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Ucrânia pós-Yanukovich, um problema sério para a Rússia

A chegada ao poder em Kiev de líderes ávidos por vincular seu futuro à Europa deverá causar problemas para Vladimir Putin

Vladimir Putin, presidente da Rússia: Moscou é o maior parceiro comercial da Ucrânia, que é quase totalmente dependente da Rússia para recursos energéticos (Maxim Shemetov/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2014 às 11h28.

Moscou - A chegada ao poder em Kiev de líderes ávidos por vincular seu futuro à Europa , e não mais à Rússia , deverá causar problemas para Vladimir Putin , que sonha em manter a Ucrânia na órbita de seu país.

Para influenciar a política da Ucrânia , a Rússia dispõe de vários artifícios graças aos fortes laços as economias dos dois países.

Moscou é o maior parceiro comercial da Ucrânia, que é quase totalmente dependente da Rússia para recursos energéticos (Kiev devia 2,7 bilhões de dólares à Rússia no mês passado pelo fornecimento de gás) e quase um quarto do comércio exterior da Ucrânia é destinado ao vizinho.

"A Rússia está preocupada, porque não esperava uma saída tão rápida de Yanukovich. Agora, Moscou está na expectativa, pois aqueles que ele chamava ontem de 'bandidos' agora fazem parte do novo governo", ressalta Alexander Konovalov, do Instituto de Estudos Estratégicos.

O primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, questionou nesta segunda-feira a legitimidade das novas autoridades ucranianas e considerou "uma aberração" o reconhecimento por parte de muitos países do poder surgido de "uma rebelião armada".

"A legitimidade de toda uma série de órgãos (na Ucrânia) cria sérias dúvidas", afirmou, citado por agências russas. "Alguns de nossos sócios ocidentais não acham isso, mas é uma espécie de aberração chamar de legítimo o que, em essência, é o resultado de uma rebelião armada", acrescentou.

A primeira reação oficial russa foi do ministro da Economia Alexei Oulioukaev, que ameaçou aumentar as tarifas alfandegárias sobre os produtos vindos da Ucrânia, caso Kiev opte por uma aproximação da União Europeia.

"Dizemos à Ucrânia: claro, você tem o direito de escolher o seu caminho (...) Mas, neste caso, nós seremos obrigados a aumentar as tarifas sobre as importações", declarou Oulioukaev ao jornal alemão Handelsblatt, sobre o acordo de associação de Kiev com a UE.

A primeira consequência da mudança de poder em Kiev será claramente a assinatura de um acordo com a União Europeia e o abandono do acordo de aproximação com Moscou, assinado pelo presidente deposto Viktor Yanukovich.


Integração europeia, uma prioridade

O presidente ucraniano interino, Olexander Turtchynov, declarou que a integração europeia é "uma prioridade" para a Ucrânia e pediu para que Moscou respeite a "opção europeia" de seu país.

"Estamos prontos para o diálogo com a Rússia, para desenvolver nossas relações em pé de igualdade", acrescentou.

Foi precisamente a desistência no último momento, em novembro passado, da assinatura do acordo com a UE em favor de uma aproximação com a Rússia, que provocou a crise que, finalmente, determinou a queda do presidente Yanukovich.

Nesta segunda-feira, o ministro interino das Finanças, Yuri Kolobov, anunciou que pediu "aos parceiros ocidentais para organizar uma grande conferência internacional de doadores", enquanto a Ucrânia precisa de uma ajuda de US$ 35 bilhões para 2014/2015.

Kolobov não mencionou a ajuda prometida por Moscou a Viktor Yakunovytch - um empréstimo de 15 bilhões de dólares e uma diminuição acentuada nos preços do gás - o que dá a entender que este acordo não é mais válido ou, pelo menos, questionado neste momento.

Na esfera militar, a Rússia também tem com o que se preocupar: com o possível desejo da Ucrânia de integrar a Otan, e com um questionamento do status da base de Sevastopol (Crimeia), onde se encontra a frota russa no Mar Negro, que dá acesso direto à Rússia para o Mediterrâneo.

"É possível que a Rússia continue a sua assistência econômica para Kiev, mas isso vai depender do cumprimento do acordo sobre a frota do Mar Negro, a ausência de negociações com a Otan e do respeito aos direitos da população russa na Ucrânia", considera o analista Fyodor Lukyanov, da revista A Rússia na política mundial.

Finalmente, a atual situação da Ucrânia, "país irmão da Rússia", de acordo com uma fórmula usada por Vladimir Putin, coloca um ponto final ao sonho do presidente russo de estabelecer uma união econômica com os países da ex-URSS capaz de competir não só com a União Europeia, mas também com os Estados Unidos e a China.

