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Ucrânia tem dia sangrento com ofensiva militar e tumultos

Ucrânia vive uma sexta caótica, com a ofensiva do Exército para recuperar a cidade de Slaviansk e um confronto entre pró-russos e nacionalistas em Odessa

Soldados esperam, enquanto ativistas pró-Rússia bloqueiam estrada: até o momento, a situação é mais preocupante na cidade portuária de Odessa (Genya Savilov/AFP)

Soldados esperam, enquanto ativistas pró-Rússia bloqueiam estrada: até o momento, a situação é mais preocupante na cidade portuária de Odessa (Genya Savilov/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2014 às 18h31.

Slaviansk - A Ucrânia vive uma sexta-feira caótica, com a ofensiva do Exército ucraniano para recuperar a cidade separatista de Slaviansk, no leste, e um confronto entre pró-russos e nacionalistas em Odessa, no sul, que deixou mais de 30 mortos.

Em Slaviansk, onde a população acordou com o estrondo de canhões, o prefeito autoproclamado da cidade, Viacheslav Ponomarev, pediu em um vídeo que "mulheres, crianças e idosos não saiam de casa" e que "todos os homens ajudem" os insurgentes.

"Nossa cidade foi atacada, começou a invasão, sofremos baixas", declarou.

O presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchynov, disse que dois soldados ucranianos morreram na ofensiva, enquanto uma porta-voz insurgente indicou a morte de três rebeldes e dois civis.

O Ministério da Defesa também anunciou que dois soldados haviam sido mortos perto de Slaviansk.

Mas, até o momento, a situação é mais preocupante na cidade portuária de Odessa, às margens do Mar Negro, onde uma manifestação em favor da unidade da Ucrânia foi violentamente atacada por militantes pró-russos.

Quatro pessoas morreram e pelo menos 15 ficaram feridas. Logo depois, um incêndio causado pelos confrontos deixou 31 mortos.

Esse registro revisa um anterior que indicava 38 mortes.

A maioria dos mortos morreu intoxicada por monóxido de carbono, enquanto outras vítimas se jogaram pela janela.

"Hoje, a nossa querida Odessa foi atingida. Manifestantes pacíficos foram atacados por aqueles que querem transformar a Ucrânia em uma zona de guerra e desmantelar o país", havia protestado Yulia Timoshenko, ex-primeira-ministra e candidata à eleição presidencial prevista para 25 de maio, antes do anúncio do incêndio.

O avanço da insurreição na Ucrânia começou exatamente no sul, depois da rápida anexação da península da Crimeia à Federação Russa, em março. O temor agora é que os movimentos separatistas do leste voltem para aquela região.

Já em Slaviansk, a ofensiva militar iniciada durante a madrugada (01h30 GMT, 22h30 de quinta em Brasília) nesse reduto rebelde e na localidade próxima de Kramatorsk deixou "muitos mortos e feridos" entre os ativistas, declarou o presidente interino em um discurso à nação.

Perto de Slaviansk, dois soldados ucranianos foram mortos durante "intensos combates" com militantes separatistas, de acordo com o Ministério da Defesa.


"Um grupo de extremistas armados atacou os militares ucranianos da 95ª Brigada Aerotransportada (...) Intensos combates foram travados. Dois soldados ucranianos morreram", indicou o ministério em um comunicado.

O presidente interino ucraniano pediu que a Rússia "pare com a histeria, as ameaças e a intimidação" em torno dos acontecimentos na Ucrânia.

Diante desta "grave escalada de violência no leste da Ucrânia", a Rússia convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, programada para esta tarde em Nova York, informaram diplomatas.

Nesta sexta, o Exército tomou o controle de nove postos de controle que estavam em poder dos separatistas, segundo o Ministério do Interior.

Nas localidades ao redor de Slaviansk, os militares ucranianos foram recebidos com hostilidade pela população local, que gritava "Voltem para casa" e tentavam bloquear a passagem dos veículos blindados, constatou a AFP.

As autoridades ucranianas exigem que os "terroristas libertem os reféns, entreguem suas armas e desocupem os prédios públicos", indicou em sua conta no Facebook o ministro do Interior, Arsen Avakov, que disse estar no lugar dos fatos com o ministro da Defesa, Mihailo Koval.

No início da ofensiva, forças ucranianas perderam dois militares na derrubada dos helicópteros Mi-24, atingidos por lança-foguetes portáteis, segundo o Ministério da Defesa, que acusou "grupos profissionais de sabotagem" e "militares ou mercenários estrangeiros".

A Rússia, acusada por Kiev e pelos países ocidentais de estar por trás do movimento separatista, classificou a ofensiva militar de "operação de represália" e de "golpe mortal no acordo de Genebra", assinado em meados de abril entre Moscou, Kiev e os ocidentais.

Ao apoiar as autoridades de Kiev, "os Estados Unidos e a União Europeia assumem uma grande responsabilidade e bloqueiam de fato a via para uma solução pacífica da crise", denunciou Moscou.

EUA e Alemanha ameaçam com novas sanções

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel, ameaçaram a Rússia nesta sexta com novas sanções que atingiriam determinados setores econômicos, caso a crise na Ucrânia se agrave ainda mais.

Durante uma entrevista coletiva à imprensa na Casa Branca, Obama advertiu Moscou para possíveis sanções "setorizadas", se a eleição presidencial de 25 de maio na Ucrânia for comprometida ou impedida pelos rebeldes pró-russos.

A chanceler alemã advertiu que a Europa está preparada para iniciar uma "terceira etapa" de sanções econômicas contra a Rússia, mesmo diante da oposição de empresários de seu país.

"Estamos preparados para este passo", afirmou Merkel. A segunda etapa afetou indivíduos, enquanto a terceira seria destinada a atingir setores econômicos.

Essas medidas, que especialistas dos Estados Unidos e da Europa já avaliam, teriam como alvo setores como finanças, energia e mineração, vitais para a economia russa.

O presidente americano também pediu que a Rússia ajude na libertação dos observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), mantidos como reféns em Slaviansk.

Os separatistas exigem a saída do governo pró-ocidental instaurado em Kiev após a queda do presidente Viktor Yanukovich, em 22 de fevereiro.

As negociações pela libertação dos 11 homens (sete estrangeiros e quatro ucranianos) ainda não deram resultado.

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