hoje o coordenador do estudo realizado pela UCA, Agustín Salvia, em entrevista coletiva.

Segundo o Barômetro do Narcotráfico e das Dependências na Argentina, baseado em 28.000 entrevistas em lares de conglomerados urbanos, nos bairros de nível socioeconômico meio-alto a percepção da venda de drogas cresceu 30%.

Enquanto isso, nos de níveis baixos, o aumento foi de entre 50% e 60%, prejudicando especialmente favelas e assentamentos, onde a venda de substâncias ilícitas no entorno foi reconhecida por 84% das famílias.

Apesar de Salvia ter ressaltado que o fator mais importante para que o narcotráfico se estenda é o residencial, nessas comunidades, onde ainda existe precariedade laboral, as dependências se veem ainda mais potencializadas.

Neste sentido, em bairros nos quais a maioria das pessoas ativas desfruta de pleno emprego, a percepção de venda de entorpecentes aumentou 26% desde 2010, enquanto naquelas zonas com déficit laboral o aumento foi de 57%.

O narcotráfico "penetra muito mais facilmente em espaços de alta vulnerabilidade social, debilitados e de pouca presença estatal", comentou Salvia, salientando que se trata ainda de uma atividade econômica com "altos níveis de rentabilidade" que penetra nas comunidades "para transformar os sujeitos em viciados".

"O mercado se estendeu pelos lugares mais pobres porque ali é onde o Estado está menos presente", declarou, antes de destacar que a "ampliação" do negócio nestas áreas se deve à falta de políticas públicas e a agentes paraestatais que operam "para gerar situações de arbitrariedade".

No entanto, para o coordenador do estudo, a causa principal é a incapacidade das "frágeis" instituições para dar uma resposta a esta problemática que afeta especialmente os jovens fáceis de recrutar, que se transformam em uma ferramenta imprescindível para as organizações mafiosas.

O Barômetro é o primeiro de uma série de estudos sobre o narcotráfico no país, que serão publicados duas vezes por ano, e se baseia em uma amostra de 28.415 casos, composta por maiores de 18 anos que vivem em lares de aglomerados urbanos da Argentina com mais de 80.000 habitantes.

As entrevistas foram realizadas no quarto trimestre de cada ano, de 2010 a 2014 e a margem de erro estatístico é de 1,3% para mais ou para menos.

A publicação do relatório acontece quatro dias depois de o sacerdote Juan Carlos Molina ter renunciado a seu posto na Secretaria de Programação para a Prevenção da Toxicomania e a Luta contra o Narcotráfico (Sedronar), que dirigia desde dezembro de 2013.

Próximo ao papa Francisco, Molina era reconhecido por sua defesa da "não criminalização" do consumo de drogas, uma postura pela qual recebeu várias críticas.

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