Ucrânia pede US$ 38 bilhões em ajuda financeira
Zelensky orientou os participantes a "tomar uma decisão de preencher o buraco no déficit orçamentário ucraniano" até 2023
AFP
Publicado em 25 de outubro de 2022 às 12h40.
Última atualização em 25 de outubro de 2022 às 12h55.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky , pediu nesta terça-feira, 25, ajuda financeira à comunidade internacional para cobrir o déficit orçamentário de US$ 38 bilhões que se espera devido à invasão russa, enquanto os combates continuam em Bakhmut (leste).
Em um discurso gravado em vídeo para responsáveis políticos e especialistas reunidos em Berlim à margem de uma conferência internacional dedicada à reconstrução da Ucrânia, Zelensky exortou os participantes a "tomar uma decisão de preencher o buraco no déficit orçamentário ucraniano" até 2023.
"É uma quantia muito importante de US$ 38 bilhões [...], são os salários dos professores, médicos, benefícios sociais, aposentadorias", disse ele.
Por sua vez, o chefe do governo alemão, Olaf Scholz, pediu que a reconstrução comece imediatamente e considerou que "o que está em jogo é nada menos que a criação de um novo Plano Marshall para o século 21".
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que também compareceu à reunião, chamou de "desconcertante" o alcance da destruição na Ucrânia.
"O Banco Mundial estima que o custo dos danos será de € 350 bilhões [ US$ 345 bilhões ], e isso é mais do que um país ou uma união pode fornecer por conta própria. Precisamos de todos", disse.
Em Londres, durante seu primeiro discurso em Downing Street, o novo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, denunciou "a terrível guerra" que a Rússia está travando na Ucrânia e expressou seu apoio a Kiev.
Zelensky foi rápido em responder no Twitter, parabenizando-o por sua recente nomeação e declarando-se "pronto" para "fortalecer ainda mais" os laços entre a Ucrânia e o Reino Unido.
Presidente alemão em Kiev
A conferência em Berlim começou assim que o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier chegou em Kiev para sua primeira visita à Ucrânia.
Steinmeier afirmou que estava "ansioso pelo [ seu ] encontro" com Zelensky e "com o povo do norte do país", para onde foi para "ter uma ideia da vida em meio à guerra", segundo o texto enviado por seu porta-voz, Cerstin Gammelin.
Antes de se encontrar com seu homólogo ucraniano, o presidente alemão deve visitar a pequena cidade de Korjukiwa, perto da fronteira com Belarus, que já esteve ocupada por tropas russas.
A visita de Steinmeier, inicialmente planejada para uma semana atrás, foi cancelada por motivos de segurança.
Desde 10 de outubro a capital ucraniana é bombardeada por mísseis e drones russos de fabricação iraniana, que visam principalmente infraestruturas de energia, causando uma dúzia de mortes.
Esta série de atentados levou a operadora nacional Ukrenergo a impor "restrições ao consumo de energia em todas as regiões".
Civis mortos em Bakhmut
No terreno, após oito meses de conflito, os combates continuam intensos, principalmente em Bakhmut, uma cidade na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, que o Exército russo tenta conquistar.
Na cidade, pelo menos sete civis morreram e três ficaram feridos na segunda-feira, segundo o governador regional, Pavlo Kyrylenko, no Telegram.
Nesta terça, em um bairro residencial de Bakhmut, havia manchas de sangue no chão, após o que os moradores descreveram como um ataque mortal, ocorrido no dia anterior.
"Aqui encontrei um corpo sem cabeça. Estou em choque", contou Sergii, de 58 anos, que preferiu não fornecer seu sobrenome. "Era um homem. Ele estava apenas andando na rua", acrescentou.
Pela manhã, muita fumaça emanava da cidade, observaram jornalistas da AFP.
"Houve avanços à noite, mas não podemos dar detalhes no momento, a situação é complicada", contou à AFP um soldado ucraniano envolvido na defesa do município, pedindo anonimato.
No sul da Ucrânia, autoridades pró-Rússia na cidade de Melitopol, controlada pelas forças de Moscou, anunciaram que um carro-bomba explodiu perto de escritórios da mídia local, ferindo cinco pessoas.
Na região de Kherson, no sul da Ucrânia, diante do avanço das forças de Kiev, civis continuam sendo retirados nesta terça-feira, segundo autoridades pró-Rússia.
"Até 24 de outubro, 22.367 habitantes da região de Kherson foram transferidos para a margem esquerda do Dnieper [ rio ]", informou a administração pró-russa de ocupação, que afirmou que prevê que "cerca de 50 mil pessoas" deixarão a região "em um futuro próximo".
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