União Europeia: UE alerta que forças russas serão 'aniquiladas' se usarem armas nucleares (./Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de outubro de 2022 às 07h30.
Última atualização em 14 de outubro de 2022 às 07h31.
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, alertou nesta quinta-feira, 13, a Rússia que suas tropas seriam "aniquiladas" pela resposta ocidental caso o presidente russo, Vladimir Putin, cumpra com sua ameaça de usar armas nucleares na Ucrânia.
"Qualquer ataque nuclear contra a Ucrânia vai gerar uma resposta; não será uma resposta nuclear, mas será tão forte do ponto de vista militar que o Exército russo ficará aniquilado", disse o líder espanhol.
Para Borrell, o presidente Putin "garante que não está mentindo. E não pode se dar ao luxo de blefar agora".
É preciso deixar claro, acrescentou, que "aqueles que apoiam a Ucrânia - a UE e seus Estados-membros, os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) - também não estão blefando".
Depois que o governo russo decidiu anexar quatro territórios da Ucrânia, Putin alertou que a Rússia terá o direito de usar todos os recursos à sua disposição para se defender, em uma clara referência às armas atômicas.
Nesta quinta-feira, o secretário-geral da Otan, Jens Soltenberg, alertou que tal cenário, mesmo que com o uso de armas atômicas pequenas, teria "graves consequências".
"A Rússia sabe disso. Não vou entrar em detalhes sobre a nossa resposta agora, mas claramente isso mudaria de maneira fundamental a natureza do conflito", disse Stoltenberg na sede da Otan.
A aliança militar, disse o líder norueguês, "não faz parte do conflito" embora apoie a Ucrânia.
Stoltenberg reiterou que a Otan não percebeu nenhum "sinal de que a Rússia tenha mudado sua posição nuclear, mas a vigiamos 24 horas por dia, sete dias por semana".
O chefe da Otan acrescentou que tem "informações muito boas da inteligência" e acrescentou que as instalações nucleares da Rússia são vigiadas durante décadas.
Formalmente, a Otan ainda não ameaçou usar seu arsenal nuclear para responder à Rússia, já que a Ucrânia não é membro da aliança militar e, portanto, não está coberta por sua cláusula de autodefesa.
LEIA TAMBÉM: Putin propõe a Erdogan que Turquia seja novo centro de gás na Europa
Ainda nesta quinta-feira, o subsecretário do Conselho de Segurança da Rússia, Alexander Venediktov, ao comentar a recente candidatura de Kiev à Otan, disse que a entrada provocaria a 3ª Guerra.
"Esta é mais uma etapa de propaganda. Kiev compreende plenamente que este passo significará uma escalada garantida para a 3ª Guerra", disse o político em entrevista à agência de notícias russa Tass.
Venediktov destacou que, apesar das afirmações da Otan de que não está envolvida no conflito, as ações dos países ocidentais mostram que eles são participantes diretos da guerra.
"Entretanto, a admissão da Ucrânia na Otan daria automaticamente uma nova qualidade a esta participação, pois implicaria no Artigo Cinco (sobre defesa coletiva do grupo), e sabemos quais seriam as consequências para a humanidade", declarou.
O subsecretário do Conselho de Segurança russo acrescentou que os membros da Otan "entendem que tal medida seria suicida", razão pela qual, com exceção dos países bálticos, nenhum outro apoiou a proposta, e apenas foram ouvidas desculpas para não admitir a Ucrânia na aliança militar.
Em 30 de setembro, após a anexação das regiões ucranianas de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzia pela Rússia, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, assinou um pedido de adesão à Otan "de forma acelerada".
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, respondeu ao pedido dizendo que as portas da Otan "permanecem abertas" para a Ucrânia, mas lembrou que há um processo a ser seguido para obter a adesão.
LEIA TAMBÉM: Kiev volta a ser atingida por drones kamikaze de fabricação iraniana