Uruguai sairá de tratado que permite intervenção armada na Venezuela
Chanceler informou que país vai denunciar o acordo à OEA; nesta segunda, integrantes do TIAR decidiram sancionar associados ao governo de Nicolás Maduro
EFE
Publicado em 24 de setembro de 2019 às 15h48.
Última atualização em 24 de setembro de 2019 às 16h01.
Montevidéu — O ministro das Relações Exteriores do Uruguai , Rodolfo Nin Novoa, anunciou nesta terça-feira, 24, a saída do país do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) e que denunciará o pacto à Organização dos Estados Americanos (OEA).
Em entrevista coletiva em Montevidéu, Nin Novoa afirmou que, com a decisão de ativar o TIAR para sancionar integrantes do governo venezuelano vinculados a ações ilícitas, os países "estão abrindo passagem para uma intervenção armada" e enfatizou que o Uruguai "jamais se prestará" a esse tipo de ações.
"O Uruguai tomou a decisão de votar contra desta resolução, não a favor do governo da Venezuela, mas a favor do direito internacional e da paz", declarou o chanceler, antes de viajar para Nova York para representar o país na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Nin Novoa acrescentou que o país considera a resolução "um gravíssimo precedente" no âmbito de direito internacional "particularmente em relação ao princípio de solução pacífica das controvérsias e ao princípio de não intervenção".
"A carta das Nações Unidas estabelece no artigo 53 com meridiana clareza que se proíbe o uso de medidas coercitivas, tanto não armadas como armadas, quando não se intermedeie a autorização do Conselho de Segurança", especificou Nin Novoa.
O ministro ressaltou que vê "uso inadequado" do Tratado, o qual também classificou como "obsoleto" e "inconducente", por isso o Uruguai se retirará e o denunciará à OEA.
Segundo o chanceler uruguaio, o papel do Uruguai é "o que teve ao longo de toda a sua história": de fomentar a paz, o entendimento e o diálogo para a solução das controvérsias.
O TIAR, assinado em 2 de setembro de 1947 no Rio de Janeiro, tem como objetivo garantir a paz, fornecer ajuda efetiva para enfrentar os ataques armados de algum país e conjurar as ameaças de agressão contra qualquer um dos países que o integram.
Os integrantes do TIAR aprovaram na segunda-feira uma resolução para sancionar pessoas associadas ao governo venezuelano vinculadas a atividades ilícitas, corrupção ou violações dos direitos humanos. Dos 19 signatários, o Uruguai votou contra, Trinidad e Tobago se absteve e Cuba optou por não participar da reunião.