Veículo atropela pedestres em frente a uma mesquita em Londres
O incidente acontece em um contexto de extremo nervosismo, depois que o Reino Unido foi atingido por três atentados em três meses
AFP
Publicado em 19 de junho de 2017 às 06h29.
Última atualização em 19 de junho de 2017 às 06h32.
Uma pessoa foi presa depois que um veículo atropelou neste domingo à noite (segunda no horário local) vários pedestres no nordeste de Londres , segundo o Conselho Muçulmano do Reino Unido (MCB).
"A polícia foi alertada às 00H20 (23H20 GMT, 20H20 horário de Brasília) após relato de que um veículo colidiu com pedestres", informou a polícia em um comunicado. "Há um certo número de feridos" e "uma pessoa detida", segundo a mesma fonte.
O serviço de ambulâncias de Londres informou por sua vez que "enviou várias equipes a um incidente em Seven Sisters Road", no norte da capital britânica.
"Uma equipe especializada de ambulâncias móveis também foi enviado", acrescentou o serviço em um comunicado.
A primeira-ministra Theresa May condenou o "incidente terrível", enquanto o líder trabalhista da oposição, Jeremy Corbyn, disse estar "totalmente chocado", acrescentando que estava em contato com mesquitas e policiais.
Segundo o MCB, a organização representativa de muçulmanos britânicos, o incidente teria acontecido em frente a uma mesquita.
"Fomos informados de que uma van atropelou fiéis quando eles deixavam a mesquita #FinsburyPark. Nossas orações estão com as vítimas", disse o conselho muçulmano da Grã-Bretanha (MCB) no Twitter.
Harun Khan, secretário-geral do MCB, disse que a van tinha "intencionalmente" atropelar pessoas que deixavam preces noturnas neste mês sagrado do Ramadã.
Mohammed Shafiq, que dirige a organização muçulmana Ramadhan Foundation, condenou este "mal-intencionado ataque", em um comunicado.
"Caso se confirme que se trata de um ataque deliberado, então terá que ser considerado um ato terrorista", afirmou.
Cage, uma associação muçulmana de defesa dos direitos humanos, denunciou "o aumento desenfreado da islamofobia" e fez um pedido de "calma".
No período do Ramadã, os muçulmanos praticantes vão à mesquita depois do Iftar, o final do jejum ao anoitecer, e fazem orações até a meia-noite.
Três atentados em três meses
A mesquita de Finsbury Park era conhecida, no início dos anos 2000, por ser um lugar de militantes islamitas de Londres, que frequentavam o centro para escutar os incendiários sermões de Abu Hamza.
Este pregador egípcio foi condenado à prisão perpétua em janeiro de 2015 nos Estados Unidos, por onze acusações vinculadas a uma tomada de reféns e por terrorismo.
Em 2015, a mesquita foi uma de cerca de 20 que participaram de um dia organizado pelo MCB para promover uma melhor compreensão do Islã após ataques extremistas em Paris.
Apesar da mudança de liderança e do novo foco nas relações com a comunidade, a mesquita recebeu uma série de e-mails e cartas ameaçadoras na sequência dos ataques de Paris.
"É horrível ver policiais fazendo massagens cardíacas em pessoas deitadas no chão, querendo desesperadamente salvá-las", escreveu no Twitter Cynthia Vanzella, uma testemunha.
"Nós vimos muitas pessoas gritando e muitas pessoas feridas", disse à AFP David Robinson, 41 anos, que chegou logo após o acidente. "Parece que a mesquita foi o alvo", acrescentou.
Uma outra testemunha, de 19 anos, que não quis ser identificada, disse ter visto "uma van branca com três homens a bordo".
O tráfego foi fechado pela polícia na parte da Seven Sisters Road onde o incidente aconteceu.
Um grupo de muçulmanos rezou na rua, perto do local do incidente, constatou um jornalista da AFP.
O incidente acontece em um contexto de extremo nervosismo, depois que o Reino Unido foi atingido por três atentados em três meses, dois deles com veículos jogados contra as pessoas.
No dia 22 de março, Khalid Masood, um britânico de 52 anos convertido ao islã e conhecida da polícia, lançou seu veículo contra vários pedestres na ponte de Westminster, no centro de Londres, antes de assassinar um policial com uma faca em frente ao parlamento. Houve ao todo cinco mortos.
Em 22 de maio em Manchester, um atentado suicida, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico, deixou 22 mortos e uma centena de feridos na saída de um show da cantora americana Ariana Grande. O autor, Salman Abadi, era um britânico de 22 anos de origem libanesa.
Em 3 de junho, três agressores a bordo de uma van atropelaram várias pessoas na London Bridge e depois esfaquearam outras no Borough Market, antes de serem abatidos pela polícia. Oito pessoas morreram no ataque.