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Uruguai: Sarkozy estava 'contrariado' com fracasso francês no G20

Presidente francês acusou o país sul-americano de ser um paraíso fiscal; chanceler uruguaio disse que declaração foi 'destemperada'

Luis Almagro aumentou o tom das críticas uruguaias à França (Daniel Caselli/AFP)

Luis Almagro aumentou o tom das críticas uruguaias à França (Daniel Caselli/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2011 às 12h51.

Montevidéu - O chanceler uruguaio, Luis Almagro, indicou que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, estava "muito contrariado" com "o fracasso da estratégia francesa no G20" e deixou isso claro em uma declaração na qual incluiu o Uruguai em uma lista de paraísos fiscais.

"Creio que qualquer declaração sua é destemperada e está relacionada com o fracasso da estratégia francesa no G20", disse Almagro em uma entrevista concedida à revista Búsqueda publicada nesta quinta-feira.

"As quatro ou cinco solicitações feitas por Sarkozy no G20 foram rejeitadas, como a de regular os preços das commodities, os temas financeiros, etc. Ele utilizou o G20 como uma plataforma política, mas não deu certo. Acho que estava muito contrariado e manifestou isso nessa declaração infeliz", acrescentou o ministro das Relações Exteriores.

No dia 4 de novembro, ao término da cúpula do G20 realizada em Cannes (sul da França), Sarkozy incluiu o Uruguai em uma lista de paraísos fiscais, posição que gerou grande descontentamento em Montevidéu, que convocou seu embaixador em Paris.

Almagro afirmou que "o Uruguai sabia que Sarkozy tem há muito tempo uma postura muito forte contra a evasão fiscal" e, por isso, Montevidéu decidiu que "um dos primeiros países com os quais iria trabalhar esse tema era a França".

Após uma curta passagem pela "lista negra" de paraísos fiscais estabelecida pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Uruguai integra desde abril de 2009 a "lista cinza" de nações que não implementaram todos os padrões internacionais de cooperação em matéria tributária.

Desde então, o país ratificou convênios de tributação com Espanha, México e França e tem sete em processo de aprovação no Parlamento (com Portugal, Suíça, Alemanha, Índia, Liechtestein, Malta e Equador).

Nesta quinta-feira, o presidente José Mujica defendeu a estratégia adotada após as declarações de Sarkozy e rebateu as críticas da oposição, que acusou a Argentina (país com o qual não se chegou a um acordo de trocas de informação e de onde são provenientes cerca de 20% dos investimentos na praça financeira) de estar por trás da postura francesa.

Em declarações no programa de rádio "Fala presidente", Mujica disse que em vez de sair para protestar contra os países da região, optou-se por buscar aliados.

"Nós saímos para buscar aliados, tentando isolar a conduta do presidente francês", disse Mujica, defendendo sua "política de boa vizinhança" em questões diplomáticas e assegurando que, "com a Argentina, é preciso ter paciência estratégica".

Nas últimas semanas Mujica viajou para México e Brasil, onde recebeu o apoio explícito para o Uruguai após as declarações de Sarkozy.

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