Viktor Orban, primeiro-ministro da Hungria: Orban afirmou na terça-feira que a questão da pena de morte, abolida em 1990 na Hungria, deveria ser debatida novamente (Attila Kisbenedek/AFP)
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2015 às 11h12.
Bruxelas - O presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker ameaçou nesta quinta-feira o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, com uma batalha se mantiver sua decisão de reabrir o debate sobre a pena de morte em seu país.
"A carta de direitos fundamentais da União Europeia proíbe a pena de morte, e Orban deveria dizer imediatamente e de forma clara que essa não é sua intenção. Se for sua intenção, haverá uma batalha", declarou Juncker à imprensa.
Orban afirmou na terça-feira que a questão da pena de morte, abolida em 1990 na Hungria, deveria ser debatida novamente, enfatizando que a legislação húngara (uma das mais severas da Europa) não era suficientemente dissuasiva depois do assassinato de uma empregada de loja na semana passada.
As declarações do premiê húngaro desataram uma forte reação por parte de Bruxelas, que já enfrentou em outras ocasiões o governo de Budapeste por suas posturas em termos de direitos humanos.
"Para a UE, a pena de morte jamais constitui uma resposta", afirmou o comissário europeu para Segurança, Dmitris Avramopoulos (do PPE), no Parlamento Europeu.
Uma fonte europeia anônima afirmou que, se a Hungria restabelecer a pena de morte, será aberto um processo que levará a sanções, incluindo a suspensão do direito de voto do país no Conselho Europeu.
As declarações de Orban sobre a pena de morte acontecem uma semana depois de chamar de "idiota" a postura da UE sobre a morte de africanos no Mediterrâneo, uma vez que é contrário à imigração.
A Hungria aboliu a pena capital depois do fim do comunismo em 1990 e, segundo os protocolos da UE, à qual aderiu em 2004, não pode restabelecê-la.