Este projeto - um dos principais objetivos do governo de 14 anos do presidente Putin, de acordo com muitos observadores - não teria sentido, na ausência da Ucrânia, um país de 46 milhões de habitantes, com um enorme potencial agrícola e industrial.

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Para influenciar a política da Ucrânia , a Rússia dispõe de vários artifícios graças aos fortes laços as economias dos dois países.

Moscou é o maior parceiro comercial da Ucrânia, que é quase totalmente dependente da Rússia para recursos energéticos (Kiev devia 2,7 bilhões de dólares à Rússia no mês passado pelo fornecimento de gás) e quase um quarto do comércio exterior da Ucrânia é destinado ao vizinho.

"A Rússia está preocupada, porque não esperava uma saída tão rápida de Yanukovich. Agora, Moscou está na expectativa, pois aqueles que ele chamava ontem de 'bandidos' agora fazem parte do novo governo", ressalta Alexander Konovalov, do Instituto de Estudos Estratégicos.

O primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, questionou nesta segunda-feira a legitimidade das novas autoridades ucranianas e considerou "uma aberração" o reconhecimento por parte de muitos países do poder surgido de "uma rebelião armada".

"A legitimidade de toda uma série de órgãos (na Ucrânia) cria sérias dúvidas", afirmou, citado por agências russas. "Alguns de nossos sócios ocidentais não acham isso, mas é uma espécie de aberração chamar de legítimo o que, em essência, é o resultado de uma rebelião armada", acrescentou.

A primeira reação oficial russa foi do ministro da Economia Alexei Oulioukaev, que ameaçou aumentar as tarifas alfandegárias sobre os produtos vindos da Ucrânia, caso Kiev opte por uma aproximação da União Europeia.

"Dizemos à Ucrânia: claro, você tem o direito de escolher o seu caminho (...) Mas, neste caso, nós seremos obrigados a aumentar as tarifas sobre as importações", declarou Oulioukaev ao jornal alemão Handelsblatt, sobre o acordo de associação de Kiev com a UE.

A primeira consequência da mudança de poder em Kiev será claramente a assinatura de um acordo com a União Europeia e o abandono do acordo de aproximação com Moscou, assinado pelo presidente deposto Viktor Yanukovich.


Integração europeia, uma prioridade

O presidente ucraniano interino, Olexander Turtchynov, declarou que a integração europeia é "uma prioridade" para a Ucrânia e pediu para que Moscou respeite a "opção europeia" de seu país.

"Estamos prontos para o diálogo com a Rússia, para desenvolver nossas relações em pé de igualdade", acrescentou.

Foi precisamente a desistência no último momento, em novembro passado, da assinatura do acordo com a UE em favor de uma aproximação com a Rússia, que provocou a crise que, finalmente, determinou a queda do presidente Yanukovich.

Nesta segunda-feira, o ministro interino das Finanças, Yuri Kolobov, anunciou que pediu "aos parceiros ocidentais para organizar uma grande conferência internacional de doadores", enquanto a Ucrânia precisa de uma ajuda de US$ 35 bilhões para 2014/2015.

Kolobov não mencionou a ajuda prometida por Moscou a Viktor Yakunovytch - um empréstimo de 15 bilhões de dólares e uma diminuição acentuada nos preços do gás - o que dá a entender que este acordo não é mais válido ou, pelo menos, questionado neste momento.

Na esfera militar, a Rússia também tem com o que se preocupar: com o possível desejo da Ucrânia de integrar a Otan, e com um questionamento do status da base de Sevastopol (Crimeia), onde se encontra a frota russa no Mar Negro, que dá acesso direto à Rússia para o Mediterrâneo.

"É possível que a Rússia continue a sua assistência econômica para Kiev, mas isso vai depender do cumprimento do acordo sobre a frota do Mar Negro, a ausência de negociações com a Otan e do respeito aos direitos da população russa na Ucrânia", considera o analista Fyodor Lukyanov, da revista A Rússia na política mundial.

Finalmente, a atual situação da Ucrânia, "país irmão da Rússia", de acordo com uma fórmula usada por Vladimir Putin, coloca um ponto final ao sonho do presidente russo de estabelecer uma união econômica com os países da ex-URSS capaz de competir não só com a União Europeia, mas também com os Estados Unidos e a China.

Este projeto - um dos principais objetivos do governo de 14 anos do presidente Putin, de acordo com muitos observadores - não teria sentido, na ausência da Ucrânia, um país de 46 milhões de habitantes, com um enorme potencial agrícola e industrial.

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